Ayla

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Aidan acordou ainda de madrugada, não conseguia dormir por tanto tempo, resultado de anos de treinamento pesado do exército, podia ficar até uma semana sem dormir, dias sem comer, e apenas algumas horas de sono era o suficiente para se recuperar. Saiu a procura do café da manhã, apanhou algumas frutas de uma macieira ali perto e voltou a caverna, o sol já nascia e Ayla despertou.
- Onde conseguiu essas maçãs? Roubou de alguém?
- Sim, matei algumas pessoas e roubei delas.
- Não duvido, vindo de você.
- Achei uma macieira aqui perto, apanhei de lá.
- Estão bem suculentas.
- Ayla, ontem a noite estava pensando, sinto que conheço você há muito tempo.
- Sim, eu também sinto o mesmo.
- Mas eu não sei nada sobre você.
- Eu fui criada no Monastério de Sartre...
- Aquele que misteriosamente foi destruído? - Interrompeu Aidan.
- Esse mesmo, fui criada lá para ser uma sacerdotisa, mas no dia em que fui receber o título, nós fomos atacados por espectros. Esses espectros eram fortes e não pudemos fazer muita coisa, mesmo sendo a nossa especialidade combate-los, mas foi ai que algo muito estranho aconteceu. A última coisa que eu me lembro foi de uma figura se formando na minha frente, era de uma mulher, alta com cabelos vermelhos, e ela sussurrou algo para mim, "ajude-me" - Ayla começou a tremer e a suar frio - Depois não me lembro de muita coisa, acordei e não achei nenhum corpo, somente o monastério destruído, desde então eu sinto que que estou sempre acompanhada, e sempre sinto a mesma sensação de que eu tenho uma missão a cumprir.
- Uma missão?
- Sim, desde então eu sei para onde eu devo ir, o que tenho que fazer, até soube quem é você, mesmo que eu nunca tenha te visto antes.
- Isso te faz ainda mais estranha.
- Cala a boca, idiota.
- E aqueles fanáticos?
- Sou perseguida por eles desde o ocorrido no monastério, não tenho ideia do porque.
- Que vida agitada para uma garotinha.
- Garotinha? Não sou mais garotinha, já tenho 16 anos.
- É uma garota ainda.
- Vou atear fogo em você.
- Ayla, eu sou um antigo general de um reino que acabou de cair, minha vida não tem mais propósito, mas eu sinto que devo te ajudar desde o nosso encontro.
- Sim, então temos que ir agora.
- Para onde?
- As ruínas elficas, ao norte.
- O que tem lá?
- Não sei, mas é pra lá que devemos ir.
Após ter tomado o café da manhã, os dois seguiram para as ruínas elficas do norte, o que seria o próximo destino dos dois segundo as visões de Ayla.
- O que terá naquelas ruínas? - Ayla perguntava.
- Não sei, melhor não pensar muito nisso, vai atrair coisas ruins.
Os dois caminharam até chegaram no início de uma floresta, seguiram adentro até visualizar um altar de pedra que dava continuidade a algumas construções de pedras esculpidas com diversos símbolos estranhos.
- Esse altar, eu já vi ele.
- Ayla, fique por perto, não estamos sozinhos.
- Agora que você disse, o chão parece estar tremendo um pouco.
Aidan e Ayla se entreolharam, sentiram passos fortes na terra que foram aumentando os tremores e foram se aproximando cada vez mais.
- Ayla, para trás.
- Pode deixar - Disse Ayla se afastando e conjurando sua magia.
Entre as árvores, uma criatura bípede de aproximadamente 3 metros de revelou, corpo negro coberto de pelos, garras afiadas, uma cabeça de cachorro ostentando chifres e presas grandes e afiadas.
- Aidan, que diabos é isso?
- É um Metamorfo, lembro que já matei um desses com uma aparência de porco - Aidan ria enquanto lembrava dos grunhidos da falecida criatura.
Aidan desembainhou a espada e avançou na criatura, que se preparava para a batalha também. Aidan se desviou das garras do monstro, eram mais rápidas do que o último que enfrentou, mas com êxito conseguiu cortar profundamente o tornozelo da criatura, limitando sua movimentação.
- Ayla, congele as mãos dele!
Ayla começou a conjurar sua magia, e esferas de gelo foram se formando nas garras. Aidan aproveitou a distração do monstro e desferiu outro golpe cortante em seu tornozelo, fazendo-o se ajoelhar, a criatura tentava acertar Aidan com as garras imobilizadas. O guerreiro conseguiu acertar vários golpes nos dois braços, a besta ficava cada vez mais agitada, consequentemente aumentando a velocidade dos ataques, Aidan se esquivou de todos, mas pisou em um musgo que o fez escorregar, o deixando de joelhos. Essa falha foi percebida pelo monstro, que acertou um golpe em cheio em Aidan com sua mão congelada e dura. Aidan se chocou contra uma parede de pedra, sentiu o gosto de sangue tomando conta do paladar, a respiração ficou pesada e seu corpo estava trêmulo. Com muito esforço, conseguiu se levantar, tentou se aproximar da criatura, se esquivou com dificuldade dos golpes frenéticos do metamorfo, enxergou a brecha e num pulo conseguiu cortar a garganta da criatura, que se debateu no chão. Aidan se aproximou e terminou de cortar a cabeça fora, posteriormente, arrancou seus membros fora e perfurou o coração com a espada.
- Pronto, acho que assim ele não vai se regenerar.
- Regenerar?
- Sim, metamorfos tem um grande potencial de cura, melhor sempre evitar combate com eles.
- Estranho ouvir isso vindo de alguém que sorriu antes de matar um.
- Já estou acostumado, é diferente.
Aidan estava cansado pelo forte impacto do golpe, um único foi capaz de deixá-lo de joelhos. Ayla conjurou sua magia de cura, aos poucos o brutamontes se recuperou.
- Obrigado Ayla, já me sinto melhor.
- Deveria tomar mais cuidado, poderia ter morrido com aquele golpe.
- Eu sei, mas nunca vi um tão agressivo dessa forma.
- Então o que você tinha matado era um fracote.
- Não tive tanta dificuldade com aquele.
O papo se encerrou quando uma flecha foi lançada dos arbustos próximos, Aidan percebeu antes e conseguiu bloqueá-la, Ayla na mesma velocidade lançou uma forte rajada de vento em direção aos arbustos.
- Mas que merda... - Disse uma voz vinda dos arbustos.
Aidan pulo e agarrou o corpo de alguém, prontamente o imobilizou e colocou a espada sobre o pescoço, antes percebendo uma flecha apontada para a sua cabeça.
- Abaixa o arco - Gritou Ayla com uma bola de fogo em mãos pronta para atirar.
- Larga ele, se não perfuro sua cabeça - Dizia a mulher empunhando o arco.
- Você não ouviu? Abaixa o arco!
- Que tal mantermos a calma? - O homem no chão se pronunciava - Não iremos ganhar nada se estivermos todos mortos.
- Se desfazer essa magia, eu abaixo meu arco.
- Ayla, não faça isso.
- Calado você, se não eu solto essa flecha.
- Desculpe a audácia da minha irmã. Rithal, que tal você abaixar a porra desse arco?
- Calado você também, Bodger, minha negociação é com a garota - Dizia a mulher puxando ainda mais a flecha - E então garota, o que vai ser?
Ayla se amedrontou, mas subitamente o desespero foi embora.
- Você não vai atirar essa flecha.
- Ah, não? Quer apostar?
- Não é assim que acaba - Ayla desfez a magia.
- O que?
Aidan se levantou guardando a espada.
- Seria vergonhoso morrer para dois idiotas numa floresta - Disse estendendo sua mão para Bodger.
- Vergonhoso seria morrer para uma pirralha - Rebateu Rithal.
- A pirralha poderia ter tostado você - Devolveu Ayla.
- Tudo bem, chega de insultos, muito prazer aventureiros, me chamo Bodger e essa é minha irmã, Rithal.
- Não sei se é um prazer, mas me chamo Aidan, e a garota é Ayla.
- E desculpa pela flecha de antes, minha irmã é esquentadinha e achou que vocês teriam algo de valor.
- Vocês são saqueadores?
- Saqueadores é uma palavra forte, nós pegamos emprestados algumas coisas.
- São ladrões então - Rebateu Ayla.
- Chame como quiser - Disse Rithal com o rosto sério.
- Novamente peço desculpa, eu avisei a ela que era melhor não mechermos com vocês, principalmente depois de ver sua luta com essa coisa.
- Bodger, é melhor irmos direto ao ponto.
- Estou indo lentamente, como combinamos, Rithal.
- Precisamos de ajuda, matar um monstro que não conseguimos matar sozinhos, odeio ter que admitir isso - Disse Rithal.
- Porque deveríamos ajudar vocês?
- Aidan, a gente devia ir com eles - Disse Ayla pegando em seu braço.
- Tudo bem, então... que tipo de monstro vocês estão atrás?
- Ótima pergunta, nobre guerreiro, na verdade estamos atrás dele às cegas, ele destruiu nosso vilarejo e há uma grande recompensa pela cabeça dele - Dizia Bodger
- Não tem nenhuma pista?
- Temos, seguimos o rastro e deu numa caverna, mas meu irmão é medroso demais para entrar lá - Dizia Rithal.
- O que diz, Ayla? Devemos ajudar mesmo assim?
- Sim, é por isso que viemos aqui.
- Tudo bem, vocês dois, aguardem no início da floresta, temos que resolver uma coisa.
- Como queira, Sir Aidan.
Os dois se afastaram, Aidan se sentou na grama.
- Ayla, posso pedir um favor?
- Claro que pode.
- Eu entendo se não quiser fazer - Aidan ficou de costas para Ayla e retirou sua camisa, revelando uma grande tatuagem que todos os soldados de Halbem de alto escalão l ostentavam - Quero que faça isso desaparecer.
- Como?
- Use sua magia de fogo.
- Mas porque?
- Eu sou um desertor da guerra, é melhor que eu não tenha mais essa tatuagem.
- Tudo bem, mas não prometo que não vá doer.
- Não te pediria se eu não soubesse.
- Ok, está pronto? - Perguntava Ayla com uma chama acessa na mão direita.
- Sim...

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