Reparo

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Estranhamente, Lilith e Ayla tinham um forte laço, como se fossem irmãs, assim como o laço de Ayla e Aidan, só que mais forte. Os três passaram a noite na cabana velha, quando Aidan despertou, se viu sozinho, as duas haviam levantado cedo e ido para deus sabe onde. O guerreiro se levantou e saiu a procura das duas, pensando sobre o que sua irmã disse e cogitando a possibilidade de não ser mais útil. Alguns passos sobre a grama molhada o fez refletir, lembrou do reino que deveria proteger, caído em ruínas. Seu transe foi quebrado com Ayla o chamando, as duas se aproximavam.
- Demorou para acordar hoje - Disse Ayla.
- Estava cansado.
- Durante esses dias com você, você nunca ficou "cansado".
- Deve ser efeito colateral do teletransporte - Dizia Lilith - É normal, mas já se sente bem, não é?
- Sim, irmã, obrigado por se importar comigo.
- Aidan, temos um favor para pedir a você - Iniciou Ayla.
- O que eu tenho que matar agora?
- O Jardim Cinzento, ele é protegido por anjos.
- Se anjos estão tomando conta desse lugar, então deve permanecer assim.
- Seria, se os anjos não tivessem sido corrompidos pelas trevas - Disse Lilith.
- Sim, Aidan, um exemplo disso é Yzael, ele é o Arcanjo Supremo agora e não tem boas intenções.
- Estou muito confuso agora, Yzael queria você, Ayla, e vocês querem ressuscitar essa deusa que ninguém nunca ouviu falar, acho que prefiro confiar nos anjos - Disse o guerreiro se sentando em uma pedra próxima.
- Você é um cabeça dura, nunca consegue entender a gravidade das coisas, não é? - Esbravejou Lilith.
- Calada.
- Precisamos da sua ajuda Aidan, foi por isso que estivemos juntos até agora, sua vida tem um propósito depois de tantos anos servindo as arrogância de um rei egoísta, não desperdice.
Por um momento, apenas o barulho da única árvore ali perto era audível, as folhas balançando ao vento e Aidan, pensativo.
- Tudo bem, eu ajudo vocês - Dizia Aidan, despertando uma imensa alegria nas duas garotas - Mas preciso resolver algumas coisas antes, arrumar roupas novas, reparar minha espada.
- Tudo bem, eu e Ayla temos alguns preparativos para fazer, tem uma cidade próxima, fica a duas horas ao oeste, melhor ir agora - Disse Lilith.
- Ok, vou partir agora e vocês duas se cuidem.
Os três se despediram, Lilith e Ayla voltaram a cabana e Aidan seguiu rumo a cidade. Depois de duas horas de caminhada, Aidan já via a silhueta da cidade, e uma placa a sua frente indicando outros caminhos, ao norte a floresta, ao sul a caverna e a oeste a cidade de Iana uma famosa cidade de comerciantes, ficava no meio da fronteira de Halbem e Pykor, onde se achava produtos únicos que não havia em nenhum outro lugar do mundo. Já na cidade, Aidan procurou o ferreiro, a cidade estava movimentada e boatos sobre a queda da capital ecoava em todos os cantos. Aidan estava faminto, parou em uma barraca de pães, retirou algumas moedas do bolso para pagar o vendedor. Aidan sentiu algo pontiagudo em suas costas.
- Passe as moedas para cá - Dizia uma voz atrás deles.
Aidan rapidamente se virou e agarrou a mão do indivíduo, que rapidamente passou a adaga para a outra mão, que velozmente foi agarrada também por Aidan, que o empurrou fazendo se chocar contra a parede, fazendo-o cair no chão.
- Está em forma - Dizia o homem caído.
- E você continua sorrateiro, Markus.
Aidan estendeu a mão e o homem no chão a pegou, se levantando, os dois se abraçaram.
- Há quanto tempo, o que o general...
Aidan tapou a boca de Markus e o empurrou para o beco.
- Que merda Aidan!
- Desculpe, mas é melhor não me chamar assim perto das pessoas.
- Isso teria haver com a queda da capital que todos estão comentando?
- Sim...
- O que ocorreu?
- O rei queria atacar a base de orcs que estava crescendo muito, eles eram metade, mas mesmo assim estraçalhou as tropas que o rei mandou. Logo depois eles atacaram e não conseguimos defender, agora eu sou um desertor e o rei provavelmente deve estar morto.
- Faz menos de uma semana isso, o rei não está morto, a população da capital está sendo mantida escrava e o terror dos orcs está se espalhando rapidamente pelo país.
- Que merda...
- É bom ver você, o que ficou fazendo nesse tempo?
- Andando por aí - Aidan achou melhor não mencionar Ayla - Sem rumo.
- Agora sabendo que o povo que você defendia está sendo escravizado, devo supor que você irá arrumar essa merda?
- Sim...
- Eu te acompanharei, dois desertores rumo a salvação do país.
- Mas antes preciso de roupas e uma arma nova.
- Sei onde encontrar.
Markus guiou Aidan pelos braços da capital até chegar em uma cabana afastada na periferia da cidade. Os dois se aproximaram onde estava um senhor batendo o martelo na bigorna.
- Com licença - Markus repetiu mais três vezes até o ferreiro ouvir.
- Olá Markus, faz muito tempo que não vem aqui - Disse o ferreiro se aproximando e limpando as mãos no avental - Trouxe visita hoje.
O ferreiro se aproximou de Aidan, os olhos dele eram brancos como a neve e as mãos dele tocaram o peito de Aidan. O velho fez uma expressão de indecisão.
- Interessante, no que posso ajudar, meu bom rapaz?
- Preciso de uma espada nova que corte qualquer coisa e uma armadura que defenda qualquer ataque e que não restrinja meus movimentos.
- Você está brincando comigo, não é? - O velho soltou uma estridente risada - Eu não tenho nada disso aqui, e duvido que vá encontrar isso em algum lugar dessa cidade.
- Perfeito, vamos Markus.
- Mas eu posso forjar algo do tipo para você, só preciso de alguns materiais.
- Que tipo de materiais?
- Na floresta, no lago que fica no centro, há uma serpente marinha que há tempos aterroriza aqueles lados.
- Serpente de Luvar - Sussurrou Markus.
- Traga-me seus dentes, então forjarei a melhor espada que seus olhos viram, e traga-me sua pele, verei o que posso fazer com ela.
- Certo, Markus, me leve até esse lago.
- Como quiser, amigo.

O Arauto Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora