- Ei, já estamos andando há quanto tempo? - Dizia Bodger com dificuldade.
- Estamos andando há três dias, já estaríamos na Catedral se você não fosse um molenga que pede uma pausa a cada 15 minutos - Replicou Rithal irritada.
- Ela tem razão - Aidan balançou a cabeça em prol da fala da arqueira.
- Peguem leve comigo, por favor, não sou resistente igual a vocês - Bodger tentou se explicar.
- Você reclama tanto, se andasse na mesma frequência que fala, a gente já teria ido e voltado duas vezes - Ayla decidiu se juntar a conversa.
- Três contra um, não vale.
- Aceita irmãozinho, você é um bundão - Dizia a arqueira.
- Um bundão útil, tenho que dizer - Aidan riu.
Logo eles começaram a subir um morro, Bodger quase rolou subida abaixo, sem força nas pernas, mas com muito custo ele se juntou ao topo com o resto do bando.
- Aquela é a Catedral - Aidan olhava desconfiado - Não sei o que pensar desse lugar, me dá calafrios.
- Precisamos ir Aidan - Ayla segurou o grande braço do brutamontes - A Catedral é o nosso próximo destino.
- Eu vou entrar, mas estou desconfiado, não sei se é uma boa idéia a gente entrar ali.
- Um homem desse está com medo de entrar numa catedralzinha? Pode ir correndo para a mamãe se quiser.
- Que tal eu costurar a sua boca pra você nunca mais falar?
- Pode tentar, idiota, vou incinerar você antes que toque em mim.
- Com esse foguinho? Ha ha!
- Vão ficar aí brincando até quando? - Rithal tomou a frente enquanto encarava Aidan e Ayla.
O grupo seguiu o caminho até chegar na entrada da catedral, onde foram recebido por três homens totalmente cobertos por uma túnica roxa.
- O que estão fazendo aqui? - Um deles se aproximou
- Viemos pegar uma recompensa em troca da cabeça de um Ancião - Rithal tomou a frente.
- Um Ancião? Vocês estão dizendo que mataram um Ancião?
- Isso mesmo.
- Pois bem, onde está a cabeça dele? - Disse o outro homem rindo, achando que era piada.
Aidan tirou o saco de suas costas e jogou nos pés do homem, a cabeça dentro do saco rolou três vezes até parar, o odor fétido da criatura morta há três dias fez um dos homens vomitarem, o os outros dois taparam o nariz.
- Nossa recompensa, por favor - Disse Aidan.
- Vocês dois, peguem isso e levem ao subsolo, vocês quatro podem me seguir, por favor.
Os dois homens levaram a cabeça do monstro com dificuldade, enquanto o outro fez o sinal para o seguir. O pátio da catedral era iluminado por uma fogueira com chamas azuis que iluminava mais do que um fogo comum, ninguém conseguia encarar aquela chama anormal por muito tempo, os olhos ardiam e não aguentavam tamanho brilho. Os dois homens jogaram a cabeça do Ancião nesta fogueira, e em pouco segundo, a chama consumiu até os ossos do crânio da falecida criatura, sem deixar nenhuma cinza.
- O que tem nesse fogo? É diferente - Perguntou Ayla com a mão apertando o braço de Aidan, aquela chama era familiar para ela.
- É fogo divino, Yzael, o anjo da purificação nos presentou para aniquilar os requisitos de monstros para livrar o mundo da presença deles.
- Aidan, esse fogo me parece familiar.
- Calma garota, em breve sairemos daqui e conversamos sobre isso.
O homem de roxo parou em frente a um portão grande e empurrou com força com as duas mãos, apenas um impulso foi necessário e o portão abriu sozinho. Ele os guiou para o hall principal, onde havia uma roda de oração, cinco homens com a túnica roxa estavam ajoelhados em volta de um homem com a pele negra, careca e com várias cicatrizes, o mesmo percebeu a presença do quarteto.
- Estava aguardando vocês, aventureiros - Dizia o homem se virando e quebrando a corrente de orações.
Os cinco homens ajoelhados se levantaram, parando suas orações e ficaram parados olhando para o grupo. O homem careca se aproximou.
- Eu te conheço de alguma lugar - Disse Aidan com incerteza no rosto.
- E eu conheço todos vocês, Aidan, Ayla, Rithal e Bodger, é um prazer conhecê-los pessoalmente.
- Como conhece a gente? - Rithal perguntou com muita curiosidade.
- Yzael me deu um prelúdio desse momento. Enfim, vocês mataram uma horrenda criatura e obviamente vieram atrás da recompensa.
- Isso mesmo - Bodger falou com felicidade - 100 moedas de ouro.
O homem fez um gesto com os dedos levantando seu braço e trouxeram um pequeno saco pesado com as prometidas 100 moedas de ouro. Bodger pegou o saco e conferiu, logo os guardando.
- Então já vamos indo - Aidan falou e se virou.
O ex general então se virou e percebeu que o grupo estava cercado dos sacerdotes.
- Eu tenho um pedido a fazer para vocês.
- O que seria? - Aidan o encarou, só agora percebendo um azul fulminante vindo dos olhos do homem.
- A garota, entregue ela.
- Não.
- Se não entregá-la, pegaremos a força.
Aidan sacou a espada, Rithal armou o arco e Ayla conjurou sua magia, todos ficaram de costas um para os outros enquanto os inúmeros inimigos empunhavam suas clavas de metal.
- É melhor não resistirem, será pior, entregue a garota e vocês saíram ilesos.
- O que vocês fanáticos querem com ela? - Gritou Aidan.
- Nós não a queremos, Yzael a quer, o desejo dele deve ser cumprido.
- Então pode mandar ele se foder e enfiar esse desejo você sabe muito bem aonde - Rithal disse disparando uma flecha em direção ao homem, que conjurou um escudo de plasma quebrando facilmente a flecha.
- Vocês tiveram sua chance.
O homem fez o sinal para todos atacarem, uma multidão partiu para cima deles, mas um estrondo fez toda a Catedral tremer, voltando a atenção de todos para o pequeno terremoto, então uma mulher de cabelos negros surge diante de todos, e como num passe de mágica, tirou os quatro de lá, salvando a vida deles.
- Mas o que? Onde estão eles? - Gritou um dos homens.
- Calma homens, eles voltaram a nós, sucumbidos pelo desespero e pela derrota... Eles voltaram.A chuva caia forte sobre o solo, os quatro foram teleportado para uma cabana velha de madeira.
- Mas que merda - Falaram todos quase ao mesmo tempo.
- Vocês iam ser massacrados lá, ainda bem que consegui aparecer por lá a tempo.
- E quem diabos seria você? - Esbravejou Rithal
- Lilith - Sussurrou Aidan e todos os olhares se voltaram para ele.
- Há quanto tempo, irmãozinho, sentiu saudades?
Todos arregalaram os olhos, surpresos.
- Vinte anos, não é?
- Estou admirada que me reconheceu, achei que seu cérebro não funcionasse muito bem, depois que resolveu entrar no exército daquele reino nojento.
- O que ficou fazendo esse tempo todo?
- Estudando, Aidan , estudei e aprendi magia, aliás, de nada por salvar a sua vida que não vale nada, você devia ter morrido lá.
- Se quer tanto que eu morra, porque me salvou?
- Eu queria salvar apenas a garota, mas minha magia abrange uma pequena área, vocês estavam nela e então três idiotas vieram de brinde.
- Primeiramente, obrigado por nos salvar, segundamente, muito prazer, sou Bodger.
- Muito prazer, Bodger.
- Uma pergunta, onde estamos?
- Na fronteira de Halbem e Pykor.
- Pykor - Sussurrou Rithal - Temos muitas perguntas, mas é melhor deixá-los a sós, Aidan, muito obrigado pela sua ajuda, seremos eternamente gratos por isso, mas eu e Bodger precisamos voltar a nossa terra e ajudar nossa família, viemos para essa terra suja somente para isso.
- Então são naturais de Pykor? Que surpresa - Exclamou Ayla.
- Acho melhor ir andando, temos um eterna dívida com vocês dois, Aidan e Ayla, se um dia precisar da nossa ajuda, basta ir ao Distrito Vermelho da capital.
- Lembrarei disso, Rithal, agradeço a companhia de vocês.
Os quatro se despediram, Rithal e Bodger iniciaram sua viagem rumo a sua casa, deixando apenas Aidan, Ayla e Lilith na velha cabana.
- Então você desenvolveu a habilidade de fazer amigos, impressionante - Lilith indagou.
- Calada.
- Então você é Ayla - Lilith se ajoelhou - Muito prazer em conhecê-la.
- Muito prazer Lilith, porque você nos salvou?
- Essa é uma longa história, mas saiba que estou aqui para ajudar você.
- Por algum motivo, eu sei que posso confiar em você.
- Por anos eu estudei a Magia Perdida, e isso me levou até você. Eu estive no Monastério de Sartre, eu vi a mesma coisa que você viu, eu sei que você tem muitas perguntas, e eu tenho algumas respostas.
- Então nós três, de alguma forma, estamos ligados? - Perguntou Aidan confuso.
- Sim, irmãozinho. Ayla, você diz que sente alguém te acompanhando, este alguém é Zayah, ou o que restou dos poderes dela.
- Zayah? - Indagou Ayla.
- Sim, ela faz parte dos Deuses Primordiais, foi a última a perecer na Guerra de Yvir.
- A tal guerra de mil anos que deu origem ao mundo? Quanta baboseira.
- Aidan! - Gritou Ayla, brava - Pelo menos escute.
Aidan ficou calado para o resto da conversa.
- Só porque você é tão burro a ponto de duvidar de seres divinos, não quer dizer que seja baboseira, Aidan. Ayla, o mínimo contato que você teve com Zayah te proporcionou um pequeno poder, com ele, você deve auxiliar em sua ressurreição.
- Então todo o caminho que percorri até agora, era ela me dizendo para onde devo ir?
- Sim, há alguns dias eu tive contato com ela também e me proporcionou o mesmo poder que você, só que mais ampliado, você não precisa mais ficar correndo em círculos, eu sei para onde deve ir.
- Para onde?
- Para o Jardim Cinzento.
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O Arauto Do Caos
FantastikAcompanhamos a trajetória de Aidan, um general que durante uma guerra, desertou, para ele a vitória estava distante e para se salvar, fugiu até o fogo da guerra não lhe alcançar mais. Mas o destino cruzou seu caminho com Ayla, uma sacerdotisa mister...