Capítulo - II

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- Você quer falar sobre o casamento? - sua voz era carregada de receio.
- Eu não tenho problemas com isso, se é o que quer saber, entendo perfeitamente que isso é uma responsabilidade que terei que assumir. E irei levar isso a fundo.
- O que quer dizer com isso? - ela passava o pente com cuidado em meus fios.
- Bom...
POV's Mitsui Mahina
- Bom... - dividi sei cabelo em pedaços pequenos, estava com tanto nó, mas ainda sim era lindo, assim como o dono. - Eu vou conquistar cada canto do seu coração, vou fazê-la feliz, como nenhum outro lobo fez. Será minha rainha, então eu irei ama-la, dar-lhe todo o amor que tenho guardado e lhe tratar como toda mulher quer ser tratada.
- Mas... - não tinha coragem de falar que nunca me relacionei com ninguém, mal saia do castelo branco, só quando conseguia fugir.
- Mas? Continue lobinha.
- Eu nunca me relacionei com ninguém, papai nunca me deixou sair do castelo sem pelo menos vinte guardas ao meu redor. - sussurrei baixinho, morrendo de vergonha. Ele deve me achar uma boba, talvez até desista de levar isso a fundo
- E o que isso tem a ver com nosso casamento e o assunto? - ele virou para me olhar, o olhei feio por me atrapalhar. - Eu já estava imaginando. Entenda princesa, você ser virgem ou nunca ter beijado na boca, não muda minhas palavras ou pensamentos. - grosso!
- Desculpe!
- E grande também! - o olhei, deve estar ficando debiloide e falando sozinho.
- O que disse?
- Oras! Você me chamou de grosso, sou grosso e grande também. É um pouco clichê, mas eu posso ouvir pensamentos, é um tanto nojento poder ouvir isto, pois tem vezes que escuto os dos meus pais ou do Madara, são pensamentos que me dão ânsia. Perdão invadir sua mente assim, mas são como vozes saindo de você. - um sorriso pervertido surgiu em seus lábios.
- Pervertido! Pode tirar esse sorriso do rosto! - resmunguei e seu sorriso aumentou. - Vou deixar seus cabelos igual o ninho de ratos que está! - ameacei e seu sorriso sumiu. Voltei a pentear seu cabelo. - Você lavou isso? Tá ruim de mais pra pentear.
- Mas precisa lavar? Eu sempre molhei e passei o pente, não consegui nos últimos dias, pois estava no fim de uma guerra, fiquei ajudando os feridos e buscando alimentos. Vampiros não ficam suados, só quando fazemos sexo.
- Sim, precisa lavar, a menos que goste de dreads.
- E agora?
- Eu posso tentar passar um creme? As vezes melhora. - ele assentiu.
Me distanciei dele, apanhei meu creme para pentear que estava na penteadeira que haviam colocado no quarto para mim. Despejei um pouco na mão, logo voltando ao trabalho, admirando o tamanho de suas madeixas, não eram enormes como meus cabelos, os cabelos de Itachi batiam pouca coisa abaixo de sua garganta, eram tão negros quanto os lençóis de sua cama. Assim que ele chegou eu pude notar o brilho intenso que eles tinham, mesmo que estivessem com alguns nós, um pouco grandes, ainda sim mantinham seu formato. Eu já tinha ouvido falar que o príncipe Itachi conquistava suas amantes pelo seu belo cabelo, eu nunca tinha visto um retrato dele ate me mudar para o castelo negro, havia um quadro só dele em uma parte do extenso corredor de quartos, assim que o vi, não achei fosse que não possível alguém ter tamanha beleza, achei até que o pintor do quadro tivesse feito alguma coisa para torná-lo mais bonito. Eu passei quatro anos no castelo negro, esperando ele retornar da grande guerra, ficava imaginando como ele era de perto, era estranho, pois eu não acreditava que ele era tão lindo, embora sua mãe vivesse o elogiando, eu sempre achei que ele fosse um metido por ser tão querido dentro de casa. Mas assim que soube de sua honra, mudei meu pensamento sobre seu comportamento, mas sobre sua beleza eu só pude ter a certeza quando o vi entrando na sala do trono ao lado de seu irmão. O deuses foram generosos com o clã Uchiha, o quadro da família era o maior de todos, seus pais, seus irmãos, seus avós, tios e primos, eram todos lindos.
- Agradeço os elogios. - ouvi sua voz soar pelo quarto e me assustei, não percebi que já tinha acabado de pentear seus cabelos e esqueci também que ele disse que pode ouvir pensamentos. Poder idiota! - Ei! Isso é bom, assim você não pode mentir para mim. - ele sorriu, virando para me olhar.
- Isso é sem graça! Tem coisas que eu vou querer guardar só para mim! - ele riu, se deitando.
- É só não pensar nessas coisas, Lobinha!
- Mas e se eu quiser lembrar? - me virei, me sentando no banquinho da penteadeira, o olhei pelo espelho.
- Vá para bem longe de mim e lembre, pois eu vou ouvir.
- Então significa que eu não tenho privacidade nem dos meus pensamentos?! - tirei aquela tiara, enfeite, não sei o nome e realmente não me importo, só me vesti assim pois Mikoto implorou, dizendo que seus filhos estavam chegando, só não sabia a hora que eles iriam chegar.
- Sim, a menos que se torne uma humana. Não posso ouvir pensamentos de humanos, o que é quase impossível e um processo extremamente doloroso. - rosnei irritada.
Tirei aquele bendito salto, estava me dando nos nervos já. Sou uma princesa, mas não sou obrigada a gostar de vestidos, saias longas ou saltos enormes. Os vestidos e os saltos que tinha, fora Mikoto que tinha me dado, ela dizia que a falta de mulheres na casa, fazia ela querer me transformar numa boneca, ela nunca teve a chance de ter uma menina e agora com seus filhos grandes, não tinha mais coragem de ter uma menina, pois sabia que seu marido e filhos iriam ser mais possessivos do que o normal. Caminhei até o banheiro, puxando o zíper do vestido enquanto fechava a porta, abri o sutiã tomara que caia que era obrigada a usar com esse vestido, tirei a calcinha e me enfiei no box, abri o registro na água gelada, eu gostava da sensação do frio, era diferente para mim, eu não sentia frio, minha temperatura corporal é acima dos cinquenta graus, quando o tempo esfria, minha temperatura sobe, para eu não sentir frio de jeito nenhum, minha loba não gosta de frio e sempre reclama dentro da minha cabeça quando tomo banho gelado. Comecei a me lavar, pensando em como vou sair só banheiro, esqueci de pegar minhas roupas no closet. Pelos deuses que vergonha! Pior que nem pensar muito eu posso, já que tem um senhor leitor de mentes do outro lado da porta. Sai do box me secando, juntei as roupas dele que estavam jogadas no chão e coloquei junto com as minhas no cesto de roupas sujas, me enrolei toda, abri a porta com todo cuidado do mundo, espiei pela fresta, ele estava na mesma posição, com seu sorriso pervertido no rosto, olhando para a porta. Ele é irritante!
- Eu sei disso, lobinha! Eu disse que te faria feliz, não disse que ia fazer suas vontades. Anda, sai desse banheiro e vai se vestir, não é seguro ficar só de toalha comigo por perto. - minhas bochechas estavam entrando em combustão, causada pelas suas palavras.
- Você é um pervertido!
- Errado, sou um homem sincero. Esta esperando o quê? Não tenho força pra me levantar e ir foder você, não permaneço deitado tem exatamente seis anos. Não vou fazer nada com você... Por hora. - ele sussurrou a última parte desviando seus olhos dos meus.
Sai do banheiro correndo quase na velocidade da luz, entrei no closet e fechei a porta, tirei a toalha do meu corpo, peguei uma calcinha limpa e um pijama, me vesti, fazendo o possível para controlar meus pensamentos, não queria que ele tentasse escutar, ou simplesmente escutasse minha cabeça o xingando. Vesti um robe por cima do pijama e sai do closet de fininho, olhei para o morto vivo na cama, ele estava roncando, definitivamente, deve ser exaustivo permanecer numa guerra por tantos anos e nem poder dormir. Sai do quarto amarrando o robe, andei pelos corredores longos, fui até a grande biblioteca do castelo, dei sorte de estar sozinha no cômodo. A biblioteca era enorme, cabiam três quartos do Itachi aqui, com prateleiras altas, erguidas até o teto, todas cobertas por livros, haviam pufs, sofás e mesas de estudo espalhadas pelo local. Era meu segundo lugar favorito em todo o castelo, o primeiro era o local de treino nos fundos, alguns metros antes da grande floresta, que não invadia a propriedade por conta de seus muros altos, esse castelo é uma enorme fortaleza. Comecei olhando a primeira estante, era enorme, como todas as outras, começava com a letra A, sim, os Uchiha eram bastante organizados, diferente do Clã Mitsui, somos mais ligados em cultos aos nossos Deuses, todos os três últimos dias dos meses eram usados para cultua-los. Os livros começavam por fatos históricos, não quero isso, se quisesse estudar a história do submundo eu voltava para a escola, para aprender tudo de novo, mas isso era a única coisa que eu não queria. Subi na escada móvel até uma das últimas prateleiras da estante A, lendo os títulos, vendo se algo chamava minha atenção. Estiquei meu braço, pegando um livro relativamente fino, comparado aos outros, li o título mentalmente e franziu o cenho, se chamava "A Ascensão do Império Celta".
Desci com ele em mãos e me joguei no puf onde estava meu robe, abri o livro e comecei a "devora-lo". Se tratava de um romance do rei dos lobisomens com uma bruxa, que era mal visto pelos seus pais, eles foram proibidos de permanecerem juntos, pois segundo os patriarcas das duas famílias, o deuses não permitiriam tal união, e então eles decidiram fugir, enfrentando os perigos do mundo fora do reino. Era clichê, mas até que emocionante, me fez perder alguns minutos pensando se os Deuses realmente achavam algo feio, a união de duas raças diferentes, acredito que não, não há a nada nas escrituras antigas, feitas por eles a mão dizendo algo sobre o assunto. Nossos Deuses são muito rigorosos, acho que se fosse algo proíbido ou mal visto, alguém já teria me mostrado algum livro ou pedra escrito tal coisa. Já haviam se passado minutos, talvez horas, quando começo a ler, perco a noção das horas.

Doce Lobinha - Uchiha Itachi Onde histórias criam vida. Descubra agora