The Truth Untold

Capítulo VI

Ver minha mãe partir era terrivelmente doloroso. Era como se perder dos pais no shopping quando se tem uns sete anos. 

O vento, meu quase amigo, abraçava meus ombros como um apoio emocional. Eu não conseguia encarar meus amigos se despedindo de meus pais. As mãos frígidas de minha mãe me despertaram de meus pensamentos.

— A saudade só dói se você pensar demais na pessoa — Ela segurou meus braços com tanto carinho — Pense na sua garota da escola, não em mim.

— Mãe !

Ela estava cismada naquele menina, mesmo eu nunca mais a citando nas conversas.

— Meu filhote tá crescendo !  — Ela agarrou minhas bochechas com força.

— Ainda bem que carreguei minha câmera ! — Jimin riu alto, ajeitando o objeto em suas mãos.

Revirei meus olhos, tentando afastar as lágrimas e bati na câmera do Park, ele bufou.

— Hyung! — Jungkook gritou na defensiva — Uma Cannon dessas é cara !

Eu gesticulei com os ombros abraçando minha mãe que estava rindo.

— Não me abandone com esses doidos, mamãe ! — Murmurei apertando.

Novamente eu estava tentando decorar o seu cheiro e sua voz, seu toque e acolhimento, pois logo meus dias seriam tortuosos como uma masmorra.

Ela se afastou sorrindo.

— Seja o meu adultinho que sempre fora — Ela acariciou minhas bochechas.

Seu toque já me fez falta naquela mesma tarde, seu perfume não se passou de um delírio a noite, e sua voz uma sombra no dia seguinte. 

Depois de três dias após sua viagem ela não ligou.

༄

Eu estava no chão. Não sentia meu pés ou minhas pernas, apenas dor irradiava por meu corpo. Apenas arrependimento sobrevoava minha mente.

Kwon ria de minhas expressões e me chutava no meio do corredor como sempre. Só mais um dia como qualquer outro, mas uma hora como qualquer outra. O que eu poderia fazer além de chorar e aguentar ?

Acredito que o que me deixou sem reação na verdade foi ver minha mãe no final do corredor. Meus olhos estavam embaçados, mas eu tinha certeza que  havia sentido seu cheiro e ouvido sua voz. Devo estar louco. Kwon bateu minha cabeça com muita força, era a única explicação.

— Acorde, Taehyung ! — Sua voz ecoou melhor por meus ouvidos — Faça algo !

Eu não consegui segurar as lágrimas. Por que ela estava me olhando ? Por que estava aqui ?

— Você é o culpado de tudo ! Seu moleque ! — Ela pisou em meu rosto com seu salto — Acorde !

Por que  ela estava pisando… em mim ? Por que ela não me ajuda… a levantar ? Por que ela não… me ajuda a fugir ? Por que eu tenho que … passar por isso ?

— Taehyung, acorda ! 

Um grito escapou por minha boca. 

Jungkook me encarava assustado.

Eu estava sentado. Em minha sala. Em casa. Sem Kwon. Sem minha mãe

— Foi só um sonho ?

— Apenas um sonho — murmurou segurando meu queixo. — Você está bem ? 

Foi só um sonho.

Um sonho.

Um sonho horrível.

Não posso confiar nem no meu subconsciente.

— Hyung…

Meus lábios tremeram. Eu não aguento mais.

Por que tenho que aguentar isso ?

Eu tentei puxar ar com a boca, pois meu nariz estava entupido. 

— Hyung, o que você sonhou ? 

Eu olhei Jeon. Ele me encarava tão assustado.  Tinha dó por ele ter ficado responsável por mim sozinho. Já que Jimin teve que voltar para casa por causa da mãe e Jin… Não faço ideia do por que ele foi embora.

— Minha… — limpei a garganta — Minha mãe não ligou… não é ?

Ele cabisbaixo negou com a cabeça. 

Uma ardência subiu por meu nariz e meus olhos embaçaram.

— Hyung …

— Vai dormir — Minha voz falhou — por favor…

Era meu décimo pesadelo em uma semana. E talvez fosse a sexta noite que eu não conseguiria dormir, mesmo depois de chorar por horas. 

Eu só queria abraçá-la de novo, uma única vez. 

Eu só queria morrer, para não sentir essa dor.