Sextas-feiras eram tão chatas quanto qualquer outro dia na semana. Entretanto algo tirava um pouco mais das cores dela.Psicologia, algo necessário nas vidas de nós, pobres mortais, mas algo completamente inútil para mim, em especial. Mesmo frequentando aquela doentia sala branca com mais veracidade do que gostaria, nunca senti diferença em mim.
Meus dedos brincavam com a barra de meu moletom. Ele estava tão cinza quanto no dia em que compraram, sem nenhum pingo de pigmentação a menos. Ao meu lado, Seokjin mexia no celular tentando me evitar assim como vinha fazendo a muito tempo. Eu fazia o mesmo com ele, mas estava quase entregando o jogo.
— Tae Tae ! — Eu despertei — Pode vim !
Brevemente encarei a psicóloga que sorria alegre na porta de sua sala. Respirei fundo e levantei.
Bem lentamente eu caminhei até ela.
Não prestei muita atenção no que tinha ao redor, eu só… só fiz o que fazia toda semana: agir no automático.
— O que aconteceu com você ? Está todo remendado — Ela tentou rir, mas de alguma maneira aquilo parecia uma triste repreensão.
Eu me sentei na velha poltrona vermelha, e olhei para cima, como de costume.
Logo começaria a longa e cansativa lista de perguntas. Por mais que eu quisesse ficar em silêncio.
Pedi a qualquer divindade que me desse calma para aguentar a próxima hora.
— Como sempre quieto demais, vamos conversar hoje ? Ou vai continuar que nem na semana passada ? — Ela ergueu a sobrancelha e fez careta — Já percebeu que toda semana em que se machuca, você nunca conversa ? O que equivale a quatro semanas por mês — Bufou — Isso me cansa, sabia ?
Talvez eu fosse o psicólogo dela, e não ao contrário.
Ela cruzou os braços. Sua mão foi instintivamente para a boca, ela grunhiu.
— É só você entrar na sala que isso — Apontou para a mão na boca — Acontece !
Nunca pensei que causaria ansiedade em alguém. Principalmente em uma psicóloga.
— Tae, qual é o problema ? Você é pior que meu noivo quando briga no bar.
Olhei ela no fundo dos olhos. Falar sobre minha vida para minha mãe era complicado, obviamente, falar para uma estranha era muito pior. Desviei o olhar.
Sua sala não era muito grande, mas tinha várias estantes cheias de livros, e ainda uma chaise para suas sessões de terapia.
A psicóloga ficou calada. Olhei-a por um instante e vi que roía as unhas. Como sempre.
— Namorar um alcoólatra não deve fazer bem a você.
Ela franziu o cenho.
༄
— Não Jimin, eu já disse que vou receber visita hoje — Minhas palavras saíram arrastadas — Minha mãe não vai deixar eu sair.
— Você disse isso a semana toda, Taeh precisa tomar um ar — Reclamou pulando na minha cama — E você já recebeu a família Jeon, hoje — Ele fez um biquinho — vamos logo, ficar no quarto não faz bem.
O sol brilhava fraco no jardim, mas eu ainda não tinha vontade de sair, de forma alguma. Jimin já havia visto eu receber os Jeon, da mesma forma que me viu correr escada acima quando ninguém estava olhando.
— Você cansa nossa beleza, Taehyung, nem sei como a psicóloga te liberou mais cedo semana passada. — Jin suspirou
Eu segurei a risada ao lembrar da última consulta. Eu literalmente ajudei a doutora perceber o quão tóxico era seu relacionamento.
Minha coluna latejou.
— Vamos, chegou a hora de você ver o sol.
Um berro me salvou.
— JEON JUNGKOOK, PRESTE ATENÇÃO EM COMO FALA COMIGO !
Jimin arregalou os olhos e Jin engasgou.
Na mesma hora Park se jogou no chão para ouvir o que era vociferando pelo senhor Jeon.
— Jimin ! É feio ouvir a conversa dos outros.
— Rá, quando a conversa é entre duas pessoas civilizadamente — sua risada foi alta — estes dois estão dando um show para os vizinhos… se você tivesse vizinhos.
O loiro voltou a colocar a orelha no chão prestando muita atenção no que, agora, não se passava de resmungos para Jin e eu.
Foi questão de minutos, se não segundos, para a conversa parar, Jimin franzir o cenho.
— O que foi ?
Ele abriu a boca para responder Jin, mas a porta ameaçou abrir, nisso Park virou de barriga pra cima passando o braço por trás da cabeça.
— Aí Taehyung, não vai lançar um desenho novo semana que vem ? Naruto, não é ?
Eu encarei Seokjin que também não havia compreendido aquela troca de assunto.
Jeon Jungkook, o filho dos Jeon, entrou com tudo para dentro do meu quarto bufando.
— Como assim, você pode sair correndo, enquanto eu tenho que ouvir três horas de conversa sobre relatórios de uma empresa que nem minha será ?
Jeon tinha quase minha altura, mas quando se aproximou de minha cama, parecia que tinha o dobro. Ele estava tão ereto e irritadiço que parecia ter crescido uns dez centímetros em questão de horas.
— Ficou lá de besta — Murmurei — Quando eles falam sobre negócios entram num mundinho sem volta — Sorri forçado.
Jeon me fuzilou com os olhos.
— Eu deveria te bater, hyung — Ele fez careta se jogando no pé da cama— Ah, com vai, Seokjin, Jimin ?
— Nada bem, não estamos conseguindo tirar esse sedentário da cama, nem a vassourada.
— Deixem ele, faz quanto tempo que ele tem a oportunidade de fingir que nada mais importa ? — Jeon me olhou — Sem contar que ele está parecendo uma múmia de tanto curativo.
— Ei !
— Esse preguiçoso passa o dia todo na cama, lamentando silenciosamente seus fardos, que são pouquíssimos.Eu joguei meu travesseiro em Jimin.
— Falou demais pro seu tamanho não acha.
— Vá a merda, Taehyung, estou desabafando aqui— Ele voltou a olhar para Jungkook — Quer ele pra você ? Eu tô doando e ainda com um bônus de trinta mil wons.
— Jimin ! — eu joguei outro travesseiro nele e o mesmo caiu na risada.
— Só assim para você se mexer, né ?!
Cerrei os olhos e fiz uma careta voltando a deitar.
Minhas costelas doeram.
— Se vocês estão tão incomodados, por que não vão embora ?
Jimin bateu na minha perna, Jin se ajeitou desconfortável e Jungkook riu.
— Vocês são um belo entretenimento.
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The Truth Untold
FanficÉ errado amar? Ou ser diferente? Por que há essa segregação de pessoas quando se trata de diferença? Nunca pedi para ser do jeito que sou. |🥇1°lugar na categoria Emocionante🥇| ProjectKpop |🥉3°lugar na BTS🥉| Projeto Magic Shop |#13 depressão| 18...