- vii.

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gotham city, 2:26am
porão de nate goldberg

               JASON TODD tinha seu próprio jeito de conseguir informações. E conseguir informações, nesse caso, é um eufemismo para algo muito diferente de pesquisar algo no Google, perguntar a alguém mais velho ou, para os mais próximos do classicismo em uma sociedade em que isso não importa, procurar em uma biblioteca. Jason Todd, ou melhor, o Capuz Vermelho não precisava de internet, uma pessoa mais velha — isso seria estranho — ou de um livro pra descobrir qualquer coisa. Nessa noite em particular, ele estava usando uma chave de fenda.

               — Eu vou perguntar mais uma vez, Nate. Seu nome é Nate, certo?

               Nate mal podia falar. Gotículas de suor se acumulavam e escorriam no seu rosto. Ou seriam lágrimas? Seu lábio tremeu e ele cuspiu um pouco de sangue antes de falar, com uma voz tão fraca que Jason acreditou que ele estava chorando:

               — Certo.

               — Então, Nate. Quem era o outro contato do Darius?

               — Eu não sei, cara, eu já disse que-

               Sua fala foi interrompida pelo grito que ecoou por todo o pequeno cômodo de cimento quando Jason cravou a chave de fenda na coxa de Nate.

               — Porra! Eu tô falando a verdade! — Ele se contorcia na cadeira, mas estava amarrado.

               — E eu não acredito em você. Tente de novo.

               — Eu não sei o que você quer que eu diga. — O rapaz choramingou.

               — Talvez a perda de sangue tenha te deixado burro. — Jason se abaixou, deixando o rosto na altura do rapaz, que viu o próprio reflexo aterrorizado no capacete vermelho. — Eu quero que você me diga quem forneceu as drogas pro Langdon.

               — M-mas Langdon morreu.

               — Sim, idiota. Antes disso.

               — Por que isso importa?

               — Porque antes dele morrer, eu tive uma conversa bem agradável com ele. Assim como estou tendo com você agora.

               — Meu Deus, você o matou? Vai me matar também?

               — Nate, você não está prestando atenção. — O Capuz Vermelho posicionou o dedo indicador sobre o cabo da chave de fenda que ainda estava na coxa do interrogado, que comprimiu os lábios para evitar gritar novamente. — Eu sei que as drogas que os policiais que mataram o Langdon encontraram não eram dele.

               — C-como?

               — Eu já disse, conversei com ele.

               Com "conversei" ele quis dizer que o torturou até consequir o que queria.

               — Então... Então podem ter sido os sócios dele.

               — Impossível.

               — Por quê?

               — Porque eu matei eles.

               Nate começou a ficar emotivo de novo. Antes de ser pego pelo Capuz Vermelho na própria casa e arrastado para o porão que usava para fazer metanfetamina, era um cara relativamente esguio, mas com alguns músculos, e as tatuagens no rosto faziam ele parecer alguém com quem ninguém gostaria de mexer. Mas ali, qualquer resquício de orgulho ou dignidade tinha deixado de existir há muito tempo. Ele só não queria morrer, e para pessoas no seu ramo de trabalho, o Capuz Vermelho era sinônimo de morte.

               — Você realmente não sabe, sabe?

               — Não! — A esperança desesperada acendeu na sua voz. — Cara, por favor, me deixa viver. Eu não vou... Eu não vou contar pra ninguém.

               Jason suspirou e cruzou os braços, andando de um lado para o outro. Cristais de metanfetamina estalavam debaixo das suas botas. O truque da chave de fenda costumava ser o mais eficaz na extração de informações. Se Nate — que apesar de parecer durão, mas chorava como uma viúva — não tinha falado, provavelmente não tinha nada pra falar. O que significava que Darius realmente tinha levado à sério a conversa com o Capuz Vermelho, e que as drogas que ocasionaram a abordagem policial que ocasionou a sua morte tinham, na verdade, sido plantadas. E ele já tinha uma sugestão de quem e porquê.

               — Não, eu quero que conte.

               — O quê?

               — Conte pros seus amigos. E diga pra eles que se eu pegar qualquer um deles vendendo droga pra adolescentes de novo, eu vou atirar na cara deles. Você sabe o que acontece quando alguém toma um tiro na cara, Nate?

               — ... Não.

               — O buraco de saída é do tamanho de uma laranja. Diga isso a eles.

               — Eu entendi, eu vou dizer. Obrigado, cara.

               — Não há de quê.

               Dito isso, recolheu a arma que tinha deixado sobre o fogão — armas não funcionavam como instrumento de tortura, porque aceleravam demais as coisas —, e colocou de volta no coldre, começando a subir as escadas.

               — Espera! Eu ainda estou com a chave de-

               Jason bateu a porta.

a heavenly way to die × jason toddOnde histórias criam vida. Descubra agora