Prologue.

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Seria agora, o exato momento em que eu veria mais um humano deixar sua vida.

Eu estava o assistindo, ainda faltavam alguns minutos até que ele tirasse a própria vida, eu o observava caminhar pela sala impaciente enquanto escutavamos o barulho da água enchendo a banheira daquele apartamento no subúrbio.

Ele ia iria morrer ali, e depois disso seu corpo iria se deteriorar lentamente até que alguém o encontrasse, pois as poucas pessoas que sentissem sua falta não se importavam o suficiente para procurá-lo.

Era triste, solitário.

A banheira havia terminado de encher, eu pude ouvir o ranger da torneira ao ser fechada, o barulho da água diminuindo, até só se ouvissem as gotas caindo, teimosas.

Eu me sentei sob a pia do banheiro, o vi passar a minha frente, se aproximando para abrir a gaveta ao meu lado, foi quando tive a oportunidade de ver seus olhos, antes escondidos por baixo dos cabelos longos, ele não chorava, carregava um sorriso no rosto, ainda assim, carregado de tristeza.

Talvez ele ainda tivesse esperanças de que alguém o salvasse de si mesmo.

Tirou da gaveta uma navalha, ainda sentado, o vi caminhar de volta até a banheira, colocou um de seus pés lá dentro, parou por um momento, sentindo a água encharcar sua meia e calça enquanto se acostumava com a sensação da água gelada.

Encarou a água por mais algum tempo, antes de derramar uma lágrima solitária e colocar o outro pé, em seguida se jogando lá dentro, provavelmente machucando suas costas e nuca com o impacto.

Segurou com força a lâmina em sua mão cortando-a, foi quando vi o primeiro filete de sangue escorrer lá dentro, sujando de vermelho a água antes transparente.

Jeon ainda tinha 23 anos, ele ainda não tinha ido no show da sua banda favorita, não tinha se apaixonado verdadeiramente por alguém, não tinha conseguido o emprego de seus sonhos.
Ainda não tinha feito sua primeira tatuagem, nem conhecido outros países.

Ele tinha a vida pela frente, mas iria jogar ela fora.

E eu estava assistindo.

Eu vi o primeiro corte, o primeiro gemido de dor, a primeira lágrima e o primeiro riso sem emoção.

Eu vi o sangue escorrer e a água se agitar juntamente a ele.

E foi nesse momento, que num ato inconsequente eu o puxei daquela banheira.

Foi quando o salvei.

Blue side | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora