Blue side | Jikook

Sixth Chapter - After rain.

Jungkook era lindo.

Ele estava quebrado, mas ainda assim, era tão bonito.

Eu ainda estava deitado com ele, deixei que meus dedos passeassem pela pele quentinha de seu rosto que estava sendo amassado pelo travesseiro.

Tinha me virado de volta para ele, seus braços ainda rodeavam a minha cintura, e céus, eu me sentia tão em paz. Naquelas horas em que pude ter certeza da minha existência.

Toca-lo para mim era o paraíso, sentir algo quente sob meus dedos, mas era ainda melhor sentir ele me tocando.

Eu nunca tinha experimentado essa sensação, de alguma forma era grato a Jeon por me proporcionar isso, apesar de toda a confusão e de na verdade tudo ter acontecido por minha culpa.

Cuidar dele, no final, talvez não fosse tão ruim.

— Bom dia, Jiminnie. — Falou com voz rouca antes mesmo de abrir os olhos quando acordou.

— Jeon, você só dormiu algumas horas, está de noite.

— Por que você me chama de Jeon? Eu te dei um apelido fofo, ainda assim você fica usando meu sobrenome. — Reclamou, forçando uma expressão irritada.

De fato, adorável.

Eu estava analisando cada traço de seu rosto enquanto ele dormia, nunca imaginei que um humano pudesse ser tão belo, agora vendo ele reclamar com uma feição tão fofa, só me fazia ficar mais encantado.

É tão fofo.

— Não vai me responder? — Ele finalmente abriu os olhos, e por algum deus, posso dizer que perdia o fôlego - cujo o qual nunca tinha notado a existência antes de conhecer Jungkook - todas as vezes que ele prendia seu olhar em mim.

Gostava do jeito que ele me olhava, a cada vez que o pegava me observando e questionando mentalmente coisas a meu respeito eu sentia que existia um pouquinho.

Quando ele me tocou eu tive certeza, ao menos para Jungkook eu existia.

— Gosto de Jeon, soa bem. — Meus dedos deixaram seu rosto, descendo até parar no peitoral definido.

Me pergunto como ele conseguia ter um corpo tão forte quando mal se exercitava, talvez fosse a genética.

— Mas eu gostei de te ouvir chamando meu primeiro nome. — Vi um bico se formar em seus lábios enquanto ele parecia pensar — Sou um idiota, você deve estar pensando assim, certo?

— Por que pensaria?

— Eu tenho medo da chuva. — Seus olhos lacrimejaram — Na verdade, eu sou todo problemático. Estou com vergonha agora. — Ele me deu um sorriso quebrado — Sou todo bagunçado, não é?

Não tenho certeza se eu estava demonstrando alguma emoção naquele momento.

— Eu também sou problemático. — Confessei — Achava que nós ceifadores não tínhamos o direito de nos sentirmos assim, na verdade, até algumas semanas atrás eu não tinha notado. Mas nós também quebramos.

As luzes que entravam através da porta e da janela do quarto iluminavam fracamente o rosto de Jeon, seus olhos brilhavam devido ao reflexo da claridade no olhar marejado e neles, eu consegui me enxergar.

Acho que nunca tinha realmente o encarado como fiz naquele momento.

— Nas últimas semanas, tenho questionado muitas coisas, não que já não tivesse pensado em tais questões antes, mas costumava ignorar, minha cabeça tem estado muito mais ocupada agora.

A invisibilidade é definitivamente uma dádiva, com suas inúmeras vantagens acabou de tornando algo desejado por muitos, no entanto, é uma habilidade concedida a poucos.

Como tudo tem seu preço, ser invisível me custava ter que permanecer invisível, quase inexistente. De forma que grande parte das pessoas não creem na minha existência.

Até mesmo eu comecei a duvidar dela.

— E sabe, mesmo tendo minha mente cheia de perguntas e tendo buscado respostas o tempo todo, a única conclusão a qual consegui chegar foi que eu estou tão bagunçado quanto você.

Mas quando eu tinha o olhar de Jungkook focando tão intensamente em mim, eu não me sentia invisível. Porque ele me via.

— Eu não te acho idiota por ter medo da chuva e nem por nenhum de seus outros medos e inseguranças, porque eu tenho os meus também. Talvez se te contasse sobre todos eles, seria você quem me acharia um idiota. — Disse e ele se apressou em balançar a cabeça negativamente, me fazendo rir.

— Eu não te acharia idiota.

— Acredite, são medos mais bobos que os seus.

— Mas você mesmo me disse que não tem isso de medos bobos.

— Então, por que você se acha idiota? Por que para você os seus medos são bobos? — Eu arqueei uma sobrancelha e em resposta tive um Jungkook corado.

— Ah. — Ele soltou e eu não contive a risada — Você usou minhas palavras contra mim!

— Não é o que você acabou de tentar fazer comigo?

— Não vou discutir com um idoso. — Sua falta de argumentos me fez rir ainda mais.

O toque, o olhar, as conversas, cada aspecto de Jeon me encantava mais todos os dias desde que o conheci e se eu tinha algum arrependimento de tê-lo salvado ele tinha feito com que eu me esquecesse. Porque eu era cada vez mais grato por esse ato inconsequente.

— Mais cedo, você me agradeceu por te ajudar… — Comecei quando consegui conter a risada — Mas sou eu quem deveria te agradecer.

— Eu não entendi.

— Você tem medo quando começa a chover, eu tenho medo o tempo todo. — Embora tenha demorado um pouco para notar — Hoje… Não… Acho que mesmo antes, Jungkook… — Céus, desde quando as palavras eram tão poucas? Naquele momento senti como se não conseguisse formular uma frase com sentido, suspirei frustrado.

Fitei Jeon esperando que por algum milagre ele conseguisse entender o que eu queria dizer sem que eu tivesse que verbalizar.

O que obviamente não aconteceu.

— Jungkook, sabe… Eu vejo meu reflexo em seus olhos. — Foi o que eu consegui falar depois de um bom tempo o encarando. Ah, sim, eu me senti idiota.

Porque na minha cabeça as coisas pareciam tão fáceis de se serem ditas?

— Jimin, eu ainda não entendi, mas fico feliz de ter usado meu primeiro nome.

— Certo, vou usar de novo. — Respirei fundo antes de despejar palavras — Jungkook, eu sou grato a você, porque você me faz ter certeza da minha existência, mesmo que eu nem saiba se você realmente acredita nela, não fui eu que te ajudei mais cedo, foi você que fez isso por mim, porque quando me tocou primeiro, eu me senti real. E você não faz idéia do quanto isso significa para mim.

Silêncio. Me pergunto se tinha a habilidade de ficar vermelho sem ter sangue no meu corpo.

— E eu continuei sem fazer sentido. — Sussurrei, mais para mim mesmo do que para ele.

— Então, hoje nós salvamos um ao outro, né? — Jungkook me deu um sorriso fofo, simplificando tudo numa única frase, me dando apenas a opção de concordar — Você fala bastante, Jiminnie, eu fiquei um pouco perdido.

— Ah, desculpe, eu não costumo conversar muito com humanos, acho que não sei usar bem as palavras. Me desculpa por falar demais.

— Não, é que sua boca fica bonita quando você fala. Me desconcentra.

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Juro que depois dessa o Jimin para de usar a palavra existência um pouco, paciência com o bichinho, ele tá descobrindo a sensação agora 🤱🤱

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