Chapter Four - Silence.

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Silêncio.

Quando afundei tudo ficou silencioso.

Conseguia sentir as vibrações da água, quando essas chegavam aos meus ouvidos. Era o único som que eu ouvia.

Meu apartamento sempre foi tão quieto?

Escuro. Estava escuro.

E doía. Algo em mim estava ardendo. Sentia algo queimar.

Era físico? Psicológico? Ou talvez algo mais profundo?

Alguma coisa estava morrendo.
Mas eu não sabia o que. Por que estava ali? Eu não lembrava.

Na verdade... Onde eu estava?

Meu coração bateu forte, acelerou e então quando o som dele ficou mais alto do que o barulho da água, o desespero veio.

E ele aumentou quando não senti meu próprio corpo.

Eu estava prestes a morrer?

Por quê?

Minha mente estava nublada, entorpecida demais para me lembrar o que me levou até aquele momento.

Inerte demais para que o desespero durasse mais do que alguns segundos.

Meus pulmões ardiam enquanto meu coração diminuía suas batidas.

Ele parava aos poucos, assim como o resto do meu corpo.

Então, sem forças para tentar lutar eu me entreguei.

Tudo para, estou inerte.

Acabou?

"Não." - O sussurro me puxa de volta.

Acordo, o ar volta aos meus pulmões, enchendo-os, minha respiração está desregulada e meu coração volta a bater, minhas mãos tateiam meu corpo, buscando algum sinal de que ainda o possuo.

Estou vivo, mas não aliviado. Lágrimas enchem meus olhos antes que eu as deixe caírem. A dor e o desespero voltam.

Ainda queima.

Por quantas noites reviverei o mesmo momento?

Quantas vezes a voz de Park vai me chamar?

Quantas vezes terei meu desejo negado?

[...]

- Venha, se sente. - Disse começando a mexer com os ingredientes do café da manhã.

- Começa. - Ele pediu.

- Bom, vamos ver, eu nunca fiz isso antes. - Nunca pensei que fosse fazer algum dia.

- Isso o que?

- Expliquei para um humano... Sobre isso tudo.

- Isso tudo o que?

- Eu, ceifadores, morte, tudo. É estranho para mim também. - Falei enquanto servia uma xícara de café.

- Entendi.

- Por Selene! - Gritei quando olhei o relógio, Jeon tinha nos feito perder tempo demais no mercado - São oito e meia, anda, come uma torrada e engole o café.

- Quem é Selene? - Ele falou com a boca cheia.

- É uma deusa. - Recebi um olhar confuso - É como um "Por Deus." Para vocês humanos.

- Quem fala "Por Deus" hoje em dia?

- Garoto, eu tenho quase cento e trinta anos me respeita. - Falei enquanto corria para dentro do quarto, procurando alguma roupa que fizesse ele parecer apresentável.

Blue side | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora