Novo dia

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Cheguei cedo na praça que mais parecia um bosque. Hoje tinha decidido vestir minha meia calça nova. Ela era em um tom marrom, e combinava perfeitamente com meu vestido amarelo mostarda.
Puxei meu cardigã para mais perto do corpo, o sol ainda não havia nascido, mas estava perto, disso eu tinha certeza.
Aproveitei pra sentar em um banco e olhar a paisagem daquela praça que sempre me deu uma sensação boa.
A

praça não tinha brinquedos e muito menos carrinhos de pipoca. A não ser por um exclusivo carrinho de bombom que já frequentava aquele lugar há anos.

Além do bendito carrinho de bombom, a praça era bem iluminada. No geral, era um belo espaço, seu formato era redondo e no meio dela tinha uma rua bem longa, ladeada por pinheiros e postes de luz com um designer bem clássico. O chão era todo ladrilhado e havia nas demais partes da praça, bancos e árvores, o que nos permitia ouvir muito bem o cantar dos pássaros.

Sentir um vento frio no rosto. Estava na hora. E sai andando, para o mesmo lado do dia anterior.

*
Faço esse percusso todo dia, e sério, as vezes é um saco!
Eu sempre vejo as mesmas coisas. Estou tão acostumado com o caminho que às vezes nem olho pra frente, olho pro chão. O ladrilho me conhece bem e eu o conheço mais ainda. Geralmente nada de novo me acontece durante o percurso do trabalho para casa. A não ser pela garota  do dia anterior, que "conheci"nesta praça, refleti. - Desenhei mentalmente aspas, pois na verdade não a conheci de fato, eu mal olhei pra ela - .

Lembrei que ela havia me dito que cedo estaria aqui, não entendi o motivo. Será que trabalha com algo próximo daqui?

Meu relógio me despertou com um bip, para me lembrar que eu ainda tinha 30 minutos de tempo livre. Fiz questão de comprar um relógio digital para ter opção de gravar meus horários e compromissos, sou um cara organizado.
Olhei pro relógio assim que ouviu o toc e me dei conta que ainda não era nem 7:00 da manhã. Acordei cedo hoje, então para não chegar ao escritório tão cedo, resolvi esperar 15 minutos no banco. Trabalhava em um escritório de contabilidade há 5 anos e apesar de amar os números a rotina estava acabando comigo. Os clientes nem sempre são fáceis de lidar, e com o tempo você também acaba se tornando uma pessoa amarga e soltando tudo no primeiro pico de estresse. Infelizmente tinha consciência do quão rabugento estava me tornando. Eu só tenho 26 anos e minha cabeça borbulha como uma sopa no auge do cozimento.
Enquanto esperava sentado os minutos passarem,  fiquei olhando o nascer do sol. Apesar da correria da minha vida eu amava ver o dia nascendo e a noite surgindo, o som dos pássaros, o vento frio e quente ao mesmo tempo no rosto. Fechei os olhos.
Me peguei pensando sobre o nome certo para esse fenômeno do nascer do dia. Quando o céu vai ficando laranja.
Caramba, esqueci! Esbravejei.
Não sei dizer, mais o céu laranja me lembrava os cabelos da menina - mulher que havia encontrado.
Será que voltarei a vê-la?

Voltei por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora