Silêncio

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    DESÇO AS ESCADAS e chego a quadra em que o professor de educação física nos obriga à fazermos alguns exercícios que nenhum de nós gostamos, mas que fazemos por obrigação. Começo à procurar Noah em meio aquela onda de pessoas que me empurra para trás e finalmente o vejo, de costas, me procurando, e ele se vira e me vê, e faz um sinal para que eu me aproxime, eu vou para perto dele, então saímos da escola e vamos para casa, em silêncio, chegamos ao portão branco da nossa casa, eu bato algumas vezes, um tempo depois o portão se abre e nós entramos, e vejo o olhar de minha mãe que reflete um sorriso, ela está encostada na parede segurando o controle, quando entramos ela aperta o botão e escuto um ruído que sei que é o barulho que o motor faz ao fechar o portão, e entramos em casa, vou para o meu quarto e procuro alguma roupa para vestir, quando encontro, pego minha toalha e vou até o banheiro, para tomar um banho e me livrar das memórias ruins de hoje, então me lembro de Edgar se contorcendo no chão, do olhar maliciosos de Caleb acertando os chutes na barriga e nas costelas de Edgar, e para me livrar daquilo eu imagino que a água esteja levando embora todo esse peso, essas memórias ruins e quando termino saio do banheiro e entro no quarto para me vestir, depois que termino saio do quarto e vou para o sofá, olho as horas e me assusto quando vejo que já são 13:00, e percebo que o tempo parece estar passando mais rápido, mas logo percebo que estou criando uma teoria da conspiração e descarto o pensamento da minha cabeça, me levanto e vou até o quarto de Noah chamar ele para irmos almoçar, bato na porta e ele abre, solto uma gargalhada ao ver seu rosto inchado da soneca que ele acabou de tirar e um lado do seu cabelo está desarrumado, depois de conseguir parar de rir eu finalmente digo:
    - Vamos almoçar? Já são 13:00.
    - Nossa como o tempo está passando rápido!
    - Não crie nenhuma teoria por favor!
    - Impossível,já criei.
   Andamos até a cozinha e botamos nossas comidas, vamos para a mesa e conversamos enquanto comemos, depois se sentamos no sofá e começamos à conversar, e justo na hora que eu ia contar sobre o que aconteceu com Caleb e Edgar minha mãe sai do quarto e nos pergunta se já comemos alguma coisa depois de chegar, e eu faço que sim com a cabeça e ela vai até a cozinha, imagino que vá fazer bolo para comermos à noite, e percebo que acertei quando sinto o cheiro de bolo, quando já são 18:00, escuto o portão abrir e nosso pai estaciona a moto e entra em casa, respira fundo e fala:
    - O trânsito hoje estava horrível, meu dia no trabalho foi horrível, mas só de chegar em casa e sentir esse cheiro de bolo e ver vocês dois conversando, já me sinto 100% melhor. - Eu troco olhares com Noah e nós sorrimos para nosso pai, que vai para o quarto tirar a roupa do trabalho, e eu vou para o meu para pegar minha mochila e fazer minha lição de casa, e digo para Noah fazer o mesmo, para ele não acumular tarefas e muito menos ficar de recuperação, olho no relógio, são 18:40, vou para a mesa e ajudo Noah à fazer sua lição de casa, a difereça de idade entre mim e Noah é de 2 anos, eu tebho 16 e ele 14,ele está fazendo o 9° ano, e eu o 2°, mesmo com essa mínima diferença eu cuido dele por ser o irmão mais velho, e às vezes ele ainda acha que eu o trato como um bebê, a verdade é que eu apenas o protejo, como meu pai disse que eu deveria fazer quando compleitei meus 7 anos, nunca me esquecerei disso.
   Termino minha lição de casa e levo as coisas para o quarto, vou para a cozinha e como um pedaço de bolo, dou boa noite para meus pais e para Noah e vou me deitar, durmo assim que me deito mas acordo algumas horas depois e vou para a cozinha beber água, e quando estou voltando escuto meus pais conversando com as vozes preocupadas e me aproximo da porta, escuto somente algumas palavras perdidas, mas elas já são o suficiente pra me assustar, escuto "Perigo","Proteger","Benjamin","Noah","Três Cidades"
   Vou chamar Noah e quando ele vai reclamar que o acordei eu digo:
     -Faça Silêncio- E ele obedece,conto para ele o que ouvi e vou dormir de novo, ou pelo menos tentar dormir, com as palavras passando na minha mente, de novo e de novo.

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