Dizem por aí que depois da tempestade vem a calmaria, agora sei que é verdade, pelo menos por enquanto. Já se passou uma semana desde o dia que aconteceram milhares de coisas, não tem um dia sequer que eu não tenha sentido falta de meu pai, vai ser difícil me acostumar a viver sem ele, isso será minha âncora pelo resto da vida.
- Benjamin, não vai comer? - Micaeli pergunta animada como sempre e me tira do meu estado de transe.
- Claro, estava só pensando.
- Sente falta do nosso pai, não sente?
- Sinto. Você tem os cabelos igual ao dele, sabia? -Falo tentando quebrar a tensão.
-Sério?
- Sim, na verdade você parece em quase tudo com ele. Mas na personalidade, parece mais com nossa mãe, por falar nisso onde estão ela e Noah?
-Nossa mãe está no quarto, é Noah deve estar jogando algum jogo idiota. - Dou uma risada pelo seu jeito de falar, ela me encara com raiva, e eu rio mais.
- Deixa de ser idiota, Benjamin! - Ela finalmente se rende e também dá algumas risadas, pego uma panqueca e como, vou para o quarto e ligo meu computador, agora são 9 da manhã, coloco na Netflix...
Olho as horas, se passaram 4 horas desde que me sentei para assistir, de repente me lembro que eu e Noah não fomos mais à escola, droga, perdemos muitos assuntos, vou chamá-lo em seu quarto, quando estou na porta escuto ele falando com alguém "Tá, não precisa se preocupar, tá tudo saindo como o combinado...certo, Tchau", fingo não escutar e bato na porta, ele abre e eu vejo seu computador ligado em Minecraft, bem que a Micaeli disse, um jogo idiota. Seguro a risada, e lhe digo que estamos sem ir a escola à duas semanas.
- Nossa, é mesmo! Será que perdemos nossa vaga?
- Acho que não, seria uma boa ideia nós voltarmos?
- Não sei, o que vamos dizer a todos pelos nossos dias ausentes?
- Primeiro de tudo não devemos satisfações a eles, se perguntarem nós vamos falar que fomos a uma viagem de última hora em família. - Me dói dizer aquilo, lembro do meu pai, poxa, parece que a cada dia só piora a dor de tê-lo perdido. Olho pra Noah e vejo seus olhos marejados, deve estar sendo muito difícil pra ele também. Noah sempre foi tratado com mais carinho, por ser o caçula, e eu nuncá reclamei disso, carinho é uma coisa que não me faz muita falta.
- Ei cara, eu tô aqui, tá? - Digo e o abraço, e ele apenas balança a cabeça, imagino que seja por que ele sabe que se ele falar qualquer coisa ele vai chorar, saio do abraço e fecho a porta, vou em direção ao quarto de minha mãe, e bato na porta, ela abre com um sorriso fraco e eu entro.
- Oi filho, você está bem? Cadê o Noah? A Micaeli? - Ela anda indo a sala e para de uma vez, fica pálida, quase cai e eu a seguro.
- Mãe, qual foi a última vez que a senhora comeu alguma coisa?
- Ontem, eu acho. - Ela fala ainda se recuperando
- Se sente no sofá, vou preparar alguma coisa para a senhora comer. - Falo e vou para a cozinha.
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Transformado
ActionUm garoto vive sua vida aparentemente normal até descobrir coisas estranhas envolvendo sua escola,sua familia e sua cidade.