26 - Lembranças

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Eu sinto sua falta
Quando eu digo isso

Eu sinto ainda mais
Estou olhando sua foto
Mas ainda sinto saudades
O tempo é tão cruel
Eu odeio nós dois
Agora é difícil
Até olhar um para o outro

- Spring Day BTS

SOOK MI

- Você vai precisar ser forte para a notícia que vou te dar agora - engulo em seco ao ouvir tais palavras e minha respiração se acelera, juntamente aos meus batimentos cardíacos. Não estava com um pressentimento bom desde hoje de manhã, e agora estou prestes a descobrir por quê.

- Eu temo já saber do que se trata. - meus olhos se enchem de lágrimas.

- Eu também não quero que seja verdade, mas o estado já se encontra em falência orgânica, e a infecção está no sangue. Me desculpe. - a enfermeira me informa e eu desabo no choro.

- Quanto tempo?

- Isso é difícil dizer, mas digamos que é menos de um mês. - A enfermeira suspira. Ela tem cuidado da minha irmã por muito tempo, e sei que também dói nela ter que me contar isso, mas é inevitável.

A abraço fortemente e não me importo de chorar em seus braços. Pela sua respiração, também imagino que ela esteja chorando junto, silenciosamente.

Após me acalmar, desfaço o abraço e me recupero. Eu havia tido um pesadelo com esse momento há um mês atrás, mas a realidade está sendo bem mais dolorosa.

- Não tem solução? Não dá para continuar a quimioterapia, tentar um novo remédio, talvez uma cirurgia...? Eu posso tentar doar minha medula e...

- Eu sei que é difícil, Sook, mas ela já não reage a quimioterapias e a nenhum medicamento. E já conversamos sobre sua medula óssea... Não é compatível.

- E o que eu faço? - sinto dificuldade em controlar o meu corpo, que treme e se contrai enquanto eu choro.

- Aproveite ao máximo com seu anjinho, Sook. Faça-a muito feliz! - ela seca suas lágrimas e tenta voltar a uma postura profissional.

- Pode deixar.

(...)

- Oi, dongsaeng! - entro no quarto da minha irmã, quase uma hora depois da pior notícia de toda minha vida. Já tomei um litro de água, sequei o rosto, passei maquiagem e botei um sorriso, mas acho que ainda não consegui convencer minha irmã que estava bem.

- O que foi, unnie?

A vontade de chorar se embrulha em minha garganta, mas eu engulo o choro e continuo meu personagem. Desmoronar no momento bem na frente da minha irmãzinha está fora de cogitação. Já é difícil o suficiente para ela passar por toda essa situação, não quero que ela fique ainda pior por minha causa. Devo mostrar que eu estou bem e que vou superar.

- Nada, saeng! O que faz aí? - me sento ao seu lado na cama do hospital. Wendy cheirava a remédios e sua pele branca já estava mais roxa que o normal, mas ela ainda estava tentando parecer bem, o que parte meu coração.

- Eu não estou com forças para fazer muita coisa. - ela diz, com uma voz terna e cansada. - Mas eu te fiz esse desenho.

Wendy me entrega uma folha de sulfite com duas garotas desenhadas, uma com um lenço amarrado na cabeça, e a outra com o cabelo todo colorido, o que torna impossível não perceber que ela havia tentado nos desenhar. Lembro que a primeira vez que colori meu cabelo foi a pedido dela, e me sinto feliz ao perceber que Wendy admira essa característica minha.

So Far Away - Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora