XVIII - Os Herdeiros do Pecado

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Há uma chama enegrecida que reside em meu âmago, uma pequena chama que em certos invernos possui domínio sobre meu castelo.

As sombras que oriunda de sua presença se espalham e invadem minha mente como um vírus e ao alcançar seu domínio vejo céus e constelações caírem como chuva em uma tempestade.

Queria poder contar sobre batalhar e vencer a invasão, porém a origem do mal vem de mim e lutar contra si mesmo é uma batalha eterna que carregarei comigo até o frio túmulo. Não há vitória, não há saída astuta ou qualquer tipo de escapatória, é uma vigília, uma vigília sem fim, solitária e silenciosa onde quem está de fora não possui capacidade de compreender.

Apenas quem é seu próprio náufrago sabe e conhece bem o breu que nos persegue, o escuro que habita, o hóspede que sempre tenta ser o senhor onde muitas vezes ao cair me faz de mero hospedeiro.

Queria ser mais forte, queria ser imbatível, queria ver sentido nesse mundo de pessoas deformadas e destrutivas, queria paz e amor sem ter que haver com dinheiro ou favores. Que a felicidade fosse um estado de espírito e não uma resposta a vida bem sucedida regada a bens materiais e conta bancária.

Esse mundo não compete com meu coração, os ponteiros não competem com meus desejos. O tempo é errado, a humanidade é corrompida e temo por minhas filhas que perderão sua inocência para ter que aprender a viver nessas terras de lobos e cobras. O caos rege entre e sobre nós, o caos é o rei de nossos pecados.

E todos nós não passamos de terríveis e constantes pecadores.

Cantos e Encantos da Floresta SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora