Capítulo 4

26 3 6
                                    


Uma hora depois, o sinal do osciloscópio começou a tremer, muito sutilmente, de início. De repente, o ponto que representa a ponta da linha subiu de forma brusca, traçando um pico evidente, e mergulhou em seguida vertiginosamente, voltando à horizontal. Ninguém assistiu a essa anomalia. É como acontecem as coisas. Mei voltou ao quarto uma hora mais tarde. Tomou as medidas de Sakura, desenrolou alguns centímetros da fita de papel registrada pela máquina e descobriu o pico anormal. 

Estranhou e continuou a ler mais alguns centímetros. Constatando a falta de acidentes no traçado seguinte, não se preocupou mais. Pegou o telefone de parede e ligou para a Senju. 

Mei- Sou eu, estamos nos encaminhando para um coma com sinais vitais estáveis. O que faço? 

Tsunade- Consiga um leito no quinto andar; obrigado, Mei. 

A Senju desligou.

E esse era o Verão de 1996, mais tenso que naquele hospital já teve...

           Seis meses depois...

Inverno de 1997

Sasuke acionou o controle remoto do portão da garagem e estacionou o carro. Tomou a escada interna e se dirigiu a seu novo apartamento. Empurrou a porta com o pé, largou a pasta que carregava, tirou o sobretudo e se jogou no sofá. 

No meio da sala, umas vinte caixas de papelão espalhadas não deixavam que esquecesse a tarefa que tinha pela frente. Trocou o terno por uma calça jeans e começou a desfazer os pacotes, já arrumando os livros nas prateleiras. O piso estalava sob os pés. Bem mais tarde, já de noite e tendo tirado tudo das caixas, dobrou-as, passou o aspirador e acabou de arrumar o cantinho da cozinha. Só então admirou o novo lar. 

“Acho que estou ficando meio cheio de manias”, pensou o Uchiha. 

Hesitou por um tempo entre a banheira e o chuveiro, mas acabou preferindo a primeira e abriu as torneiras. Ligou o radinho que estava em cima do aquecedor, perto de um armário de madeira, tirou a roupa e entrou no banho com um suspiro de prazer. 

Peggy Lee cantava Fever na FM 101,3 e Sasuke mergulhou várias vezes a cabeça na água. Estava surpreso com a qualidade do som e pelo extraordinário efeito estéreo, sobretudo num radinho que, em princípio, era mono. Prestando atenção, parecia que o estalar dos dedos acompanhando a música vinha do armário. Intrigado, saiu da água e andou sem fazer barulho até lá, para ouvir melhor. 

O som estava cada vez mais nítido. O Moreno se concentrou, tomou fôlego e abriu bruscamente as duas portas. Arregalou os olhos e deu um passo atrás. Entre os cabides e de olhos fechados, uma mulher, aparentemente embalada pelo ritmo da música, estalava o polegar e o indicador, cantarolando. 

Sasuke- O que você tá fazendo aqui? Quem é você?...- Perguntou assustado.

A mulher se assustou e abriu bem os olhos, revelando a cor de seus olhos, verde esmeralda.

Sakura- Você tá me vendo? 

Sasuke- É claro que sim. 

Parecia totalmente surpresa com isso. Ele deixou claro não ser cego nem surdo e repetiu a pergunta: por que estava ali? A única resposta que conseguiu foi a de que tudo aquilo era incrível. Sem perceber o que podia haver de tão “incrível” na situação e com um tom mais irritado do que o das vezes anteriores, ele repetiu, pela terceira vez, a pergunta: que diabos estava fazendo naquele banheiro, àquela hora da noite? 

Sakura- Acho que você não tem noção...- A Rosada explicou- Pegue só no meu braço!...- Ele continuou parado, ela insistiu- Pegue no meu braço, por favor. 

E se fosse verdade? (SasuSaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora