PRÓLOGO - A promessa.

552 42 6
                                    

* AOS CINCO ANOS *

Alec não sabe brincar. Preguiçoso. Moleque metido a birrento, mandão estu... estúpido, briguento e Monte de bosta! Eram esses os pensamentos da garotinha de apenas cinco anos enquanto a mesma afundava fortemente seus pés na areia maciça, sacudindo fortemente os braços pra frente e para trás enquanto caminhava, exibindo também, um bico enorme em sua face afoguentada de tamanha raiva. Estava totalmente emburrada e furiosa com o seu primo mais velho. Alecxander, um garotinho astuto e indomável, que também era totalmente intolerável por ela.

A cada passada ligeira que Anastásia dava, era um xingamento revoltado e estranhamente inocente, voltado ao seu insuportável primo. O mesmo insistia em querer subordina-la, só porque era mais nova. Ela queria arrancar os fios achocolatados do garoto, ficaria contente em o fazer, mas isso apenas e infelizmente, só se sucederia se fosse alguns centímetros mais alta e um pouco menos frágil do que aparentava. Ela lamentava por isso. E era em momentos como esse que ela odiava ser tão pequenina. Porque se fosse alguns centímetros maior, pelo menos um soco na cara do quarotinho, a pequena Ana certamente daria.

Poxa! — Ela cessou os passos por uma fração de segundos e sapateou zangada na areia. — Quando iria crescer afinal? Quando? Para que assim conseguisse pelo menos quebrar um dos dedos da mão do Alec? Pelo menos um! — Ela se perguntou internamente, bufando irritada!

E assim, com sua fúria inocente ganhando níveis mais elevados com a inclusão da impotência, Anastásia pisou duro mais uma vez na areia dourada, batendo o pé furiosa e agarrada ao seu pequeno balde de plástico azul, coberto por grandes flores coloridas, a mesma se dirigiu para a água. Só porque Alecxander era um ano mais velho que ela, achava que podia mandar nela. Agora queria que ela fosse buscar água para que ele pudesse construir um grande castelo de areia. Ele se divertia e ela se encarregava do "serviço pesado", não era justo! Resmungava baixinho, não conseguia parar de o fazer, estava descontrolada com tamanha injustiça. E, claro, para completar ele ainda iria levar todo o crédito por isso e exibiria sua obra aos risos de orgulho agindo como se ela não tivesse participação em nada do feito construído. Ah, mas ela não ia deixar barato, não mesmo. Anastásia iria mostrar exatamente o que seu primo poderia fazer com a sua água e certamente não era um castelo bonito. Iria despejar tudo sobre ele em vez de na areia. Isso iria ensiná-lo a não tratá-la como sua escrava pessoal. E depois deste verão, ela estaria começando a escola, e então faria seus próprios amigos, não precisaria mais dele, nunca precisou mesmo, e assim ela não teria mais que brincar com ele. Com este egoísta trapaceiro!

Sim, tome isso, Alec!

Anastásia então entrou na água rasa e mergulhou o balde, enchendo-o até a
borda, sorrindo maldosamente de seus próprios pensamentos perversos. Quando se endireitou para pôr seu plano em prática, um movimento chamou sua atenção. Vários metros adiante, no mar, uma grande cauda de peixe acenou e então, segundos depois, afundou na água. Ela cambaleou para trás, assustada, e a alça do balde, que estava em suas mãos, acabou escorregando por sobre seus dedos pequeninos. O objeto afundou e com a próxima onda, ele foi puxado para fora de seu alcance. Imediatamente, quase como se estivesse no automático, ela amaldiçoou o acontecido com o único palavrão que ela já ouviu sua tia usar:

— Merda! — E afobadamente, colocou a mão sobre sua boca, rezando para que ninguém tivesse a ouvido. Ela lançou para trás um olhar nervoso por cima do ombro, mas, felizmente, para seu alívio, não havia ninguém por perto. De acordo com a sua tia Eva, garotas de cinco anos de idade não deviam usar palavras feias assim. Outro movimento na água a fez virar subitamente para a direita. E então ela o viu. Desta vez por completo. Em um momento de descanso, magnífico!

Um Amor Como Redenção Onde histórias criam vida. Descubra agora