SIX DAYS OF HEAT

prologue

Enquanto batia as unhas recentemente aparadas sobre a mesa de mogno, Lee Taeyong checava seus e-mails com atenção, até que o barulho alto do telefone invadiu o escritório, assustando-o um pouco.

— Sim? — atendeu, ainda um tanto distraído, encarando o monitor do seu computador.

— Senhor Lee, um rapaz procura pelo senhor, diz que veio por conta do anúncio. — o rapaz finalmente prestou atenção ao que sua secretária dizia do outro lado da linha, endireitando-se em sua cadeira instintivamente.

— Faça-o entrar. — entrelaçou os dedos sobre o tampo da mesa e voltou-se para a porta.

Duas batidas suaves foram ouvidas por ele e logo em seguida a porta foi aberta, exibindo uma mulher alta e esguia que sorria de forma simpática na direção oposta à que seu chefe se encontrava. Apontou para dentro da sala, abrindo espaço para que o rapaz que havia anunciado entrasse. Rapidamente um homem alto de pouco mais de 20 anos surgiu no campo de visão de Taeyong. Correspondeu da mesma forma gentil ao sorriso de Sooyoung, a secretária, que sussurrou um praticamente inaudível "com licença" fechando a porta do escritório deixando-os a sós.

Lee sentiu seu estômago contorcer com o que via. Era sem dúvidas um alfa, do tipo que explicaria o olhar um tanto abobado de sua funcionária, alto e absurdamente bonito. Os cabelos eram curtos e escuros, impecavelmente hidratados e os olhos impossivelmente negros o encaravam curiosos. O ômega piscou rapidamente, maneando a cabeça como se tentasse sair do transe que a presença altiva daquele alfa provocava. Apontou a cadeira em frente à sua mesa, fazendo com que o moreno se aproximasse um pouco mais e se sentasse.

— Você foi o primeiro a responder o anúncio... — Taeyong se levantou, rodeando a grande mesa, encostando-se a ela e cruzando os braços enquanto analisava o belíssimo espécime de alfa a sua frente. — Qual o seu nome?

— Bom, era uma oferta tentadora, o senhor deve concordar. Preferi não perder tempo... — o alfa disse rouco e baixo, fazendo o ômega estremecer. — Eu me chamo Jaehyun.

— Você não teve medo do que iria encontrar? Quer dizer, e se eu fosse um velho babão e tarado a procura de garotos dispostos a me ajudar em meu heat? — Taeyong arqueou a sobrancelha, olhando o moreno de maneira desconfiada.

— Claramente você não é... — disse mordendo os lábios ridiculamente vermelhos.

O ômega não conseguiu esconder o sorriso manhoso que surgiu em seu rosto, erguendo um pouco suas bochechas. Na verdade, assim que pôs os olhos no ômega, Jaehyun não conseguiu se lembrar de alguém que fosse mais bonito do que aquela criatura. Os cabelos negros, penteados para trás em um topete impecável, o rosto completamente liso e sem qualquer resquício de pelos, a pele levemente amorenada, em um bronzeado naturalmente perfeito. Ele não sabia para onde olhar primeiro. Até que o ômega se virou, buscando algo sobre a mesa e ele teve certeza de que devia olhar para o traseiro empinado e arredondado coberto pelo tecido da calça social.

— Você entendeu o anúncio? Você sabe por que está aqui certo? — ele juntou alguns papéis nas mãos, e virou-se para o alfa, fixando seus olhos nos dele.

— Sim. — disse simples.

— Então a proposta é a seguinte: serão apenas seis dias, você virá morar comigo e deverá estar sempre disposto, disponível e pronto para mim. Sem perguntas. Eu serei seu por seis dias e a sua única obrigação será me satisfazer. — Taeyong estendeu os papéis o suficiente para que o moreno alcançasse. — Você receberá por seus serviços uma quantia razoável, somente no fim da semana, conforme estava no anúncio. Em troca disso, peço-lhe apenas a sua discrição.

O mais alto corria os olhos pelo contrato que lhe foi entregue. Era unir o útil ao agradável, aliviar o heat daquele ômega não seria um sacrifício como ele havia pensado, e ser pago para isso seria apenas um bônus. Ele se sentia como um gigolô? Sim. Se incomodava com isso? Definitivamente não.

— Isso é apenas um esboço do contrato que nós vamos assinar. Preciso dos seus dados para prepará-lo. — Jaehyun assentiu, piscando seus grandes olhos negros.

Taeyong voltou a se sentar em sua cadeira, enquanto Jaehyun lhe entregava os papéis e os seus documentos. Os minutos seguintes foram silenciosos. Enquanto o ômega preparava o contrato, o alfa tamborilava seus dedos compridos sobre a mesa e corria os olhos pelo escritório. Não era uma dessas salas enormes, mesmo assim, era imponente, assim como o ômega baixinho, sentado à sua frente e concentrado no que fazia.

— Posso fazer uma pergunta? — Jaehyun encarou Taeyong, que ergueu os olhos oferecendo-lhe a atenção que ele pedia.

— Não. Sem perguntas, lembra-se? — o contrato foi impresso e entregue para o moreno, que o assinou imediatamente. — Não vai ler?

— Preciso? — olhou-o desconfiado, vendo um novo sorriso surgir no rosto esculpido.

— Não. De forma nenhuma. — Jaehyun assentiu, devolvendo os papéis assinados. — Uma das cópias ficará com você, caso você tenha interesse, pode ler os detalhes, mas, eu posso lhe garantir que não existem surpresas. Além disso, aí estão meu endereço e telefone. Você deve ir até minha casa no sábado.

— Tudo bem. — ele sorriu gentilmente, mostrando suas profundas covinhas.

Ambos se levantaram e Taeyong acompanhou Jaehyun até a porta, abrindo-a em seguida.

— Até sábado, Jaehyun. — sorriu sem mostrar os dentes.

— Até, Taeyong.