SIX DAYS OF HEAT

we're cool for the heat

Para Lee Taeyong, depender de um alfa em seus heats era algo deplorável. Se tratava de um ômega completamente independente e dono do próprio corpo. Odiava precisar de alguém, quem quer que fosse esse alguém, para fazer qualquer coisa, odiava a dependência e tudo que vinha junto. Mas, era sempre assim, de três em três meses, era obrigado a ceder aos próprios instintos, permanecendo submisso durante seis dias inteiros.

Entretanto, em sua concepção, os alfas estavam muito embaixo na cadeia alimentar. Apesar do que a biologia gostava de afirmar, machos alfa não possuíam qualquer outra utilidade dentro da sociedade que não fosse satisfazer os ômegas. Ele inclusive. E por essa razão, se utilizava de duas armas poderosas naquele mundo: seu cheiro característico, capaz de enlouquecer qualquer em um raio de 100 km e, é claro, o dinheiro. E sempre, ouça bem, sempre tinha os melhores alfas em sua cama.

Para tanto, Lee usava de uma plataforma não convencional: ele contratava aqueles que considerava aptos e dignos para estarem com ele durante o período que ele chamava vulgarmente de "apelo dos genes". Era muito simples, a propaganda era feita boca a boca, sua fama corria pela pequena Daegu e todos sabiam dos seus interesses.

Na prática se tratava de um anúncio mensal em um pequeno jornal, simples e eficaz, durante os meses entre um heat e outro, Taeyong fazia uma análise minuciosa de todos aqueles que se apresentavam para ocupar o cargo no mínimo inusitado, ao fim do período de avaliação ele escolhia o felizardo e firmava com ele um contrato.

Esse contrato continha informações básicas a respeito do próprio Taeyong e do alfa escolhido, nada muito detalhado, dados pessoais como filiação e endereço, tudo para que aquela relação permanecesse tão profissional quanto possível, dadas as circunstâncias. Havia apenas uma cláusula: discrição.

Lee Taeyong era um homem discreto, vivia em uma parte afastada da cidade, conhecida por abrigar apenas aqueles mais abastados, a cláusula proibia terminantemente a comunicação do endereço do ômega ou de qualquer outra informação referente a ele, inclusive aquelas relacionadas à sua aparência, por ser recluso, pouquíssimas pessoas sabiam como ele se parecia e quase sempre se surpreendiam com sua beleza assim que passavam pela porta de seu escritório.

Então era isso. Simples e prático. Apenas uma transação comercial. Ainda assim praticamente todos os alfas de Daegu se digladiavam para ter a oportunidade de passar seis dias com o ômega misterioso que se recusava a ser marcado. Sua reputação o precedia e todos aqueles que acabaram em sua cama, eventualmente, nutriram o desejo secreto de marcá-lo.

Apenas Jung Jaehyun jamais se interessara por aquela competição, nunca respondera ao anúncio ou se oferecera para curar as ânsias sexuais de Lee Taeyong. Ele acreditava que aquilo tudo era uma grande besteira e que aquele ômega não valia tanto esforço assim. Quer dizer, contrato? Não estavam tratando de negócios e sim de sexo. Ele não precisava daquilo, ele tinha a própria reputação a zelar e não estava disposto a desacreditá-la.

A verdade é que Jaehyun estava ocupado demais satisfazendo as próprias necessidades e algumas vezes, quando se tratava de uma ômega muito boa, satisfazendo as delas. Entretanto, o negócio da família começou a desandar, a padaria não dava tanto lucro quanto antes então, decidiu que, talvez fosse uma boa ideia responder ao anúncio daquela vez. Ele não fazia ideia de quanto, mas, parecia se tratar de uma boa quantia.

Por essa razão, na segunda-feira, levantou-se muito cedo e decidiu ir à Lee Inc., antes de assumir seu posto na padaria. Escolheu um jeans preto e desavergonhadamente apertado; e uma camisa de botões branca, estrategicamente aberta na altura do tórax, porque, bom, ele precisava usar todas as armas que tinha ao seu alcance, o que no caso era o próprio corpo, e ele o exibiria o quanto pudesse. Ninguém resistia ao charme dos Jung, e com Lee Taeyong não seria diferente. Ele tinha certeza disso.