DESEJOS Obscuros - LIVRO 4 - SÉRIE DESTINOS

Capitulo 5 - Fernando

Desse dia até agora, ainda não me recuperei. Sabe a sensação de que um buraco imenso se formou debaixo dos seus pés e você começa a cair sem conseguir segurar em nada? Bom... Isso não chega nem perto de como fiquei e estou ainda.

Os dias foram passando como borrões, Carlos voltou a falar comigo depois de muito custo, quase dois meses, mas se já éramos distantes, agora piorou, às vezes ele vem apenas para ir à casa dos avós. Eu sei que mereço toda a fúria dele, mas ainda assim me magoa profundamente, mesmo que eu não demonstre. Estamos próximo às férias de meio do ano e sugeri a Carlos que fossemos a Fernando de Noronha, ele aprovou e Luíza achou ótimo estarmos novamente juntos, mas ainda quero muito conquistá-la.

Estou sabendo que William foi a Tóquio, por esse motivo não estava em Abril no aniversário de Carlos e agora estamos em Junho e ele ainda não voltou. Essa viagem pode ser a única chance que tenho de convencer definitivamente Luíza a estar comigo, preciso tentar novamente. Mesmo com Magda me enchendo o saco para sair dessa, preciso fazer uma última tentativa, se mesmo com essa distância ela continuar dizendo que o AMA, serei obrigado a aceitar de vez que perdi.

Saio do meu escritório determinado a última tentativa, mesmo que para isso precise mentir um pouco.

— Como te falei houve um imprevisto. — Passo a mão pela barba, ainda argumentando o que inventei. — O Juiz marcou a audiência para dois dias depois da viagem, qual o sentido de viajar na sexta e voltar segunda de manhã?

— Carlos, está contando com essa viagem há semanas, não pode cancelar! — Diz sem gostar.

— Pô, Luíza quer que eu faça o quê? — Exagero gesticulando. Ela sabe que tenho compromissos.

— Vai depois da audiência, Fernando é a lei do óbvio. — É sarcástica.

Sento novamente no sofá próximo a janela do escritório, apoio o tornozelo no joelho, e aperto o queixo com os dedos. Preciso convencê-la.

— Você sabe que se não ganharmos ou tivermos que recorrer, será mais uma burocracia e vou acabar demorando dias para ajeitar tudo, não quero que ele perca as férias esperando Lu. — Esfrego o rosto, falando a única verdade. — Sabe que foi difícil reconquistá-lo.

— Não vou deixar meu filho perder as férias por culpa do seu trabalho, Fernando perdemos muito por isso e não vou deixar agora. — diz o que eu queria escutar. — Eu vou viajar com ele.

— Lu, não tenho palavras para agradecer.

— Não estou fazendo por você, é pelo Carlos, você está o perdendo novamente, Fernando. — Avisa e sinto um frio na barriga ao pensar isso. — Depois, não chore pelo que você mesmo plantou. — Senta e volta ao trabalho, mas sua frase me intriga.

— O que quer dizer com "perdendo meu filho", Luíza? — digo estreitando os olhos. — Se pensa que só porque está namorando, meu filho vai chamar outro homem de pai, está muito enganada. Eu sou o pai dele! — falo irritado, ela levanta irritada.

Acabamos voltando ao assunto do início do namoro dela, e lógico, nos alteramos.

— Carlos é meu filho, Luíza! E mesmo que esteja casada, ele não vai ter outro pai! — Praticamente grito.

— Algum problema, Luíza? — Vitor entra, sem bater e olha para nós, então infla o peito todo protetor. Luíza diz que logo o chama e volta me encarar quando ele sai.

— Fernando, nunca te impedi de seguir sua vida, sempre foi livre, mas o fato de conhecer William há muito tempo está te incomodando, não é? — Sorri parecendo satisfeita.