A Face Do Fim | Trilogia: Faces | Spin-off

Capítulo 18 - Sempre Do Meu Lado

- Ah meu Deus! - minha mãe sentou no sofá, ela estava pálida

- Eu sinto muito - me abaixei e olhei nos olhos dela - Eu sinto tanto, mãe

- Minha filha - ela me abraçou - Joice, minha menina

- Nós estamos aqui - meu pai se aproximou e se envolveu no nosso abraço, eu sabia que contar a eles seria difícil, mas eu me senti leve depois de tudo

- Nós vamos dar um jeito - meu pai disse

- Eu já pesquisei - sorri fraco - Não há o que fazer, só podemos... Deixar ir

- Nunca seremos capazes de deixar você ir, filha - ver meu pai chorar era difícil, eu não me lembrava de tê-lo visto desse modo

- Eu...- olhei para trás, Fernando estava nos observando, ele estava estranho desde o dia anterior, quando descobriu sobre a doença - Eu, vou sair um pouco e... Lhes dar privacidade

- Fique, filho - minha mãe pediu

- Eu preciso sair - ele passou a mão pelos cabelos, então rapidamente foi em direção a porta, saindo e nos deixando sós

- Ele precisa de tempo - falei - Ele não está aceitando muito bem

- Ninguém está - meu pai se levantou e andou de um lado para o outro

- Henrique - minha mãe disse baixo

- Não, Leila, eu não estou bem com isso, não! Não! Não vamos perder a nossa filha - ele olhou para mim - Deve ter um jeito, Joice, vamos vender a casa, vamos pegar todas as economias, iremos atrás do melhor médico do mundo se for necessário, eu não posso aceitar - ele olhou para cima e fechou os olhos, seu sofrimento era evidente, estava acabando comigo

- Pai - me levantei e caminhei até ele - Eu perguntei ao doutor, eu pensei nisso, mas... Não há nada que eu possa fazer, só existe remédios para amenizar, não existe uma cura, eles nem mesmo sabem a causa

- Joice - ele me olhou, lagrimas caindo pelo rosto do homem que me criou, meu herói

- Eu sinto tanto, pai, me dói fazer vocês sofrerem, dói ver o Fernando fugindo, você e a mamãe chorando, isso é pior do que a própria doença

- Eu vou fazer tudo o que você quiser - mamãe disse tão baixo que quase não escutei - Eu amo você, minha filha - ela se levantou e veio até mim - Eu estou morrendo por dentro, a minha menina, eu não... - ela colocou a mão no rosto, me aproximei e a abracei

- Mamãe, eu amo tanto você, nunca esqueça, eu vou guardar você para sempre no meu coração

- Que tipo de pai eu serei se não puder resolver isso?

- Henrique - mamãe se afastou de mim e foi até seu marido - Não se torture, meu amor - ela o abraçou

- Eu não posso Leila! - ele encostou a cabeça no ombro dela, eu os vi chorar abraçados, eu vi seus corpos tremerem pela força da dor, eu senti aquilo no meu peito

- Mamãe, papai - sussurrei

Os dois abriram seus braços para mim e eu fui até eles com o coração na mão, eu os deixei me apertarem, eu queria sentir os dois, as pessoas mais importantes da minha vida, aqueles que me deram a vida e cuidaram de mim

...

Eu ajudei a arrumar a mesa, nós preparamos o jantar juntos e decidimos ignorar a doença naquela noite, ri com eles na cozinha e até mesmo joguei farinha no meu pai, nós estávamos em uma espécie de transe, fingindo que tudo aquilo era um pesadelo