A Face Do Fim | Trilogia: Faces | Spin-off

Capítulo 04 - Meu Jogo Preferido

Eu descobri mais coisas sobre ele, Heitor era de certa forma, arrogante em relação a sua aparência, algumas pessoas poderiam considerar isso um grande defeito, bem, vejamos: "eu acho que depende"
Quando a pessoa é arrogante em tudo que faz, é um exagero, é até feio, porém eu não posso culpar Heitor, ele não é cego, ele tem um espelho em casa, certo? Se ele se achasse qualquer outra coisa senão lindo, então ele era mentiroso ou louco

- O que está fazendo, ruiva? - a voz de Léo atrás de mim, fez com que eu fechasse o notebook abruptamente, interrompendo minha linha de pensamento sobre Heitor

- Que susto, Léo!

- Você está escrevendo demais - ele estreitou os olhos - Eu não sabia que era necessário digitar tanto para fazer cálculos

- Eu estou... Estou elaborando algumas planilhas, também preciso de informações antes de elaborar qualquer cálculo, eu sou cuidadosa - respirei fundo no final da minha explicação, eu não era tão boa mentirosa, principalmente quando se tratava das pessoas próximas a mim

- Claro - seu olhar me dizia que ele não acreditava em mim, entretanto não iria insistir no assunto

- Por que você não vai trabalhar hein? - me levantei, pegando meu notebook como se fosse uma pedra de diamante - Só vejo você andando por aí

- Que isso, ruiva? - ele colocou a mão no peito dramaticamente - Eu estava agora mesmo em reunião com uma cliente, ela queria desistir do projeto que Lucca estava trabalhando a meses, sem descanso

- Isso é sério?

- Sim - ele balançou a cabeça - Eu a convenci do contrário, você sabe que sou bom nisso

- Claro que é - revirei os olhos

- Léo, poderia me levar até a saída? - olhei para a dona da voz, ela parecia encantada com a criatura que estava na minha frente

- Ela disse "Léo"? - questionei, somente para que Léo escutasse

- Eu sou amável com nossas clientes, ruiva - ele arrumou a gravata e se virou para a mulher - Claro, querida, vamos até a saída - Léo se afastou, levando embora aquela coitada inocente

Ou talvez não tão inocente

- Você percebeu que ele disse: "nossas clientes", né? - me virei para ver meu irmão encostado na parede, de braços cruzados e com uma expressão divertida no rosto

- Eu notei - balancei a cabeça - Isso não vai nos causar problemas, né? Tipo... Uma acusação de assédio ou sei lá?

- Duvido muito, maninha - ele riu - Léo pode ser o que for, menos burro

Ele tinha razão, não havia motivos para se preocupar, Léo não colocaria tudo a perder se ele notasse riscos, talvez, ele fosse o mais inteligente entre todos nós, eu admitiria isso para mim, mesmo que nunca dissesse para ele

...

No final da tarde, eu estava do lado de fora do bar, pensando se eu entraria ou não, por algum motivo desconhecido, o lugar estava lotado, o que era estranho, já que era meio da semana, no balcão eu podia ver Heitor e Tati trabalhando juntos, de um lado para o outro, se esbarrando, rindo, fazendo comentários aleatórios, eles pareciam... Bonitos um ao lado do outro, eu tinha que admitir isso, por mais que me causasse aquela sensação desconfortável

Me virei para trás, um casal discutindo chamou minha atenção, eles estavam passando e falando alto sobre ter ou não um cachorro, fiquei observando até eles sumirem de vista, quando olhei para frente mais uma vez, vi Heitor vindo em direção a saída, olhando diretamente para mim, enquanto um senhor gritava atrás dele, o mandando voltar imediatamente