9. Calabouço

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     - Pelos deuses Mirabela! – Kota grita, com o choque ao me ver nos braços de Patrick, sangrando.

     - Vai, grita mais alto Kota! – digo entre dentes, com ironia na voz. Ela morde o lábio, percebendo que o nome ¨Mirabela¨ está exposto em todas as ruas, e que não seria nada agradável acordar o vilarejo com seus berros com ele.

     - Desculpa – ela murmura, antes de ajudar Patrick a me deitar no sofá.

     - Onde tem linha? Fachas? – ele indaga, exasperado.

     - Calma! – grunhiu, lhe fazendo ficar quieto – Não precisamos disso – completo, ofegante. – Ela sabe fazer magia de cura – digo, indicando Dakota. Na verdade, eu não faço ideia se ela sabe. Supus, já que lera aqueles livros. Deveria haver algo neles.

     Kota assenti, mas hesita ao se ajoelhar no meu lado.

    Ela morde o lábio, como se estivesse pensando em algo, mas logo descarta-o, balançando a cabeça.

     - Está bem – suspira.

     Ela pressiona suas duas mãos juntas onde Thomas me atingiu, e diz umas palavras estranhas. Palavras em outra língua. Elas estavam escritas no livro das marcas estranhas, provavelmente. Essa era a língua escrita em todos aqueles livros de magia. E ela sabe pronunciar direitinho... Estranho. Muito estranho.

     Uma luz fosca branca surge no buraco em minha barriga, então minha pele começa a se remendar lentamente, até não conseguir mais sair um pingo de sangue dali. É como se ele nunca tivesse me atingido.

     Kota pega um pano úmido, começando a limpar o sangue de minha barriga. Não há mais cortes. Poucas coisas me impressionam, mas isso foi Incrível. Magia é muito interessante e misterioso. Gosto disso.

     Respiro fundo, aliviada por meu corpo não estar doendo tanto, e respirar sem parecer que há cacos de vidro em meu pulmão.

     - Nossa, não sabia que ainda existiam pessoas aqui que faziam magia - Patrick diz, surpreso.
Kota me ajuda a sentar. Estou curada, mas ainda dói. Respiro fundo, já sabendo a dor de cabeça que vou ter com a tal conversa de Patrick. Isso não é hora de discutir, mas o quanto antes terminar com isso, melhor!

     Ele senta na poltrona de frente ao sofá, suspirado. Suas mãos passam pelos sedosos cabelos, como se tentasse aliviar a tenção.

     - Quer que eu lhe diga por que vim e sobre o que vim conversar? – ele indaga, arqueando uma sobrancelha. Se eu não quiser falar sobre isso, Patrick não vai falar e deixar para outa hora. Mas quero. Preciso falar sobre isso. É melhor já cortar suas asinhas antes que outra coisa lhe venha a mente.

     Assinto com a cabeça.

    - Primeiramente... Que caralhos aconteceu enquanto eu estava fora? – ele ruge, com reprovação em seus olhos. Engulo em seco.


     Conto a ele sobre eu ter fugido, e meus motivos – não que ele tenha ficado convencido, já que nunca me entenderia. Acha isso uma bobagem, e meus motivos principalmente. De acordo com ele, não é meu dever matar Selena. Mas eu discordo completamente. Preciso me vingar. Vingar meu... povo, meu irmão... Todo mundo que ela destruiu; e duvido que outra pessoa tenha coragem de enfrenta-la. Já estou aqui, e não é ele quem vai me impedir de concluir meu dever - Em seguida, sobre o que eu faço aqui na vila, e como está indo meus planos, até a noite do baile, onde vi Amin. Patrick fica de cara quando eu digo que Amin está vivo; ele sabia que Oceanside tinha sido invadida, mas achou que minha família inteira tinha morrido. Por fim, digo como Selena e Olavo me acharam.

Reino DestruídoOnde histórias criam vida. Descubra agora