When you thought you could be in another world

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Eu sempre fui uma vergonha para a minha família e então resolvi fugir. — Começou Himchan assim que Yongguk sentou ao seu lado. O mais novo foi se aconchegando aos poucos mais perto do outro, encolhendo-se enquanto revivia as cenas perturbadoras. — Achei a pousada Chouji quando meu carro também quebrou na estrada. O quarto 209 foi meu, por isso aquela mala estava lá e... Isso tudo é loucura.

— O quê?

— Parece história de filme romântico de baixa renda, mas assim que assumi minha homossexualidade, meus pais me forçaram a casar com uma moça qualquer. Eles acreditavam que eu "viraria homem" se conhecesse uma boa mulher. Eu nunca tinha visto aquela jovem na vida e quando me forçaram ao noivado, sumi na mesma noite. Como um diabo fugindo da cruz, fiz tudo escondido e escolhi as estradas mais desconhecidas para escapar. — Himchan parou de contar suas memórias quando um alto uivo soou no silêncio, mais uma vez, assustando ambos. Bang fungou um pouco, escondendo o nariz, vermelho pelo frio, no casaco grosso; sua atenção estava totalmente focada no outro rapaz de novo. — Eu havia acabado de me formar em História e queria aproveitar a vida viajando pelo mundo todo. Por que meus pais não podiam aceitar isso? Eu só quero ser livre!

O rapaz encolheu ainda mais seu corpo, contendo as lágrimas. Ainda ressentido, o professor o olhava de soslaio, tentando não abraçá-lo ao ver sua figura tão exposta. De repente um pensamento lhe ocorreu:

— Mas, e esses cartazes? Eles estão te procurando por aqui, como ainda não te encontraram?

— Não, não são eles. O pessoal da pousada que está me procurando... Sabe como é: eu sumi sem pagar pelo quarto 209. Eles só querem me encontrar para que eu pague o que devo. Meus pais nunca me procuraram.

— O quê? Himchan, você deve estar delirando! Todos te viram entrar comigo na pousada e passar esses dias todos no meu quarto.

— Não, eles não viram.

O professor começou a sentir a irritação tomar conta de seus sentimentos. Sentia cada parte queimar, mesmo que estivesse coberto de neve fria.

— Eu cansei, Kim Himchan. Primeiro você surge para me socorrer naquela estrada vazia, do nada. Depois pede para dividir a cama comigo porque estava com problemas em casa, então me vem com essa maluquice toda dizendo asneiras incompreensíveis? Diga algo que faça sentido ou irei embora. Já perdi muito tempo aqui!

— Você não acreditaria em mim... Depois que... Depois que parti, tudo ficou uma loucura e você foi o único que realmente confiou em mim. Não vá!

— Do que você está falando, Kim? Fale a minha língua de uma vez!

O mais novo engoliu seco algumas vezes, olhando para a grande figura trêmula à sua frente. Esticou o braço esquerdo e puxou o professor de volta, ficando lado a lado novamente. Mexia nos dedos da mão, incapaz de controlar o próprio nervosismo. Mais lobos uivaram, formando um coral assustador.

— Tudo tem um motivo, Yongguk. Quando fugi de casa pelo preconceito dos meus pais, quando meu carro quebrou também e vim parar nesse lugar. Isso tudo tem um motivo. — Retrucou com velocidade, finalizando seu pensamento com a respiração ofegante. — Você desviou do caminho que sempre fazia, seu jipe quebrou e dormiu no quarto que era meu por um motivo... Você me encontrou por um motivo!

— Qual?

— Para me salvar. Isso se chama destino!

— Mas que caral...

— Não, me escuta! — Virou-se de supetão, segurando firme na gola do casaco de Bang; estava entre as pernas abertas do homem. Sua voz começou a falhar enquanto tentava falar mais alto que os uivos: — Era uma noite fria como essa e nevava. Fazia três dias que eu estava longe de casa. Eu tive um sonho ruim e sai para passear, sem avisar ninguém, afinal todos dormiam. Andei por entre essas árvores sem medo, apenas tentando espairecer. Algo me atraia para entrar cada vez mais na floresta coberta de neve. Até que percebi estar perdido... Eu me perdi nessa porra de floresta, Yongguk!

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