This is the place that you choose to be with me

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Yongguk encostou no parapeito da sacada sentindo o vento marítimo gelar seu rosto. O mar consumia a areia aos poucos, cada minuto subindo mais um tanto, fazendo um caminho hipnotizante até a orla. Não havia uma alma viva àquela hora nas calçadas de Pohang, mesmo com o clima agradável de verão.

Soltou o ar pesadamente e bagunçou o cabelo escuro diversas vezes antes de entrar. Passou por entre os sofás escuros da sala e a televisão gigante, indo direto para a pequena cozinha dali. Pegou a caneta vermelha em cima da mesa e riscou mais um dia no calendário.

Fazia apenas uma semana que estava naquele lugar paradisíaco, mas já se sentia entediado ao extremo.

Encheu um copo com água da torneira e voltou para a sala, jogando-se no estofado macio. Esticou-se até que pudesse pegar sua caixa de remédio e ligar a caixa de som. Uma música calma preencheu seus ouvidos e se permitiu relaxar por alguns minutos. Enfiou dois comprimidos brancos na boca e os engoliu com a água, fazendo uma careta em seguida.

Estava de férias e mesmo assim não conseguia relaxar, não depois de tudo o que havia acontecido com Kim Himchan. Depois de ter sido levado até o hospital, acompanhado de seus pais em prantos, ficou três meses internado em uma clínica de reabilitação. Convivia com idosos doentes, jovens perturbados e crianças complicadas; mesmo assim, ninguém conseguia levar sua história à sério.

Estava em estado de choque e ficou fora de si por um longo tempo, as únicas palavras que saiam da sua boca pareciam contos de fada para quem ouvia. Ele não estava alucinando, sabia que tudo o que havia vivido com Himchan era verdade, por que não podiam acreditar?

Quando, finalmente, decidiram o liberar para viver em sociedade mais uma vez, foi forçado a frequentar uma psiquiatra três vezes por semana. Por conta de seus terrores noturnos, precisava tomar aqueles remédios controlados.

Sentia-se solitário porque ninguém queria realmente ouvir sua história e seus devaneios. Olhavam-no estranho quando dizia que havia tido a melhor semana de sua vida e que Himchan o considerava uma espécie de "herói". Nem mesmo os pais de Kim, depois de tudo o que havia acontecido, conseguiam olhá-lo como um filho, parecia que não o tratavam como um ser humano só por ser quem era. O enterro estava vazio e só o professor ficou tempo o suficiente para ver o caixão ser coberto pela terra.

Tudo aquilo fazia a cabeça de Bang Yongguk rodar. Haviam sido os piores seis meses da sua vida: confusos, complicados, dolorosos e tristes. Tratavam-no como um desequilibrado, e poder fugir um pouco da pressão de sua família havia sido ótimo. Nos primeiros dias, pelo menos.

Ficar sozinho por tanto tempo deixava sua mente trabalhar e ferver, trazendo à tona diversos momentos, cenas, falas e ações de Himchan, vívidas e verdadeiras. Não conseguia lidar com o fato e sentia que ninguém conseguiria o entender completamente. Ele havia sido presenteado com um amor puro, e assim fora retirado de si sem mais nem menos.

A saudade de Kim doía como brasa em seu peito.

Yongguk teve um sobressalto quando uma brisa forte gelou seu corpo. Olhou para a janela aberta e ponderou se deveria fechá-la ou não, todavia antes que pudesse continuar seu debate interno escutou um baque vindo de seu quarto.

Franziu o cenho, curioso.

O barulho se repetiu, o forçando a desligar o som e prender a respiração, tentando prestar mais atenção. O silêncio reinou por um instante, até o ruído se repetir. Levantou-se apressado, indo a passos largos até a porta entreaberta. Estava escuro e a única luz que iluminava o lugar era a da sala.

A porta rangeu como em um filme de terror e segurou um palavrão na ponta da língua.

— Por que essas coisas só acont... — As palavras morreram em sua garganta aos poucos, completando a feição espantada que moldava seu rosto. Não conseguia gritar, falar ou respirar direito. Parecia que todo o ar havia sido tirado de si e alguém segurava sua garganta com força, o fazendo parecer um idiota enquanto tentava engolir.

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