Capitulo 4
Entrei no enorme banheiro de porcelanato branco e azul. Algumas garotas retocavam suas maquiagens, outras faziam inúmeras poses diante do espelho tirando fotos e mais fotos com seus celulares caros.
Respirei fundo uma, duas, três vezes dizendo a mim mesma que aquela sensação era momentânea. Fiquei com a imagem daquele cara na minha cabeça, por que diabos ele me olhava com tanta raiva? senti um arrepio frio descer pela minha espinha.
Abri a tornei e acompanhei a água escorrendo pelo ralo tentando focar meus pensamentos em outra coisa que não o aperto em meu peito. Lavei meu rosto sem me importar com a maquiagem que agora estava toda borrada, reparei alguns poucos olhares curiosos, mas ninguém se aproximou.
Meu coração palpitava e quando lembrava daquele olhar diabólico em cima de mim parecia que ele ia rasgar meu peito. Tornei a tentar controlar minha respiração, peguei um pano limpo e retirei o resto de maquiagem do rosto.
Sai decidida a ir para casa o mais rápido o possível. Precisava me afastar daquele tumulto de gente e para piorar tudo aquele vestido me sufocava, me amaldiçoei por ter entrado na conversa de Sarah. mas que aquilo me service de lição.
Danny estava na estrada do banheiro feminino segurando uma garrafa de água mineral. Ele me olhou com a testa franzida, sabia perfeitamente que eu tinha problemas com síndrome de panico. para mim as vezes era um tanto difícil sair da zona de conforto. por vezes tudo ficava normal, mas alguns excessos me deixavam mal. Encostei ao lado dele e peguei a água. Estava envergonhada por não conseguir me controlar. respirei fundo e comecei a tomar metade do liquido em pequenos e longos goles refrescando minha garganta.
Quando tomei metade da água suspirei já me sentindo mais calma. olhei ao meu redor esperando não ver o homem assustador, eu tinha de ir embora dali, precisava tirar esse vestido, precisava da minha cama.
- Obrigada Danny. -agradeci pegando meu celular e chamando um táxi pelo aplicativo.
- Nem sonhando Calie, pode esquecer. -falou puxando devagar o celular da minha mão. - Te levo pra casa, não posso deixar você ir sozinha não.
- Eu me viro, fique e curta o resto da noite. Não quero ser responsável por terminar tua festa antes da hora. - olhei ao redor e sorri sem graça - Tem um monte de garotas bonitas dando mole hoje.
Ele me olhou fazendo careta e balançou a cabeça em negação. Sem falar nada pegou minha mão e me guiou ate a saída, onde pagou nossas comandas e pegou a chave do carro que estava no estacionamento privado.
- Calie, você sabe bem que eu não gosto de boate. So vim por tua causa. Sarah as vezes não tem noção com o inconveniente e passa dos limites. Desculpe por ela.
Ele destravou o carro e abriu a porta para que eu entrasse.
- Obrigada pelo apoio moral. Você é meu herói.
Sarah era minha amiga desde que nos entendemos por gente, na verdade não lembro da minha vida sem ela. Mas nossos temperamentos eram bem diferentes. ela gostava da agitação e as vezes não respeitava o fato de que eu ficava bem tendo uma noite cama em casa. Ela insistia em dizer que tudo aquilo era perda de tempo e juventude.
Fomos para meu apartamento. Em alguns momentos eu olhava a rua como se procurasse alguma coisa. O trajeto de volta foi calmo e silencioso, mas eu podia sentir uma energia estranha no ar, como se houvesse estática.
Danny entrou comigo e eu logo pedi licença para trocar de roupa. coloquei um pijama de algodão, suspirei sentindo o tecido macio e confortável tocar meu corpo. Percebi que meu coração já não batia acelerado.
- Ah! ai esta Calie.- brincou Danny quando entrei na sala. Ele estava jogado no sofá já sem sapatos com os pés na minha mesinha de madeira. - O que você fez com a estranha sexy com quem cheguei?
Gemi achando a brincadeira péssima. Peguei o controle da tv e comecei a procurar um filme qualquer. Peguei um pote de soverte e duas colheres, sentei ao lado dele e ficamos ali quietos durante um tempo.
- Você estava incrível hoje.
Fui pega de surpresa, senti minhas bochechas esquentarem. Eram raros os elogios a respeito da minha aparência. Na verdade não lembrava da ultima vez em que o cara me chamou de linda. Suspirei convencida eu mesma de que aquilo era meu amigo tentando fazer com que me me sentisse melhor.
Peguei no sono depois de pouco tempo.
Um sonho estranho aos poucos começou a preencher o espaço em negro da minha mente. Eu me encontrava de frente a um abismo, ao longe eu via pessoas andando de um canto ao outro como se tivessem sem rumo. Havia um murmurio vindo deles, mas eu não entendia o que diziam. Estreitei meus olhos e prendi a respiração como se isso fosse ajudar a ver ou ouvir melhor.
- Eles estão lamentando, não vale a pena se esforçar para entender o que falam. -uma voz masculina veio de trás de mim. - No fim das contas todos eles fazem o que querem em vida porque a verdade é que ninguém acredita que esse lugar existi de fato ou se acreditam não sentem que deve realmente temer, acho que pagam para ver.
- Quem é você? - perguntei assustada.
A alguns metros diante de mim estava um homem de aparecia perigosa, ele era alto, forte de cabelos negros e olhos vibrantes cor de violeta. Eu nunca tinha visto olhos como aquele. Vi um sorriso se formar em seus lábios e um choque percorreu meu corpo.
Dei alguns passos para trás. Eu estava tremula.
- Que lugar é esse? – aquilo não era real, foi o que eu disse a mim mesma. O homem parecia que não se importava com nada ao redor dele, apenas me fitava com um olhar divertido.
- Aqui é meu reino minha querida e aquelas lá não são pessoas como você está pensando. São almas que vem para cá, amaldiçoadas pelas inconsequências de suas vidas miseráveis.
Ele se aproximou de mim. Tentei andar para longe mas não consegui, parecia que meus pés não me obedeciam. Comecei a respirar mais rápido com o medo que me tomava. Olhei ao meu redor e o que havia era uma paisagem sobrenatural. Um céu de diferentes tons de vermelho, um chão duro parecia feito de nada além de rochas, nenhum tipo de vegetação se podia ver. Ao horizonte inúmeros vales.
Ao longe um raio cortou o céu seguido de um trovão ensurdecedor. Abaixei tampando meus ouvidos, mas mesmo assim ouvi os gritos das almas, elas agora se agarravam umas as outras chorando.
- É engraçado aqui nunca chove. – falou distraído com o céu.
- Por Deus, quem é você? – vi seus olhos brilharem e ele sorriu de forma assustadora.
- Esse minha cara não pisa aqui a milênios. Mas respondendo a sua pergunta, eu me chamo Raphael. – ele me fez uma curta reverencia.
Ele se aproximou de mim e tocou meu rosto com as pontas de seus dedos. Fechei meus olhos virando a cara ao sentir a frieza áspera deles sobre minha pele.
Aquilo tinha de ser um sonho, eu estava prestes a acordar.
- Tudo isso aqui é real minha querida.
Ele se aproximou de mim e deu um leve beijo em minha bochecha.
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the dark reign
FantezieSempre é assim, embora seja pra poucos, uma mulher que tem a vida independente, embarcando num novo romance e vivendo seu auge na carreira... é quando tudo desaba e sua vida passa a ser dor e infelicidade, após descobrir que recebeu uma herança nada...