Capítulo 25

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Valentina

Abro meus olhos e olho ao redor, estou em um quarto de hospital e não sei por que ou como vim parar aqui... Todo meu corpo dói e eu nem se quer consigo me mexer, quando olho melhor vejo alguém dormindo sentado na poltrona do hospital, que por sinal não me parece um hospital público, mas sim um particular...

Tento abrir um pouco mais meus olhos para ter certeza do que eu estou vendo. A pessoa dormindo é Derek. O que ele está fazendo aqui? Melhor, o que eu estou fazendo aqui? Me desespero e acabo gritando chamando por alguma enfermeira ou algum médico.

Uma enfermeira chamada Beatriz vem ao meu encontro e me pede calma, dizendo que eu não posso fazer esforço, um dos meus braços está enfaixado e meu pé também. Derek acorda devido a minha gritaria e eu encho meus olhos de lágrimas ao ver Derek aqui, de imediato peço a enfermeira que o tire do quarto, qualquer que seja o motivo de eu estar aqui, não o quero comigo. Ele tem que ficar o mais longe possível de mim.

Derek troca algumas palavras com a enfermeira em um tom tão baixo que eu não consegui escutar nada, ela apenas se retirou do quarto nos deixando sozinhos.

-Por favor fique calma. Eu não vou te fazer nenhum mal. Só quero que você fique bem. Derek olhava fixamente em meus olhos.

-O que aconteceu comigo? Por que eu estou aqui? As lágrimas saiam descontroladamente de meus olhos.

-Eu vou te explicar tudo. Mas por favor, não chora.

-Eu quero saber, fala Derek. Fala o que você tá fazendo aqui!

-Primeiro vou pegar um pouco de água e seus remédios.

E assim ele fez, me trouce uma bandeja com um copo de água e alguns comprimidos. Sem nem saber para que serviam os comprimidos, tomei todos o mais rápido que pude. Eu só queria saber o que estava acontecendo.

-Pronto. Agora me fale de uma vez por todas ou chamarei alguém para me dizer o que aconteceu comigo. Eu tenho o direito de saber.

-Sim, me desculpe, você tem todo o direito de saber. Pode deixar, eu vou contar detalhe por detalhe.

Eu não respondi nada, apenas o encarei fixamente afim de saber tudo. Com um braço e pé quebrado eu tinha certeza que não tinha sido coisa boa.

-Do que você se lembra da noite anterior?

-Eu so me lembro de estar voltando para casa de ônibus e depois não lembro de mais nada.

-Pois bem, o ônibus em que você estava era velho, sem manutenção e cheio de falhas mecânicas. Estava chovendo e o ônibus acabou deslizando causando um grande acidente com outros carros em uma avenida super movimentada de Fortaleza.

-Então foi isso que aconteceu comigo. Abaixei a cabeça e respirei aliviada.

Pelo que pude ver, graças a Deus não aconteceu o pior comigo e com uma boa recuperação ficarei bem. Mas isso não explicava por que Derek estava comigo.

-Por que você ta aqui? Falei bem seca. A presença dele estava me intrigando. Percebi que ele respirou profundamente antes de me fazer uma pergunta e seus olhos fitavam minha barriga.

-Quando você ia me contar que estava esperando um filho meu?

-Como assim esperando um filho seu?

Meus olhos brilharam de felicidade ouvindo sua pergunta, por mais que eu não estivesse com ele e não tivesse planejado engravidar, naquele momento senti o amor mais puro que eu poderia sentir. Eu seria mãe e essa notícia me fez feliz como nunca antes nada me fez feliz na vida.

-Então você também não sabia ainda? Derek ficou surpreso ao perceber que eu também não sabia da existência desse bebê.

-Não! Eu não sabia... Mas agora que sei não posso deixar nada de ruim acontecer comigo ou com meu filho.

Nesse momento sinto que devo proteger meu filho a qualquer custo. Sinto uma enorme vontade de acariciar minha barriga e quando faço isso não sinto nada. É como se Derek tivesse mentido para mim e não houvesse gravidez. Então o olho e não reconheço aquele homem a minha frente... Ele está chorando. Derek está chorando como uma criança e eu pude ver tristeza em seu olhar.

-Minha doce Valentina... Por favor me perdoa por tudo que te fiz...

-Derek para. Não quero escutar nada de você. Me chame agora um médico. Quero pedir exames para saber como meu bebê está. Derek segurou em minha mão.

-Valentina, ele se foi...

-Como assim ele se foi?

-Você infelizmente sofreu um aborto e nosso filho morreu.

Agora quem parecia uma criança era eu. Foi como se um pedaço de mim estivesse ido embora. Senti a pior dor da minha vida. Nada se comparava a dor de perder um filho que nem se quer eu sabia que ia ter.

-Por favor Derek. Me diz que isso não passa de uma pesadelo...

Derek deitou na cama comigo e me abraçou, ele também estava sofrendo com nossa perda, ficamos ali abraçados chorando por muito tempo até que ouvimos batidas na porta. Era Beatriz.

-Desculpe incomoda-los nesse momento difícil, vejo que você agora sabe o que lhe aconteceu e eu sinto muito. Posso imaginar como isso é difícil para vocês, mas precisamos fazer alguns exames e saber se está tudo ok com você e seu útero.

Nesse momento eu não respondia mas por mim, eu só queria morrer. Não me importava como estava meu útero. Me desesperei e queria sair correndo, mas com um pé quebrado eu não ia conseguir ir longe. Chorei e gritei na intenção de botar toda a dor que eu estava sentindo pra fora!

Derek a todo momento pedia que eu me acalmasse mas eu não conseguia. E também não queria ele comigo. Um filho poderia mudar tudo o que ele me fez passar? Todas as vezes que chorei e que fiquei me sentindo um nada por causa de suas atitudes?  Não. Eu acho que não. Muito pelo contrário, agora a única coisa que eu sinto é raiva. Ódio.

Continua...
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