Chapter 28

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Deserto da Patagônia, Argentina, Ano de 2017.


Jennie's Point Of View.


Acordei com o chamado de Lisa. Ela já estava vestida e dizia que estava na hora. Me vesti também, sentindo o frio parecer ter se duplicado. Coloquei uma coberta em volta de mim e Lisa riu, apesar de acabar fazendo o mesmo com a outra.

Caminhamos até a nave e ela falou algumas palavras que não entendi nada, pressionando sua palma em um ponto da nave. Um barulho começou a surgir e as luzes se acenderam. Dei um passo para trás um tanto receosa, aquelas luzes eram estranhas e o barulho daquela nave foi algo nunca ouvido por mim antes. Foi como se mais nada existisse.

Lisa entrou na nave e a segui, ainda receosa. O lugar era realmente pequeno por dentro apesar de ser grande por fora e apenas um assento existia ali. Uma tela na parte de cima do lugar acendeu e vi aparecer a imagem de um Senhor que deduzi ser seu pai.

"Lalisa? Filha? Você está bem?" A voz dele transpassou pânico.

"Acalme-se, pai. Estou bem, a nave tinha quebrado, mas já foi consertada."

"Onde está? O que houve? Te procurei como um louco em Andrômeda e não achei. Não senti a energia de sua nave. Nossa, que susto! Eu prometo que não irá em nenhuma missão daqui para a frente."

"É que, bem, estou na Via Láctea. Mais especificamente no Planeta Terra." O silêncio se instaurou por alguns segundos. "Eu sei que eu não deveria vir, mas estava chato e entediante e acabei vindo, porém a Betelgeuse..."

"O que eles fizeram com você? Te machucaram?" A voz do homem parecia puro medo.

"Não, pai. Encontrei pessoas boas e que me mantém em segurança contra a NASA. Não se preocupe."

"Lisa, eles são uns animais. Jamais se pode confiar em um terráqueo." Falou enfurecido. "Já que a nave está concertada, venha para a casa. Aqui conversaremos melhor." A extraterrestre deixou um longo suspiro se esvair. "Eu conheço esse suspiro. O que há de errado?"

"Veja bem..." Ela me olhou e mordeu seu lábio inferior, voltou o olhar para seu pai.

"Eu...não vou voltar." Falou.

"Como assim não vai voltar?"

"Não vou voltando, oras. Papai, eu sei que tem uma visão ruim deles mas realmente existem pessoas boas e..."

"Lalisa, qual é o motivo?" Ele a interrompeu.

"Se o Senhor..."

"Qual é o motivo!!?" Repetiu interrompendo a filha novamente.

"Eu me apaixonei." Assumiu.

"Presumo que seja pela moça ao seu lado." Falou e Lisa concordou. "A faça tocar no Vorton."

"Papai..."

"Eu preciso dessa paz se te deixarei aí, Lalisa!. Se só me comunicarei a distância eu preciso que ela toque no Vorton." Ela suspirou e me olhou, segurando a minha mão e acariciou a mesma.

"Não se preocupe." Sussurrou com a voz calma. "Vorton é apenas um sistema da nave. Apenas os puros de coração podem viajar nelas. Bem, não nessa pois foi programada somente para mim, porém ela tem o sistema mesmo assim." Explicou. "Pessoas impuras de coração podem se perder no espaço por energias ruins, pois energia negativa atrai energia negativa. E ...se elas se perdem nessas energias ruins elas ...jamais voltam."

Falou e assenti, demonstrando que eu estava entendendo. "Ele só quer saber se você é uma pessoa boa. Focalize em algo bom e toque bem aqui." Ela falou me mostrando um ponto no ar. Assenti, respirei fundo e estiquei minha mão.

Foi a sensação mais estranha da minha vida, como se algo no ar estivesse sugando e mantendo presa a minha mão. Meus olhos se fecharam sem meu consentimento e a tratei de focar em algo bom, como Lisa disse.

"Os puros de coração têm a passagem liberada para as mais lindas aventuras. Não nessa nave, mas seja bem-vinda a lista de autorizados."

Uma voz robotizada falou e minha mão foi solta. Olhei para Lisa e ela sorria.

"O que isso significa, Liz?" Perguntei intrigada.

"Como eu disse, nessa nave apenas eu posso viajar, mas ela identificou suas emoções como verdadeiras e sinceras. Ela identificou você como pura de coração." Arregalei os olhos.

Eu era pura de coração? Oh. Nem eu sabia.

"Ótimo. minha menina, eu amo você e ..."

"Ela se chama Jennie." Lisa explicou.

"Ótimo. Jennie, cuide dela para mim." Assenti.

"Droga, Lalisa vocês precisam sair daí agora!!. Estão a caminho!!. Estão a caminho!!." Ele exclamou e Lisa assentiu.

"Diga a mamãe que eu a amo e diga a Lia que bom, você sabe...eu a amo também." Falou em um fio de voz e o homem assentiu.

"Certo. Entrarei em contato de alguma forma, não se preocupe. Agora que sei onde está será fácil te achar. Esse planeta é minúsculo." Ele falou e Lalisa riu.

"Não há tempo, corram!!." Ela assentiu e se despediu. Pegou minha mão e me puxou até o carro. Coloquei a chave na ignição e liguei o carro, acelerando bastante. Eram estradas retas e vazias por ali e aproveitei.

"Coloque o cinto, querida." Falei e ela assentiu. Fiz o mesmo e corri em 2 horas e meia o caminho que fazia em 3 horas e 45 minutos. Sorri satisfeita mas vi que havia carros em frente à minha casa.

Droga.

Eu sabia quem eram. Conheci um dos rapazes. Eram os agentes da NASA. Deixei o carro em algumas ruas dali e pela casa de trás da minha, que vivia abandonada, pulei a cerca com Lisa. Peguei minha chave e entrei com ela em total silêncio. Senti uma mão pressionar minha boca e me apavorei.

"Shhh, shh. Sou eu, Jen." Rosé sussurrou e pude respirar aliviada.

"Troquem de roupa agora. Anda." Sussurrou e assenti, tirando as roupas grandes e vestindo meu blusão de dormir. Lisa fez o mesmo e percebi a temperatura quentinha, como se o aquecedor estivesse ligado há um bom tempo já.

"Agora qualquer uma das duas dê um chupão na outra." Arregalei os olhos e as batidas insistentes na porta continuaram. "Faz o que eu digo e diz que já vai."

Assenti puxando Lisa pela cintura e enterrado minha boca em um ponto visível de seu pescoço, sugando a região. A extraterrestre gritou um 'já vai!.' E assim que terminei Rosé bagunçou meu cabelo e o de Lisa e acenou para que eu fosse atendê-los. Caminhei até a sala e abri a porta fingindo cara de sono. Vários homens apontavam armas em minha direção e engoli seco.

Seja o que Deus quiser.

The Betelgeuse - Jenlisa VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora