Chapter 8

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Ushuaia, Argentina, Ano de 2017.

Jennie's Point Of View

Alguém, pelo amor de todas as coisas boas, me diz o que raios eu vim fazer aqui?

Rosé havia conseguido arrastar Lisa e eu para uma danceteria. Eu não queria vir, eu estava cansada e só vim pois a extraterrestre disse que queria conhecer a cultura do nosso planeta. Rosé lhe disse que era uma das melhores coisas do mundo sair para dançar, eu discordo totalmente.

O barulho alto e aquele monte de gente roçando uns nos outros me faziam ver que eu nunca fui deste mundo. Nunca gostei disso, nunca gostei de pessoas bêbadas, suadas, fedidas, falando extremamente alto com desconhecidos. As pessoas aparentavam ser felizes ali, mas a verdade é que a grande maioria eram pessoas vazias. Não que elas fossem más, pelo contrário, eram boas demais e provavelmente tiveram algo na vida que buscavam substituir estando ali: Esquecer um amor, briga com família, briga com namorado, um mau dia no trabalho, a falta de amigos verdadeiros. O problema não era ir para uma balada e sim ir pelos motivos errados.

Eu sou do tipo que prefiro me isolar quando estou triste, não quero ver ninguém. Somos apenas eu, meu fone de ouvido e dependendo do nível de tristeza, um bom livro.

Agradeci mentalmente por ser frio e o suor das pessoas diminuir, porque se fosse calor eu já não estaria mais aqui.

Eu estava sentada no bar e Rosé e Lisa estavam na pista de dança. Lisa não sabia dançar e foi bem cômico ver Rosé tentando ensiná-la. A verdade é que ela não tinha paciência para ensinar ninguém a respeito de nada. Park Chaeyoung era despojada, com o espírito livre e era muito afobada, ela não entendia como alguém não sabia algo que para ela era fácil. Ela tinha boas intenções, mas o pavio era curto.

Um...dois...três drinks foram o suficiente para me deixar animada, eu não tinha o costume de sair e, por conseguinte, tampouco de beber.

Escutei alguém se jogar na cadeira ao meu lado e virei minha cabeça. Uma linda moça, com um vestido preto brilhante, brincos de argola, um salto alto no pé e uma leve maquiagem sorriu gentilmente para o barman. Seus cabelos eram longos, batiam abaixo dos seios e pela luz do lugar pude ver que seus olhos eram lindos.

Os de Lisa também são.

Mas não era o mesmo nível de beleza, era diferente. A verdade é que eu não sei porque acabei comparando as duas. A moça sorriu para mim e reparei que seu sorriso era realmente lindo.

"Sozinha por aqui? Veio afogar as mágoas?" Perguntou curiosa.

"Não, vim com amigas." Apontei em direção à Rosé e Lisa. "Só não gosto muito de dançar, não levo jeito para isso." Expliquei.

"Compreendo." Falou pegando o drink que o barman que lhe entregava. Ela o agradeceu e voltou a me olhar. "Servida?"

"Não obrigada." Falei, sorrindo agradecida. Escutei aquele doce som tão conhecido por mim. Era a risada de Lisa.

"Jen, a Rosie me fez beber isso." Falou me apontando um drink de Frizzé, uma bebida azul bem conhecida aqui na Argentina. Era doce e não parecia ter álcool, porém tinha.

"Gostei desse suco." Falou bebericando mais um pouco de sua bebida. Arregalei os olhos para Rosé e ela pressionou o indicador sobre sua boca, me pedindo silêncio. Neguei com a cabeça, rindo.

"Não vai nos apresentar sua nova amiga?" Rosé disse em bom tom, pois a música estava alta.

"Oh sim. Essa é... " Eu não sabia seu nome. Que distraída.

"Kang Seulgi " A garota completou, sorrindo.

"Prazer, somos Rosé e Lisa." Falou e Lisa fez uma careta engraçada.

Afinal, quantos desse drink Rosé a fez tomar?

"Podemos ir embora, Jen? Essa musica alta está fazendo minha cabeça doer." Lisa pediu e Seulgi me olhou com um olhar estranho.

"Oh, vocês moram...juntas?" Perguntou e a extraterrestre assentiu com um angelical sorriso.

"Podemos sim. Aproveitamos e passamos em alguma farmácia 24 horas para comprar uns remédios, em casa não tenho nenhum." Falei e ela assentiu, coçando os olhos.

"Está com sono?" Perguntei e ela assentiu outra vez, entregando o copo para Rosé e se aproximando de mim. Apoiou sua cabeça em meu ombro e afundou seu rosto em meu pescoço. Sua ação me mostrou o quanto ela estava cansada.

Não mencionei, mas Lisa tem medo da chuva e aqui chove muito. Ela disse que em seu planeta as chuvas são ácidas e dei graças a Deus por eles morarem no subsolo. Então certa noite ela me acordou de noite, assustada quase a ponto de chorar. Me sentei e a envolvi em meus braços depois de vê-la apavorada, ela me explicou sobre seu planeta e a tranquilizei, com carícias em sua nuca e couro cabeludo. Ela dormiu em meus braços e acabei pegando no sono também.

Desde então, sempre que está cansada demais ela faz isso, se ajeita na curva de meu pescoço e a acaricio até que durma. 

Parece um anjinho.

"Nada de dormir aqui, Liz. Vamos, vou chamar um táxi e vamos para a casa." Falei e ela assentiu. "Foi um prazer Seulgi, me chamo Jennie." Falei e ela sorriu.

"Nos vemos por aí" Finalizei e Rosé disse que ficaria um pouco mais. Assenti e pegamos nossos casacos e nos despedimos, saímos do local e chamei um táxi. Assim que entramos no táxi eu passei as coordenadas de onde eu vivia e Lisa se aconchegou em meu peito. Seu perfume misturado com o cheiro inebriante de álcool, de certa forma, era bom.

Eu não conseguia controlar meu coração martelando desesperadamente contra meu peito cada vez que ela se aproximava, ultrapassando o limite do meu autocontrole. Acariciei seus cabelos dourados enquanto via lá fora as primeiras gotas de chuva darem início ao que seria uma tempestade.

"Seu cheiro me acalma." Ela sussurrou e abaixei meu olhar para ela. Era indecifrável, ela tinha o mesmo brilho nos olhos cada vez que me olhava e eu não sabia explicar o que era aquilo. Talvez fosse por se sentir segura ao meu lado. O barulho de trovão fez com que o medo dominasse seu olhar e sua mão apertou minha cintura.

"Shhh...shhh...É só um trovão. Vai ficar tudo bem." Sussurrei e permanecemos assim durante todo o trajeto.

The Betelgeuse - Jenlisa VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora