Sempre procurei palavras que fossem capazes de descrever o que realmente significa ser um membro da realeza. Talvez, seja semelhante à quadros, que esboçam toda a beleza dos vestidos enriquecidos de magnetismo e da perfeição que engole seus passos e ecos. Talvez seja se estreitar em ondas pesadas ou tentar se desvencilhar dos segredos que percorrem todas as nervuras da coroa. Ou é, simplesmente, deixar que todas as decisões saísse dos outros, menos de você mesmo.Lembro-me, perfeitamente, quando comecei a pensar assim. Quando quis entender as razões por não me sentir sortuda e várias vezes infeliz. Como na primeira semana de Março, quando um guarda foi ordenado a não tirar os olhos de mim, enquanto meus pés me levavam por todo o contorno do jardim e minha mente tentava se desvencilhar de tudo que não tivesse de acordo comigo mesma.
Mas, aquilo havia sido ridículo! Mais do que isso, na verdade.
Na minha cabeça, essa lembrança, sempre se junta com várias outras, em um ritmo bastante idiota! Como se qualquer coisa fosse um gatilho para alarma-las.De qualquer jeito, sou a herdeira do trono Cortunylandes. A princesa de Cortunyland e a próxima na linha de sucessão! Será que é tão difícil perguntar o que eu penso? Será que é chato ouvir a minha voz? Já começo a me pegar protestando, e indagando todas as possibilidades de ainda me sentir forte.
E, mesmo que pareça egoísmo, não me importo. Que seja, então. Não vejo problema se for. Meu egoísmo é um grão, perto dos que realmente afetam a vida desse castelo.
Que afetam a minha vida!
Semana passada, fui obrigada a ouvir o mais ásperos dos comentários em um dos cafés da manhã. Não que fosse a primeira vez que eu ouvisse, porque, na verdade, não era. O problema de verdade, havia sido a pessoa que resolveu se manifestar na hora, e no lugar errado.
"Lola, em breve você será a rainha de Cortunyland, já está na hora de se casar, não? Tenho alguns perfis de pretendentes que você deve conhecer."
Aght! Quis deviar os olhos do meu pai, mas não consegui! Tentei controlar o ritmo da minha respiração, mas não consegui. O que ele queria dizer? Que eu só seria uma boa governante se tivesse uma marido nas costas? Aquilo significava que eu era obrigada a me casar? Por quê? Por que sou mulher?
Tá. Não vou mentir, e muito menos ficar me enganando. Claro que eu tinha suspeitas que isso aconteceria. Isso nunca foi escondido de mim, e na verdade, preferia que fosse. Mas, decidir datas, pretendentes ou qualquer coisa a respeito disso, é minha função. Mesmo que um reino inteiro dependa disso, é a minha vida em jogo!
E, para ser sincera, acho ridículo não poder ser rainha sozinha. Sou capaz de preencher todos os vazios desse reino e, consequentemente, torná-lo melhor. Juro que já me peguei pensando, muitas vezes, se tudo isso seria diferente caso minha sexualidade fosse oposta a de agora.
Em geral, talvez fosse! Homens, ao todo, não precisam de casar para que o trono seja deles. Sckarz Wilton, rei e poder absoluto em Arkpolinton, reino vizinho ao nosso, não se casou quando chegou sua vez. Não ansiava por isso, não por um casamento. Então, subiu ao trono sozinho! Claro que isso gerou poucas dúvidas e especulações de quem seriam os próximos herdeiros, mas nada muito absurdo. Nada que não fosse resolvido com um pronunciamento real ou algo assim.
Porém, posso estar sendo feminista demais. Uma princesa deve saber os limites das coisas e, principalmente, de si própria. Precisa fazer sacrifícios pelo seu povo, e um deles é casar-se por interesses de Estado. Não por amor.
Isso deveria ser normal para qualquer pessoa da realeza! Se casar pelo trono, por jóias e por uma coroa é a razão pela qual, nós da nobreza vivemos! É minha obrigação achar isso banal!
Mas não acho!
Não consigo pensar assim! Ou talvez consiga, mas não quero. Não quando terei que enfrentar o pior castigo de todos: um casamento sem amor!
Terei sorte se souber seu nome, sobrenome, e quão rico ele é!
Droga, não quero isso para mim! Quero ser feliz, sozinha. Ser rainha sozinha. E isso não significa, desdém ou solteirice sem limites, significa, sei lá, felicidade?
É em horas como essa que, o meu sub-inconsciente, se pergunta o que as protagonistas dos livros da Jane Austen fariam. Mesmo que nenhuma delas venha a ser da realeza e seus problemas sejam, até um pouco, inferiores aos meus.
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Alma de Borboleta [Completo]
ChickLitE se você tivesse que desistir de tudo para conhecer a si mesmo? Lola, princesa de Cortunyland e herdeira do trono, não precisava de mais nada. Apenas era necessário sorrir e se preparar. Mas, assim que sua vontade de ser rainha sozinha é fina...