Alma de Borboleta [Completo]

Capítulo 3: Sábado, 8 de Abril - Junto da Louise, no terraço

As notícias dizendo sobre a minha abdicação, já começaram a correr. E, mesmo não entendendo como, fico bastante aliviada. Mas, não vou mentir, estou com medo. Medo de perder tudo que eu tenho!

Medo de me perder!

Sempre fui a Lola Compson, herdeira do trono e princesa de Cortunyland, nada mais que isso! Poucas vezes me dei o trabalho de reaver meu interior ou duvidar do que eu realmente queria.

Agora, vendo tudo o que está acontecendo, tenho medo de ter feito a escolha mais equivocada do mundo! De acabar não conseguindo me reconhecer!

Medo de ver que, agora em diante, vou ser apenas a Lola.

Talvez, esse castelo, essas jóias, essa coroa, tenham me dado uma segurança e a imensa possiblidade de me conformar com tudo a minha volta!

Será que eu sou capaz de ser apenas eu?

Louise conversou comigo hoje, sobre isso. Ainda era cedo e tudo o que eu menos queria era sair do quarto dela. Poderia estar atrapalhando seu trabalho ou quaisquer que fossem seus compromissos, mas lá era o lugar perfeito.

Ela é a pessoa perfeita!

"Lola, há várias maneiras de deixar de ser princesa. Você só precisa escolher uma." Ela disse, colocando no lugar alguns objetos que estavam no chão.

Respirei fundo.

Queria chorar mais!

"Mas não é assim tão fácil, Louise." Parei de falar propositadamente, esperando que Louise me olhasse nos olhos. E foi o que ela fez. "Será que eu fiz a coisa certa?"

"Ei," Finalmente ela parou de mexer naquelas coisinhas e se sentou ao meu lado. "cadê a mulher que eu conheço, hein? A princesa que diz, com todas as letras, que as mulheres são capazes de tudo."

"E se eu não for capaz?" Me segurei para não chorar. "E se eu não conseguir representar essas mulheres incríveis?"

"Lola, sua obrigação não é representar outras mulheres!" Ela se entortou, só o bastante para que ficássemos de frente uma para a outra. "É representar você mesma!" Louise parou, respirou fundo e sorriu.

Ela estava com um brilho!

Um brilho que eu quero ter.

"Você enfrentou tudo, Lola! Tudo! Seu pai, seu povo e uma lei! Você sabia que não iria aguentar um casamento negociado e muitos menos ser tratada como incompetente, só porque é mulher. Você não se calou! Não quis ser uma princesa qualquer."

Chorei. Simplesmente, voltei a chorar.

"Você é capaz, Lola!" Ela pegou minhas duas mãos e apertou-as bem forte. "Você é tão capaz, que chega a duvidar disso!"

Comecei a chorar mais! Tanto que comecei a engasgar por causa dos soluços.

"Mas têm coisas que eu não quero perder! Como você, minha importância." Engasgei.

"Lola, você não vai me perder." Louise disse, tentando secar algumas lágrimas no meu rosto. "E você não precisa ser importante para outros. Seja importante para você mesma!"

Louise respirou fundo, outra vez. Antes de falar a última frase da qual eu me lembro: "Você é uma mulher incrível!"

Depois disso, algumas lágrimas começaram a jorrar mais forte e minha capacidade de entender as coisas mudou completamente. E, não me importei, na verdade. Porque, a parte mais importante da conversa já estava bem gravada dentro de mim.

E, pensando em tudo, desde o começo, não é estranho pensar em como posso ser uma mulher incrível para eu mesma.

Para eu mesma ser feliz!

Louise tem bastante razão! Eu não vou perde-la e não vou perder minha importância!

Eu perderia a mim mesma! Perderia a Lola que existe dentro de mim.

E, amanhã, quando discursar a minha transformação ao povo Cortunylandes, todos vão entender que não faço isso por fraqueza ou incapacidade.

Mas sim, porque entendi que não podemos desperdiçar o maior tesouro que temos: NÓS MESMOS!

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