Part 24 A mula

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Era uma tarde tranquila no aeroporto do Galeão, o saguão estava vazio e o voou com rumo a Barcelona estava previsto sair no horário.

__ Dia tranquilo __ comentou um agente da polícia federal em um dos guichês.

__ Muito tranquilo mesmo __ respondeu a atendente com um sorriso muito simpático __ nenhum pouco parecido com aquele inferno de todos os dias.

__ Espero que continue assim, ontem o dia foi de cão __ o policial encostou-se no balcão enquanto o auto falante anunciava a chegada de mais um avião __ três apreensões, espero poder sair no meu horário hoje, sabe aniversário da minha esposa.

Tudo parecia calmo até que um detector de metal disparou e todos agentes correram para ver o que estava acontecendo.

__ Alarme falso __ informou um segurança__ ele__ e balançou a cabeça mostrando um passageiro meio desajeitado __tem uma prótese e titânio.

Uma calmaria tomou conta novamente do saguão, ele estava praticamente deserto com exceção de um pequeno grupo que aguardava para embarcar para Europa.

"Voou da companhia Jet Airlines com destino Barcelona, embarque portão 12"

Todos se levantaram e seguiram pelo portão de embarque, foi quando a calmaria se cessou, uma das passageiras parou de caminhar de súbito, ela olhou para os lados e agarrou o braço de sua amiga, essa a olhou com um olhar de preocupação.

__ O que foi? __ perguntou a amiga.

__ Pelo amor de Deus me ajuda, eu estou morrendo __ seus olhos estavam arregalados tamanho era seu pavor.

__ Como assim morrendo?

__ Estourou __ e uma lágrima correu pelo seu rosto e suas vistas foram escurecendo.

Quando acordou, não sabia onde estava, de início viu apenas uma luz branca e aos poucos sua vista foi ficando mais nítida, viu que estava deitada e logo percebeu que estava em um hospital, tentou levantar, mas sentiu algo lhe puxando de volta, olhou para o braço e viu que estava algemada a maca, pelo menos estou viva, pensou.

Não sabia quanto tempo já tinha se passado, estava tonta, perdida; tinha apenas uma certeza estava viva e presa. Não sabia dizer se passou alguns minutos ou algumas horas, foi então que um homem muito bonito e vestido com um terno preto entrou na enfermaria, abaixou-se bem próximo dela e com um sorriso no rosto.

__ Bom dia __ cumprimentou ele __ como vai?

__ Quem é você e o que quer comigo?

__ Desculpa __ ele sorriu __ eu sou Thiago, polícia federal e quem faz as perguntas aqui sou eu.

Ela não tinha muito o que fazer apenas afundou-se na maca e com os olhos cheios de lágrimas acenou com a cabeça.

__ Qual é o seu nome? E o você fazia com tata droga em seu estômago?

__ Minha amiga? O que vocês fizeram com ela? __ perguntou a garota.

__ Amiga? Que amiga? __ Thiago parecia meio perdido, não fazia ideia de quem ela estava falando, não tinha percebido que ela não estava sozinha no aeroporto __ não sei de amiga nenhuma, mas por enquanto eu quero saber de você, quem é você? Para onde você ia e quem lhe contratou?

__ Meu nome é Marina __ suspirou __ é a única coisa que posso te contar.

__ Anda garota me conta tudo __ Thiago não parecia muito feliz __ você tem ideia do que vai acontecer caso não colaborar? Você vai ser presa por tráfico internacional de drogas e com certeza lá na cadeia eles vão acabar com você, eles têm meios para isso, sua única chance é abrindo o jogo comigo, me contando tudo que você sabe, então não pense, conte-me tudo, quem te aliciou, para onde ia e quem receberia a droga e quanto você iria receber.

Marina mais uma vez deixou uma lágrima percorrer pelo seu rosto, fechou os olhos tentando buscar em sua memória todos detalhes dos acontecimentos dos últimos anos de sua vida.

__ Eu não sei quem ia me pegar no aeroporto, quanto a pagamento não tinha nenhum.

__Como assim? Sem pagamento?

__ Faz dez anos __ o rosto de Marina entristeceu __ eu tinha oito anos, meus pais me deram para um casal de alemães, pensaram que eles iriam cuidar de mim, mas eles me venderam para um Russo, ele me levou para Istambul e me obrigava a prostituir em um bordel de luxo, eu vivi lá até completar dezesseis anos, foi então que fui vendida mais uma vez, um homem me comprou, ele se chamava Edgar, foi meu cafetão por dois anos, o meu pagamento era minha liberdade __ os olhos de Marina se encheram mais uma vez de lágrimas __ dez viagens e minha liberdade, esse era meu pagamento.

__ Você me disse Edgar? Edgar Machado?

__ Ele mesmo?

__ Mas ele está morto.

__ Graças a meu bom Deus esse rato está ardendo no quinto dos infernos.

__ Se ele está morto, quem te fez a proposta de liberdade? __ Thiago estava mais perdido do que nunca.

__ Uma mulher, nunca tinha ouvido falar nela, ela ficou no lugar dele, foi ela que me fez a proposta.

__ Mirian?

__ Nunca ouvi falar em nenhuma Mirian, a mulher que com quem falei se chama Tatiana.

__ Tatiana? __ Thiago parecia assustado __ você disse Tatiana, Tatiana Vasconcelos?

__ Não sei o sobrenome, nem sei se ela se chama Tatiana de verdade.

Thiago andou de um lado para o outro na enfermaria, fez sinal para seu parceiro se aproximar, Marina não conseguiu ver seu rosto, ele entregou uma pasta nas mãos de Thiago, ele a abriu e retirou uma fotografia e a mostrou a Marina.

__ Essa é a tal Tatiana?

Marina apenas acenou com a cabeça confirmando.

__ E agora? O que vai ser de mim?

__ E agora minha querida, você está sob a proteção da polícia, se você nos ajudar nós poderemos te ajudar.

Thiago saiu da enfermaria deixando dois policiais na porta de entrada com orientação de não deixar que ninguém se aproximar.

Crianças PerdidasWhere stories live. Discover now