Ilusão

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Eu sei que o destino não é legal com algumas pessoas, mas cara comigo só pode ser sacanagem.

Então, depois de toda aquela merda que aconteceu no dia da formatura, acabei indo pra casa a pé e fazendo das flores um escudo, o que não adiantou muito.

E pra piorar, sim sempre pode piorar. No dia que fui devolver o smoking a atendente me disse que eles não lavavam aquele tipo de resíduo. Acabei tendo que pagar pelo smoking com o cartão da minha vó e ainda tive que levar na lavanderia.

Depois dessa história toda, acabei desiludido e só me apaixonei de novo dois anos depois. Estava eu no Starbucks tomando meu café matinal quando avisto um anjo cara, sim, um anjo passando pela porta da frente, ela era a mulher mais linda que já havia visto. Ruiva dos olhos claros e mais branca que algodão. Eu não conseguia parar de olhar aquela mulher se mover, da porta para o caixa e do caixa para minha mesa. Desvio o olhar rapidamente.

O QUÊ?

— Oi.

— É... O.o.oi.

—Você é o Drimio, professor de música?

— Graças a Odin.

Ela sorri.

— Estou precisando de umas aulas.

— O que você toca?

— Na verdade eu canto. Só que bem mal.

— Duvido muito mas claro que posso, quer se matricular nas aulas de terça ou quinta?

— Na verdade, eu gostaria bastante se pudesse ter umas aulas particulares inicialmente, eu posso pagar por uma turma.

— Porquê exatamente?

— Sinto muita vergonha.

— Entendo. Meu único dia livre ê segunda, pela parte da tarde.

—Pode ser, vou te pagar adiantado pra garantir. Quanto é? - Diz ela tirando a carteira da bolsa.

— Moça, a gente ainda nem combinou direito. Aliás, nem sei seu nome.

— Sol.

— Então, moça do nome bonito... Nos vemos na segunda, vou te dar meu cartão e daí a gente combina tudo.

— Tudo bem então, até segunda.

— Muito prazer -Digo apertando sua mão que está estendida.

Como esse destino é engraçadinho.

Os dias se passavam e minha ansiedade só aumentava. Aquela garota era linda, até demais. Quando segunda-feira chegou, arrumei a sala onde dou aula, como se fosse um encontro, devo ser um idiota mesmo. Havíamos combinado às 17 e já eram 17:30.

Deve ter acontecido algo, claro. Ela está chegando.

Esperei uma,  duas, três horas e percebi que estava chegando meu horário para meu turno na pizzaria.

Será que ela não podia nem ligar? Poxa.

Trabalhei como um condenado, como sempre. Sempre deixo o celular em casa, porquê saio muito tarde do trabalho e não estou querendo ser assaltado . Cheguei em casa fedendo a gordura e fui direto para o banho. Me vesti e tal,  quando deitei na cama senti o celular vibrar em baixo do travesseiro.

— Alô?

— Oi Drimio,  é a Sol.

— Olá. tudo bem?

— Então,  me desculpa por não ter ido a aula,  sei que foi muita sacanagem minha ter amarelado,  é que só de imaginar cantando pra alguém me deixa muito nervosa.

— Não entendo.

— Eu sei... Demorei uma semana pra conseguir falar com você no Starbucks,  todo dia eu estava lá.

— Caramba,  quanta vergonha.

— Sou muito tímida.

— Nem se preocupa,  não fiquei com raiva nem nada.

— Caramba,  obrigado por entender. Pensei bem e posso ir na segunda que vem?

— Claro, mas dessa vez só vou esperar 30 minutos.

— Eu vou aparecer lá,  prometo.

— Tudo bem, boa noite.

— Boa noite.

EpitáfioOnde histórias criam vida. Descubra agora