Descobertas

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Aquela mulher simplesmente me perturbou. Caramba, além disso tudo acontecer ainda tenho que me preocupar com isso.

— Cara, eu já teria entrado em depressão. - diz John 

— Eu já sou fodido demais, imagine deprimido.

— Pois é, mas você não ficou com vontade de saber sobre o que aquela mulher estava falando?

— Não sei... vai que é mentira, sei lá.

— Ou não.

— Não quero pensar nisso agora, eu só quero beber pra esquecer isso tudo.

Ficamos sentados a noite inteira bebendo, ouvindo rock e fumando alguns.

No outro dia acordei no chão da sala, com uma baita dor de cabeça. Fui tomar um banho, pra ver se diminuía essa ressaca.

Quando o John acordou eu estava fazendo um café e do nada eu lembrei das palavras daquela mulher, que ela era esquisita, ô se era. Só que aquilo tudo me intrigou, sério. De vez em quando da vontade de saber sobre a minha mãe e tudo o que aconteceu naquela época.

Hoje vou lá no fórum, eles irão dizer sobre os bens da minha avó e blá blá blá. Isso não é muito legal até porquê minha avó não tem nada.

Ao sair de casa me senti estranho, como se alguém estivesse me observando. Comecei a andar mais rápido e ao passar por um beco alguém entrou na minha frente.

Porra só pode ser brincadeira, essa mulher de novo?

— Drimio!

— Oi de novo.

— Estava indo á sua casa, precisava conversar com você.

— Não vai dar mesmo, estou indo para a cerimônia de leitura do testamento da minha avó.

— Ah sim, espero que te esclareça algo. Tome meu telefone, se precisar de minha ajuda, estarei ao seu dispor.

— Tudo bem, obrigado. - disse pegando o cartão e enfiando no bolso.

Que mulher doida.

Ao chegar ao tal lugar, o advogado começou a falar que estávamos ali pra ouvir os últimos desejos de minha avó.

— Dona Clarisse deixa todos os seus bens para seu único parente e neto, Drimio Sander.

— Caramba essa aí é nova, ein?

— Porém, sua avó deixou algo mais para você. Uma chave e uma carta. - disse ele me entregando.

— Obrigado. Posso ir?

— Sim, assine aqui e é tudo.

Fui andando quando percebi que havia um banco fora do prédio, abri carta e então comecei a ler.

Querido Drimio,

Você sabe que você é meu bem mais precioso, te amo como nunca amei ninguém. Hoje percebo e vejo o homem lindo em todos os sentidos que você se tornou. Sei que está sendo muito difícil para você. Há muito tempo, na verdade. Hoje eu gostaria de esclarecer vários fatos a você, essa chave abre um armário localizado na rua Lion street 12, lá você encontrará várias respostas. Não desista e nunca se esqueça que eu te amo e estarei sempre ao seu lado.


Beijos, vovó.

Peguei o carro e fui até essa tal rua, na chave estava escrito b12, deve ser o número do armário.

Ao abrir, encontrei um caderno. Um mini baú e outra chave.

Tá de sacagem, só pode.

Joguei tudo dentro do carro e fui pra casa.

Ao chegar em casa, liguei a tv e coloquei uma lasanha no micro-ondas.

Já fazem três dias que não apareço na pizzaria, foda-se.

Ao examinar aqueles pertences me perguntei se eu realmente gostaria de saber tudo sobre minha vida. O pior é que eu tenho certeza que isso tem a ver com minha mãe biológica.

Enquanto comia, comecei a ler o caderno, lia-se: "Diário de Clarisse". Clarisse era minha falecida vózinha. Eu sequer sabia que minha avó tinha um diário. Ele era bem surradinho e as folhas tinham um aspecto antigo, provavelmente escrito por ela quando era bem jovem.

Dentro do baú haviam várias fotos, minha avó aparecia em quase todas. Menos em uma em que eu estava sozinho. Atrás da foto havia escrito "Ele aprende cada vez mais a cada dia, hoje ele aprendeu a dizer carro e fica fazendo os barulhinhos. Ficar com esse menino foi a melhor escolha que fiz. 28/03/1989"

Estranho, eu só tinha um ano.

EpitáfioOnde histórias criam vida. Descubra agora