Problemas!

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Sasuke abriu os olhos e fitou a escuridão. As cortinas estavam balançando devido ao vento frio que as tocava com certa brusquidão e a única claridade que adentrava o cômodo era a luz do dia ao passar pela janela, pouco a pouco, conforme amanhecia.

Se levantou, foi até as cortinas e as fechou. Pensou em ir beber um copo d'água, mas para quê? Nem sede sentia mais... Havia traços de saudade da sensação que a sede trazia, mas sua vida andava tão vazia, que nem isso conseguia, sentir a água como antes, a sensação gostosa de tê-la refrescando sua garganta.
Sentia falta, também, de escrever; seus papéis estavam jogados no fundo da gaveta em vez de estar em suas mãos, sentado na mesa de sempre, na padaria de sempre, com o mesmo notebook e o mesmo café.
Sentia falta da vida um pouco mais amena que vivia, agora tudo era ainda pior do que alguns anos ou meses atrás.

Com uma exceção.

Uma única exceção:

Naruto.

Poderia sentir inveja do outro, da alegria tão genuína, mas só conseguia sentir carinho, afeto e, talvez, um pouco de amor.

"Um pouco de amor" seria a colocação certa? Nunca se sabe se o amor é medido por quantidade, ou por tempo; só é sentido.

Voltou para a cama, pegou o celular e mandou uma mensagem de voz para Itachi.

*Como anda o caso da adoção, Itachi? Ja tem duas semanas que fui até lá conversar sobre, visitei a menina mais vezes, mas isso não é o suficiente, soube que tem alguém querendo adotá-la, por que logo agora? Ela ficou lá por um ano, um ano, Itachi!*

Bloqueou a tela e se deitou de barriga pra cima e levando o braço até os olhos, para se esconder da claridade.

Ouviu batidas na porta, se levantou e foi atender.

Quando a abriu, fitou um homem branco, alto de cabelos e olhos claros que nunca havia visto e franziu a sobrancelha.

- Olá Sasuke, como vai? Não vai me convidar para entrar?

Sasuke o encarou avaliador e pensou por um instante.

- Quem é você?

O homem sorriu, um sorriso falso que Sasuke já estava acostumado.

- Toneri, pai de Hinawari.

...

- Para, Itachi! - Sakura ria da infantilidade de Itachi, que insistia em lhe fazer cossegas.

- Só de você me der um beijo.

Sorriu cafajeste e levou um tapa.

- Pode parar, ouviu?

Saiu andando pela sala até a cozinha e ele foi atrás, se aproximou das costas dela, e assim que teve uma brecha, voltou a fazer as cócegas, pouco se importando com o que ela havia dito.

- Ok, ok! - Disse aos risos. - Eu te dou um beijo, mas pare, só pare!

Se virou na direção dele e lhe colocou os braços em volta do pescoço, sorrindo levemente, vendo o brilho dos olhos dele e o beijo veio, calmo, carinhoso, mas com vontade.
Sakura era uma mistura de pura adrenalina e calmaria, e isso gerava um interesse tremendo em Itachi.
Se separaram do beijo e ficaram fazendo carinho, ela em seus cabelos, e ele no rosto dela.

- Precisamos ir ao orfanato novamente, ou Sasuke não dará sossego.

Sakura revirou os olhos para o comentário.

- Ele está certo, Itachi. A criança é a única coisa boa que restou da melhor amiga dele, e ele tem condições de criá-la, seria injusto deixar que ela vivesse em um orfanato.

Itachi suspirou, se afastando do abraço e parecendo pensar.

- É, eu sei, mas agora com essa história do pai da criança aparecer... não sei se Sasuke terá chances.

Sakura se aproximou e o abraçou por trás, esfregando as mãos em suas costas.

- Logo agora, né? Que azar!

Depois de um ano abandonada no orfanato, um pai resolve aparecer, e com isso, prejudicar os planos de Sasuke de adotar a criança.

O problema maior, era que se ele a deixou no orfanato por tanto tempo, por que só agora o interesse na criança? Não fazia sentido e Itachi com certeza iria se certificar de que a criança estaria bem, independente de com quem ela esteja.

Andou até o telefone e começou a discar um número, a expressão séria e atormentada, a situação só podia estar realmente grave ao seu ponto de vista.

- Alô, Kakashi? Sim, sou eu, Itachi... marque um horário para mim, certo? Temos um caso para resolver.

Após não ver mais saída para a situação, decidiu que ia contatar os serviços de seu advogado.

Discou outro número e dessa vez parecia mais calmo.

- Ei, Sai! Tenho um trabalho para você, preciso que fique de olho em alguém... sim, sim, isso mesmo, te encontro naquele café daqui à duas horas, certo, certo, pode deixar!

Desligou o celular e se sentou no sofá, com Sakura massageando seus ombros.

- A situação tá tão feia assim?
Perguntou, enquanto desfazia um nó dos ombros dele.

- Pode acreditar, ainda mais por ser tão repentino esse aparecimento do pai da menina.

Levando em conta que Itachi de longe era a pessoa mais tranquila que conhecia, ao podia ser realmente grave a situação...

...

Naruto se via cheio de sacolas, tentando andar sem tropeçar nos próprios pés ou em alguma delas.
Havia comprado um monte de coisas para fazer algumas receitas caseiras com Sasuke e passar um tempo a mais com o moreno, nem mesmo havia percebido que se esquecera de avisar. Bom, não que fosse um problema, nos últimos dias, Sasuke mostrou gostar bastante da companhia dele, e duvidava que fosse reclamar aí ponto de não querer se divertir consigo, bom, reclamar, ele sempre reclama, mas acaba cedendo.
Não que Naruto fosse diferente, estava apaixonado e isso mexia totalmente com seu juízo.
Apaixonado... sim, ele estava, e isso acabava sendo perigoso demais para si, pois Sasuke era um ser imprevisível, e nunca antes havia demonstrado interesse em relacionamentos. Não ué Naruto o conhecesse tanto, mas pelo que Itachi e ele lhe diziam, era como se fosse um privilegiado por receber atenção de carinho vindo do moreno. Carinho... quem poderia imaginar, Sasuke Uchiha sendo carinhoso, o cara que sempre foi um ranzinza chatão e cheio de frescuras...
Mas nada além dele importava no momento, então se colocou a andar e por não estar tão longe da casa dele, decidiu ir andando mesmo.
Assim que chegou próximo da casa, viu do outro lado da rua, Sasuke conversando não tão amigavelmente com um homem que mais parecia um albino, o que combinava bem com o clima de Chicago.

Se aproximou devagar com as sacolas e parou ao lado deles.

- Olá, tá tudo bem aí?

Continua...

Os erros eu corrijo depois amores, bjs e bom dia!

SolitaryOnde histórias criam vida. Descubra agora