Capítulo 6

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Hoje faz uma semana desde o acontecimento mais trágico da minha vida: a morte do meu pai. Lógico que eu acordo com um sentimento horrível atravessando o meu peito. A dor da perda é tenebrosa. Penso em tudo o que vivemos, tudo o que ele me ensinou. Parece que ele sabia que em um momento eu precisaria de todas as suas lições para ser quem eu sou hoje. Eu espero honrá-lo e me tornar alguém respeitada e temida no mundo do crime. Encontrei forças para sobreviver para não manchar o seu nome, pelo contrário, o tornar mais temido ainda. Não foi por coincidência que vim parar na Rocinha, é uma comunidade grande, assim como eu quero me tornar alguém grande.

Minha escolha talvez não tenha mais volta, confesso que os moleques do morro estão impressionados com a minha inteligência e meu dom para dominar a área financeira. Existem aqueles que me olham torto ainda, pois em uma semana eu consegui algo praticamente impossível: trabalhar lado a lado com o dono do morro. Ele parece confiar em mim depois daquele teste ridículo que fez. E também, ele se sente seguro pelo fato de poder me enviar para a morte a qualquer momento, caso eu pise na bola.

Estou gostando do trabalho aqui no morro. Não é nada muito difícil e o fato de você tocar em muito dinheiro em espécie é satisfatório. Pedro Henrique não me tem recompensado muito, mas me deu uma grana boa essa semana. O suficiente para comprar alguns móveis melhores para minha casa e um telefone novo. Ao falar em telefone novo, o mesmo começa a vibrar sinalizando uma mensagem que chegava de Pedro Henrique: "Isabella, passa aqui em casa antes do baile.".

Sim, hoje é dia de baile. Meu primeiro baile aqui na Rocinha e eu confesso está morrendo de vontade de conhecer esse tão falado baile. Apesar de não está muito animada, eu estou indo motivada pela minha curiosidade. Estou vestida de maneira simples e confortável: short jeans, cropedd da Adidas soltinho e meu inseparável par de tênis vermelho da Redley. Termino minha maquiagem (também simples e bem leve), pego a chave da moto que PH me emprestou, saio de casa e vou pilotando em direção a casa do dono da boca.

Ao estacionar a moto na frente de uma das maiores casas do morro, que no caso, é a do Pedro. Eu toco a campainha e fico aguardando o mesmo vir atender.

Ele abre a porta e me dá a chance de ver uma das cenas mais excitantes do mundo: seu corpo bem definido, enrolado numa toalha, enquanto existem gotinhas de água por todo o seu peitoral. Eu tenho certeza que estou quase babando, mas encontro forças no meu interior para protestar contra aquela cena e digo:

- Não tem a menor necessidade de você vir me atender assim. Coloca uma roupa que eu espero. – merda! O que foi que eu disse? Poderia ficar o admirando assim a noite toda.

Pedro Henrique é um puta de um arrogante, mas ele é um dos caras mais lindos que eu já conheci. O cara nem tem pinta de bandido, tem a maior cara de playboy. E o cheiro dele! Nossa, que cheiro maravilhoso. É difícil resistir aos seus encantos, mas todos os dias quando eu o vejo eu lembro de um dos objetivos de vida que minha mãe me passou: "não namore um traficante.".

- Para de graça, garota! Nunca viu um homem assim? Entra, eu não vou te morder, a menos que você peça, é claro. – ele dá um sorrisinho safado.

Eu suspiro ao imaginar ganhar uma mordida daquela boca maravilhosa. Afasto esses pensamentos e novamente rebato:

- Não vou entrar na sua casa com você seminu. Me respeita, sou uma dama. Só entro quando você estiver vestido! – cruzo os braços e mantenho a expressão bem séria.

Ufa! Pelo menos não gaguejei diante daquele deus grego.

Ele revira os olhos, bate o portão na minha cara e entra.

Fico irritada ao olhar no relógio e ver que já se passaram quase uma hora desde que ele me atendeu, penso até que desistiu de falar comigo ou que me chamou aqui só pra fazer aquele joguinho. Estou quase subindo na moto para ir ao baile, quando Pedro Henrique abre o portão novamente e eu escuto sua voz:

Dona do Morro.Onde histórias criam vida. Descubra agora