Capítulo 5

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Acordar cedo deveria ser proibido, a não ser que seja acordar para ir a praia. Mas eu tô acordando para tratar os negócios do morro, e pior ainda: juntamente com o PH, ou devo dizer Pedro Henrique????

Olhando o teto, ainda deitada na minha cama, tenho alguns flashbacks de ontem à noite. Dou uma leve risada ao lembrar da maneira que ele ficou derretidinho quando me ouviu chamar pelo seu nome, tentou até me beijar. Claro que depois de alguns minutos eu me senti arrependida de não ter me entregado àquele momento e ter sentido seus lábios nos meus. Mas eu nunca fui uma menina muito fácil, e se o PH pensa que só porque ele é um dono de morro gostoso pra caralho eu não vou resistir aos seus encantos, ele tá enganado. Principalmente porque antes de chegar aos finalmente eu gosto bastante de fazer joguinhos.

Me levanto com muita preguiça, caminho lentamente até o banheiro para fazer minha higiene matinal. Enquanto volto para o quarto com a toalha enrolada em meu corpo, escuto alguém bater brutalmente na porta e grito:

- Desse jeito vai quebrar, porra! – reviro os olhos e tento ignorar a pessoa batendo na porta pelo menos até eu me vestir, porém, percebo que se eu demorar mais dois minutos o infeliz vai derrubar minha porta.

Bufo e caminho em direção a porta de toalha mesmo. Ao chegar até a mesma, abro a parte de cima da porta de vidro e dou de cara com o PH. Reviro os olhos novamente.

- Você quer quebrar minha porta? – pergunto.

- Bom dia pra você também. E por sinal, tá atrasada. Estou aqui esmurrando sua porta justamente por isso. – ele fala com cara de poucos amigos.

Olho meu relógio de pulso e vejo que ainda são 8h. Respondo:

- Desculpa, não sabia que bandido começava a trabalhar tão cedo.

- Bandido não para de trabalhar. Se parar, morre. – ele responde ríspido. – Agora para de conversa, vai se vestir. Se não te carrego pra boca assim mesmo.

Idiota!

Não me dou o trabalho de o responder, fecho o vidro na cara dele e volto para meu quarto afim de me vestir.

(...)

Tá, tudo bem, não vou só arrasar o Pedro Henrique pelo macho escroto que é. Vou dizer que hoje ele foi muito gentil me trazendo até a boca de moto e me poupou de subir metade do morro. Mas não vou dá tanta moral pra ele, porque minutos antes ele quase derrubou minha porta.

Desço de sua moto e percebo alguns olhares sobre nós dois. Povo fofoqueiro. Reparo que duas meninas sentadas num portão ali próximo estão cochichando e escuto uma dizer: "será que essa é piranha da vez?". Ela fica surpresa ao me vez caminhando em sua direção, olho pra ela com a pior cara de nojo que consigo fazer e respondo:

- Me chama assim mais uma vez que eu vou te mostrar quem é a piranha desse morro. Não me confunda com a marmitinha que traficante que você e suas amigas são. – Respondo e dou as costas.

Sou surpreendida por um puxão de cabelo, me viro e consigo golpeá-la com um soco no rosto. A menina fica um pouco tonta e solta o meu cabelo, me olha com seu nariz escorrendo sangue e antes de partir pra cima de mim novamente, escuto o PH gritar:

- Acabou a porra do show! Mais uma gracinha e as duas vão conhecer o barbeiro da boca.

Me afasto da garota e vou andando em direção a casa onde o PH fica para administrar os assuntos do morro. Massageio minha mão, pois a mesma ficou machucada depois do soco em cheio que acertei na cara da vagabunda.

- Você só pode ser maluca, né, garota? – PH começa a gritar comigo.

- Maluco tá você. Abaixa o tom, porra! Tá achando que tá falando com tuas vagabundas? – é, noção eu não tenho mesmo.

Dona do Morro.Onde histórias criam vida. Descubra agora