Que saudade de tomar banho eu estava. Nossa!
Visto um short larguinho com uma blusa curta e larga também. Caminho até a varanda da casa, sento na bancada de tijolo que existe ali e acendo meu cigarro. Sinto a tensão do meu corpo dá lugar a uma tranquilidade boa. Até notar que estou sendo observada.
A casa tem grades curtas. Pelo visto ninguém se importa com segurança aqui no morro, até porque ninguém é louco de roubar e ser pego pelos garotos do tráfico. Atrás das grades curtas está o PH, devo dizer o Pedro Henrique. Ele está vestido mais largado, uma bermuda jeans e uma camisa de malha branca. Nos nossos últimos encontros eu não consegui notar o quanto ele é atraente, a tensão não permitia. Mas agora, no meu momento completamente relaxada graças ao cigarro que trago em minha boca, eu posso ver que ele é um cara muito bonito.
- Tá me vigiando? – pergunto ainda olhando em sua direção.
- Fiz isso o dia todo. – ele responde ríspido.
- Entra. – digo e o mesmo abre o portão e vem caminhando na minha direção.
- Gostou da casa? – ele pergunta e eu assinto com a cabeça.
- O que você faz aqui? – perguntei sendo objetiva.
- Já disse: estou te vigiando.
- Eu não vou fugir. Até porque você sabe da minha situação, né? – ele não responde nada e continua ali na minha frente. – Aceita? – ofereço o cigarro de maconha a ele, com o objetivo de cortar aquele clima e não entender absolutamente nada da presença dele ali.
(Pedro Henrique)
Isabella ainda é profundo mistério. Apesar de saber por alto sua história, eu ainda não compreendo muitas coisas que estão por trás daqueles olhos verdes. A mina é louca. Me desafiou, tentou tirar razão as minhas custas, não apresentou traço de medo quando apontei a arma pra ela e tem uma puta lábia para desenvolver seus bagulhos. De fato, ela é diferente da maioria das mulheres que cruzaram meu caminho.
Ela ainda é mistério, porque eu ainda não entendi o que ela tem que me trouxe a segui-la o dia inteiro e agora está aqui parado frente a frente a ela, observando o quanto ela fica linda com um cigarro entre os dedos, o cabelo levemente bagunçado num coque, uma blusa larga, mas não tão larga o suficiente para eu notar o bico de seu seio marcando a blusa.
Devo tá com cara de mané observando cada detalhe da louca que apareceu no morro pedindo pra falar com o chefe, no caso eu. Aceito o cigarro dela, dou uma tragada, devolvo e falo:
- O que te deu na cabeça de vir parar logo aqui? Essa não é a única comunidade de facção rival. – pergunto querendo desvendar seus mistérios.
- Eu sempre quis conhecer a Rocinha. As luzes daqui quando passamos por perto me encanta. – ela responde suavemente.
- Por que você corre tanto perigo assim? Qual foi a merda que teu velho fez? – ela tá trabalhando pra mim agora, não há problema nenhum a minha curiosidade em sua vida.
- Ele fraudou a venda de drogas lá do morro. Estava desviando drogas e lucrando em cima disso. Descobriram e o mataram. E precisam me matar também, para que sirva de exemplo pra quem planejar futuramente roubar a
Ficamos em silêncio por um tempo. Na verdade, eu estou pensando numa próxima pergunta. Até que ela interrompe isso e começa a desabafar:
- Eu tô muito puta, sabe? Eu não pedi pra nada disso acontecer. Pra ser sincera, eu não pedi nem para nascer. Ainda mais sair do saco de um traficante, que colocou a minha vida em risco. Eu amava meu pai, mas ele não poderia ter feito isso. – vejo ela começar a chorar e penso que é efeito da erva. – Mas eu quero te agradecer por ter dado nem que seja um pingo de credibilidade na minha palavra. E eu juro, Pedro Henrique, que você não vai se arrepender.
Ela continuou falando mais um monte de frase, eu só parei de prestar atenção, porque o modo pelo qual ela me chamou pelo nome me deu um puta tesão. Eu fui meio irracional ao dar a ela meu nome original, normalmente eu sempre digo o vulgo que criaram pra mim na comunidade há anos atrás, desde quando eu era moleque. Mas ouvir meu nome sair da boca dela tão suave soou de maneira gostosa aos meus ouvidos. Impulsionado pela a onda do momento, eu interrompo as bobagens que ela tá dizendo e peço:
- Fala meu nome de novo. – dou um sorriso e ela me olha com cara de quem não entendeu nada.
- Pedro Henrique. – acho que a safada entendeu ou sentiu que eu estava gostando da maneira que ela mencionava meu nome e me correspondeu com um sorriso sapeca.
Eu aproximo meu rosto de seu rosto, tento encostar meus lábios nos seus e quase não acredito no que estou prestes a fazer. E que se foda, apesar de toda a merda, a mina é gostosa demais, depois é só colocar a desculpa que estava chapado. Mas sou brutalmente impedido de beijá-la, pois a mesma me empurra, se levanta de onde estava sentada e diz:
- Eu me lembro de ter te falado que não sou marmita de traficante, né? – ela dá um sorriso amarelo, apaga o cigarro e vira as costas para entrar em sua casa.
Bufo, frustrado e antes que ela pudesse entrar, eu digo:
- Vou te esperar amanhã lá na boca para tratarmos os negócios.
Ela responde com um sinal de valeu com as mãos e sai entrando em sua casa. E eu não vou mentir, até o andar dela é instigante, principalmente porque ela anda e a sua bunda rebola como quem me convida para a cama.
"Gostosa!" Penso.
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Dona do Morro.
Ficção Adolescente"ser forte é continuar voando alto mesmo quando arrancam suas asas" (...) Essa é a história de sobrevivência de Bella.