Capítulo 2

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Subi ao meu quarto e quase todas minhas coisas estavam em um canto, Darci ainda estava terminando de juntar meus itens.

- Já está quase tudo pronto Elisa - Ela sorriu gentilmente, mas em seu olhar vi que ela podia entender minha dor, retribui o olhar com ternura.

- Minha doce e pequena Elisa.- Ela sussurrou

Me aproximei e a abracei, Darci havia sido como uma mãe para mim em todos esses anos, minha mãe era apenas controlada por meu pai, ela não tem vontades próprias desde que me lembro. E fatos me levam a crer, que nunca terá.

- Vou sentir sua falta Darci, vou lhe escrever, eu prometo, lhe manterei informada quanto a tudo. - Tirei um fio de cabelo que caiu em seu olho e acariciei seu rosto com cautela.

- Lisa, você será feliz, pode confiar no que estou te dizendo.

- Eu não tenho tanta certeza disso Darci, estou certa de que nunca saberei o que é me casar por amar alguém, meu casamento foi arranjado antes mesmo que eu pudesse opinar sobre. Afinal, quantos anos eu tinha? Seis? - Abri um pequeno sorriso e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

Suas mãos já enrugadas pela idade se aproximaram da minha pele com cuidado e limparam-na.

- Eu entendo sua dor, querida. Mas me prometa que tentará ver o lado bom das coisas? - Ela perguntou esperançosa. Eu queria dizer que não, que não havia nenhum lado bom e que eu seria infeliz por toda minha vida. Mas vi esperança em seus olhos e não podia simplesmente dissipa-las.

- Tentarei.

Ela enxugou as lágrimas e se reergueu.

- Tudo pronto. Vamos? Seu pai não gosta de esperar.

Ajeitei meu cabelo e meu vestido no corpo, então eu e Darci descemos em direção ao jardim do palácio aonde as carruagens me esperavam. Nossas mãos entrelaçadas era a única coisa capaz de me confortar.

Darci era a única pessoa capaz de me fazer sentir um pouco menos pior naquele momento.

Abracei então um por um, e reverenciei meu pai que me puxou para um abraço. A contragosto, o retribui.

- Seja feliz, querida. E mande notícias da França. - Ele disse com o queixo erguido, como se tudo aquilo fosse algo normal.

Apenas fui capaz de assentir e dei de ombros rapidamente.

- Adeus .- Eu disse enquanto acenava para minha família adentrando na carruagem, não sabia quando tornaria a vê-los.

E para falar a verdade, não sabia se queria tornar a vê-los depois de tal episódio.

A minha única certeza era que, eu precisaria rever Darci.

O caminho foi longo, mas logo chegamos a um navio que me levaria ao meu destino, e que me deixaria sozinha em um lugar desconhecido com pessoas desconhecidas. A única coisa que pude levar de casa comigo foi Ana, minha companheira em todos os momentos e também não me abandonou nesse. Optei por ter comigo mais quatro de minhas lady's: Rosa, Dayane, Diana e Maria. Ao subirmos os degraus para embarcarmos no navio, apertei forte a mão de Ana e ela sorriu para mim.

Eu estava me sentindo totalmente perdida, e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar aquela situação, então tentei focar no que faria quando fosse rainha, nas pessoas que poderia ajudar, no bem que poderia fazer.

Ainda era cedo para fazer planos, mas se entraria em algo tão distorcido do que um dia havia sonhado para mim, que então tirasse algum proveito disso.

Prometida ao ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora