O quadro

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A mão do medo aperta minha garganta, não perco o ar, mas as palavras.

Tento ser doce mas minha alma grita, não sou quem queria ser.

Muita bagunça eu guardo, o pouco que escapa, afugenta.

Ninguém quer lidar com isso, nem aguentaria ainda que quisesse.

Bravos prometem enfrentar as lamúrias, decepar os demônios e cortar a raiz do mal.

Caridosos tentam afogar tudo isso nas águas de sua bondade.

Mas a bravura se torna cansaço, outros desafios soam mais possíveis e a coragem se torna adeus.

As águas da bondade se esgotam, evaporam no calor deste inferno.
Nem tudo está perdido, existem belas praças, mas o calor está demais e ninguém troca o conforto de um quadro pelo caos desse horizonte.

Sou paisagem tapada por uma flanela, poucos tentam descobrir as cores, ninguém olha duas vezes.

Sou arte imperfeita, indesejada.

Gostaria de romper as molduras e me tornar nada novamente.

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⏰ Última atualização: Jan 28, 2020 ⏰

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