O jantar foi interessante. Elijah é, aparentemente, um homem do bem. É dono de uma empresa de desenvolvimento tecnológico chamada UPATEC - Unidade De Pesquisas De Avanço Tecnológico, de onde retira a maior parte de sua fortuna. Sua segunda fonte de renda, são os investimentos feitos na bolsa de valores de Nova Iorque a cada semestre.
Ele explicou o motivo pelo qual nunca procurou nossa família quando meu pai estava vivo. Segundo ele, não possuía informações de que seu irmão havia escapado do acidente. Após ser resgatado por uma família de camponeses, Elijah esteve em coma por 3 meses e, quando acordou, estava sozinho em algum lugar do Colorado (local onde foram passar as férias).
Sua vida daquele dia em diante, mudou completamente. Disseram à ele que não haviam outros sobreviventes e que ele estava sozinho, a mesma coisa que disseram a meu pai. Para sua sorte, a assistência social já o havia encaminhado para uma lista de adoção, pois, com apenas 15 anos, era necessário que ele tivesse um responsável para arcar com as despesas. Por sorte, um senhor de 83 anos, que exercia forte influência naquela região, por não ter filhos a quem deixar sua herança, o adotou; cuidando e formando um caráter másculo em Elijah.
Quando aquele senhor morreu, ele decidiu investigar a morte de sua família, nos encontrando agora, depois de 7 anos de busca.
Não consegui encontrar nada de suspeito em Elijah. O timbre de sua voz, suas ações e, até mesmo sua história, eram convincentes para mim.
Elijah era um típico empresário americano, tirando o fato de ter ligação com o governo, ele possuía um padrão comum. Investia, abria filiais, inovava. Aparentemente, o seu trabalho estava indo "de vento em polpa".
- E você Philipp? O que faz da vida? - pergunta, observando o meu físico - Vejo que já é um homem! Qual a sua idade meu jovem?
- Eu tenho 18 - digo, sem intimidade para chamá-lo de tio - No momento, estou apenas estudando. Pretendo buscar uma vaga de emprego no próximo mês!
- Hm, interessante! E, em qual grau você está?
- Começo o segundo grau em dois meses!
Ele para por um tempo, observando seu prato, quando enfim vira a cabeça para mim e diz:
- Sabe, acabamos de abrir uma filial neste bairro. Por que não vem trabalhar comigo? Assim podemos nos conhecer melhor, já que eu perdi toda a sua infância. Talvez eu possa fazer parte da sua juventude, o que me diz?
Minha mãe e eu nos entreolhamos. Fico me questionando se devo aceitar ou não, afinal, também preciso ajudar em casa.
- Éé... Eu não sei... - Solto alguma coisa antes de pegar o copo com água a minha direita, e beber um pouco na tentativa de adquirir tempo para pensar em uma resposta mais convincente.
- Vamos Philipp, não me faça essa desfeita! São poucas horas diárias. Você poderá trabalhar como meu estagiário assistente - ele insiste - O que me diz Margaret?
-Bom... - minha mãe pausa, como quem procura as palavras - Isso depende de Phil, apesar de eu achar que seria uma boa oportunidade para ele!
Ela me olha e eu pude entender que ela estava dando uma chance para ele. Volto os meus olhos para as minhas mãos, agora postas sobre a mesa enquanto brinco com os talheres.
- É, pode ser legal! - digo, aceitando mas sem deixar completamente explícito.
- E o que isso significa? - Elijah pergunta, pegando um pedaço do peito do frango em seu prato e levando até a boca.
- Eu aceito. Mas, com uma condição!
- E qual é essa condição? - ele pergunta, curioso.
- Eu poderei sair a qualquer hora do dia, caso minha mãe ou irmã necessite de mim!
- É só isso? - ele pergunta, usando um tom que transforma a minha condição em algo sem importância.
- Sim! - respondo, ao mesmo tempo em que repenso minhas palavras, confirmando que disse tudo corretamente.
Elijah mantém um silêncio por três segundos, provavelmente pensando no que responder, então, diz:
- Por mim, tudo bem! Você começa na segunda e, seja bem vindo à UPATECH! - Ele soota um sorriso, como de quem ganhou na loteria.
Fico imaginando o que me aguardava naquele lugar, mas, nada perigoso me vem a mente. Elijah se mostrou um bom homem, de boa índole e caráter confiável, tanto, que o convidamos para voltar no outro dia.
Após o jantar, nos assentamos na sala e ficamos conversando sobre suas viagens e sua vida enquanto criança. Minha mãe havia subido com Nattalie que, a essa altura, já estava dormindo.
Nos tornamos tão envoltos naquela conversa, que não percebemos a hora passar e, de repente, já eram 23:28.
- Ah, olha a hora! Acho que estivemos entretidos de mais! - ele diz - Agora, eu preciso ir.
- Bom, foi um prazer conhecê-lo! Não esqueça de aparecer novamente amanhã, OK? - Digo enquanto me levanto e o acompanho até a porta.
- Certamente me lembrarei Phil. Se tem uma coisa que eu nunca me esqueço, é da família! - abro a porta, dando passagem para ele, que se retira e se põe frente a mim, estendendo sua mão em seguida - Boa noite Phil, até amanhã!
- Boa noite..
Fico imaginando qual termo uso neste momento, mas o ouço dizer:
- Eu sei que é tudo novidade para vocês e que, certamente precisam de tempo para digerir toda essa história. Você não precisa me chamar de tio agora Phil. Pode me chamar de Eli, que tal?
- Ah, tudo bem! - digo, aliviado por ele entender e me ajudar - Boa noite então, Eli!
Estendo a minha mão, juntando com a dele em um aperto entre homens adultos, como se estivéssemos fechando negócio. Ele se vira e caminha, em direção a um carro popular que, a meu ver, era muito simples para alguém com o poder monetário dele.Quando ele liga o motor, aceno da porta de casa, dando de ombros em seguida e fechando a porta atrás de mim. Caminho até a cozinha escura, pego um copo d'agua e o bebo. "Até que não foi tão difícil"- penso "E ainda ganhei um emprego!". Passo alguns segundos enrolando com aquele copo de água na mão, imaginando mil e uma coisas que poderiam acontecer daqui para frente, até que retorno a realidade!
Coloco o copo sobre a pia e caminho em direção a sala, onde apago as luzes e subo as escadas, com a intenção de ir para o meu quarto e dormir.
Chego ao pé da escada quando escuto uma voz. Era Lauren, novamente em minha mente.
- E aí, como foi o jantar? - questiona.
- Que?
- O jantar, com o seu tio!
- Espera, como voc... Ah - falo, lembrando que Cindy deve ter dito a ela - Foi tranquilo. Elijah é um bom homem!
- Sei. Ainda assim, não baixe a guarda!
- Lauren, ele é meu tio! - Respondo meio perplexo pelo que estou ouvindo.
Ela demora um pouco para responder e, nesse meio tempo, adentro o meu quarto e tiro a camisa.
- Que você mal conhece! Só fique de olho. Não sabemos o que Ethan sabe sobre você, se é que ele sabe alguma coisa. Ele pode usar isso para te atingir, entende?
- Tudo bem! Agora, me deixa dormir tá? Amanhã a gente se fala!
- Ok, boa noite, belo adormecido!
E, enfim, silêncio, calma e paz. Retiro a minha bermuda e visto o meu pijama, me atirando na cama logo em seguida.
Antes que perceba, já estou cochilando como se tivesse tomado os diversos remédios de sono receitados para mim pelo Dr. Julian, após a morte de meu pai.
Me cubro com o edredom laranja que está sobre a cama e penso "Eu só preciso descansar" apagando logo em seguida.
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SERES DO AMANHÃ - O Próximo Estágio Da Evolução Humana
Ciencia FicciónA Realidade É Apenas Uma Linha Tênue Com A Fantasia, A Ciência, É O Que Traz Razão A Tudo. Entretanto, A Ciência Não Pode Nos Explicar, Nem Nos Parar! Não Somos Inimigos, Não de Toda A Humanidade, Mas Lutamos. Lutamos Com Quem Deseja Nos Transforma...