Acordei com uma música muito familiar.
"Umpah, umpah, umpah, umpah."
Me espreguicei. Como o calor do cobertor é gostoso.
"Umpah, umpah, umpah, umpah."
- Arthur, levanta! - Gritou a minha mãe, batendo na porta do quarto.
"Here we go now! Umpah-pah, uh yeah, uh yeah!"
- Já vou! - Gritei de volta. Lá vamos nós.
Desliguei o despertador do celular, tirei a primeira selfie do dia e atualizei o story do Instagram. Pulei pra fora da cama e já fui logo tomar banho. Vesti o uniforme do colégio e desci pra cozinha.
- Vam'bora, garoto! Tenho que chegar cedo hoje! - Disse minha mãe, enquanto eu entrava no cômodo.
- Bom dia, Sra. - Respondi, sorrindo.
- Bom dia, meu filho. - Consegui acalma-la com um beijo na testa. - O café-da-manhã já pronto.
- Cadê a Azaleia? - Perguntei ao me sentar à mesa e não notar a presença da nossa empregada.
- Ela foi ao mercado.
- E o papai volta quando mesmo?
- No final de semana, quando acabar o congresso de neurociência.
- E o cartão?
- Meu filho... - Minha mãe respirou fundo antes de virar pra mim. - Você tem certeza disso?
- Tenho sim. Por favor... - Forcei a melhor imitação de olhar de cachorro carente que o sono permitia.
- Tá certo. Pode pegar na minha bolsa. Mas só uma, ouviu?
- Sim, senhora.
Fiz minha refeição, peguei o cartão na bolsa da minha e aproveitei pra tirar a segunda selfie do dia, segurando o cartão e com a introdução de uma música do Twice:
"Hey boy. Look, i'm gonna make this simple for you. You got two choices. Yes or yes?"
Subi pra escovar meus dentes e pegar minha mochila antes que a minha mãe começasse a gritar denovo. Aproveitei pra me olhar no espelho. É, não sou exatamente um colírio, mas também não sou feio. Porém preciso mudar meu cabelo urgente. Esse loiro tá me cansando já. Desci, e encontrei minha mãe bufando na sala. Ela sabe que eu nunca consigo me arrumar rápido pra sair de casa. Entramos no carro dela. Nos despedimos quando ela estacionou em frente ao colégio. Não precisei nem fingir entrar. Ela saiu tão apressada que nem ia reparar. Antei em direção à praça do outro lado da rua, e peguei meu celular.
"Onde vocês estão?", perguntei no grupo de Whatsapp dos meus amigos.
Raquel: "Tô chegando."
Thayná: "Presa no engarrafamento."
Raquel: "Mentira, tá é com macho!"
Eu: Amada? Hahahaha
Thayná: "Me respeita, quenga!"
Marcelo: "Gente, que baixaria é essa?"
Eu: Cadê você, meu bem?
Marcelo: "Tô chegando."
Raquel: "Ou seja, tá saindo de casa agora."
Eu: Raquel, meu anjo, você tá estressada?!
Raquel: "Eu? Tô ótima!"
Thayná: "Pois é. Parece até que não transou ontem."
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Serpente marinha
RomanceO quanto você está disposto a encarar os traumas de alguém que ama?