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há mais de milênios eu não tenho o prazer de ficar em silêncio, porque isso, de alguma maneira me transformaria em algo a que devo o mínimo de orgulho, mesmo quando eu não passo de um instrumento apocalíptico à ser domado, por mais que rodeada de crucifixos e lençóis sem que algum nome se auto-denomine meu e me recolha de joelhos desse paradoxo infinito de psicologia reversa.

minghao desfilou sobre a ponte e me puxou por debaixo d'água enquanto eu ainda estava acorrentada e atrelada à deus, me prendendo enjaulada no seu casulo de ancião. eu não sei se é pior ter a pele sendo arrancada e a minha língua bifurcada pelos dedos mal cheirosos e imundos de um bruxo ou se eu suportaria ser posta ao lado de um esqueleto por mais quatro dias debaixo da minha propria cama que eu mesma quebrei para fazer algumas estacas idiotas.

o devaneio passa mal direcionado pelas profundezas das mais negras e impenetráveis águas desse lugar imundo, mas não há escolha alguma além de esperar que o meu rosto seja refletido e conjurado no desgostoso poder da água que me induz à cada novo passeio, que respirá-la para dentro de mim  seria menos sufocante do que esperar por alguma dose diária de rancor para me pintar a lingua. minghao é um cara engraçado. há um limbo entre nós e nessa escuridão desproporcional, eu já consigo pela primeira vez, desprender a minha visão dessa dolorosa amplitude sacana que me rasga por dentro tanto na vertical quanto na horizontal e de todas as maneiras imagináveis.

consigo sentir a força sem pretensão de findar a sua premissa assassina. e está tudo bem melhor assim.

// 𝖆𝖔 𝖙𝖔𝖈𝖆𝖗 𝖒𝖊𝖚𝖘 𝖔𝖘𝖘𝖔𝖘 𝖈𝖔𝖒 𝖆 𝖒𝖎𝖓𝖎𝖒𝖆 𝖛𝖔𝖓𝖙𝖆𝖉𝖊 𝖉𝖊 𝖒𝖊 𝖑𝖎𝖇𝖊𝖗𝖙𝖆𝖗 𝖉𝖊 𝖘𝖚𝖆𝖘 𝖌𝖆𝖗𝖗𝖆𝖘, 𝖊𝖘𝖙𝖆𝖗𝖊𝖎 𝖔𝖇𝖘𝖊𝖗𝖛𝖆𝖓𝖉𝖔 𝖈𝖆𝖉𝖆 𝖚𝖒𝖆 𝖉𝖊 𝖘𝖚𝖆𝖘 𝖒𝖊𝖓𝖙𝖎𝖗𝖆𝖘 𝖊𝖓𝖖𝖚𝖆𝖓𝖙𝖔 𝖎𝖓𝖛𝖆𝖉𝖔 𝖈𝖆𝖉𝖆 𝖚𝖒𝖆 𝖉𝖆𝖘 𝖘𝖚𝖆𝖘 𝖈𝖊𝖗𝖙𝖊𝖟𝖆𝖘 //

UNDER THE DEVILISH SKIN Onde histórias criam vida. Descubra agora