não abro os olhos há mais de 50 meses e o meu rosto abriga cada vez mais aranhas albinas em cada um dos lugares possíveis existentes. talvez quando eu realmente tente abrir os olhos seja impedida por uma teia fortalecida há meses envolta dos meus cílios ou algo assim. não ouço o farfalhar dos pecados fantasiados em lentes de contato azuis em falha tentativa de substituírem o fogo que arde sob a máscara e não ouço minghao excomungando mais ninguém desde que me puseram aqui. há uma paz estonteantemente cadavérica rodeando as redondezas dessa penumbra acusatória. eu não posso ver. não posso chorar & não posso pertencer à um lugar silencioso sem ouvir o mesmo som das minhas costelas à se partirem lentamente numa sinfonia suicida dentro do meu tórax.
não sinto nada além da dor que me consome dos pés a cabeça. não temo nada além da dormência inquebrável que envolve todos os membros do meu corpo simultaneamente. não falo, não cheiro, não ouço & se levasse em conta todos os meus privilégios, diríamos até mesmo que eu não vivo. eu não sou humana, tampouco um animal, sequer uma entidade. não há resquício de humanidade soletrável dentro dessa caixa porque perguntas inesgotáveis chegaram ao fim num tratado silencioso em algum momento em que eu estava inconsciente.
e eu odeio, porque não há silabas no vocabulário das serpentes e em meu próprio epitáfio existe apenas uma placa de cuidado, alta tensão esculpida porcamente e pregada ao meu aposento.
eu estou de joelhos implorando para que minghao devolva os meus olhos e as minhas orelhas nem que seja para mastigá-los. seja esse o real purgatório, eu prefiro ser escrava da morte imaculada indo com sebo nas canelas em direção ao inferno. seja essa a minha real punição pela existência, prefero eu, ter deus encaixado às minhas pernas antes de amputá-las de novo & de novo & de novo. mas não. nenhum som é emitido, nem mesmo suspiros se reservam para momentos assim. só há o vazio e a dor dilacerante que vai comendo e escaldando a vitalidade de tudo que eu posso denominar meu. minghao enfiou mãos tão trêmulas dentro de mim que eu sinto taças tilintando à cada porca lufada de ar vinda pelas minhas narinas.
eu era um demônio de estimação mas agora também sou constituída de ouro e veneno.
bifurcações não são mais sentidas porque eu já me acostumei com giboias lambendo os dedos dos meus pés na calada da noite, e por enquanto, isso é melhor do que nada.
// 𝖆𝖘 𝖋𝖑𝖔𝖗𝖊𝖘 𝖎𝖓𝖋𝖊𝖗𝖓𝖆𝖎𝖘 𝖘𝖊𝖒𝖕𝖗𝖊 𝖕𝖎𝖓𝖌𝖆𝖗𝖆𝖒 𝖒𝖆𝖎𝖘 𝖘𝖆𝖓𝖌𝖚𝖊 𝖉𝖔 𝖖𝖚𝖊 𝖉𝖊𝖘𝖕𝖊𝖏𝖆𝖗𝖆𝖒 𝖛𝖊𝖗𝖉𝖆𝖉𝖊𝖘 𝖊𝖒 𝖘𝖔𝖑𝖔 𝖋𝖊𝖗𝖙𝖎𝖑. 𝖉𝖎𝖌𝖆 𝖖𝖚𝖆𝖓𝖙𝖆𝖘 𝖛𝖊𝖟𝖊𝖘 𝖖𝖚𝖎𝖘 𝖒𝖊 𝖙𝖔𝖗𝖓𝖆𝖗 𝖔𝖇𝖏𝖊𝖙𝖔 𝖉𝖊 𝖘𝖚𝖆 𝖒𝖆𝖑𝖉𝖆𝖉𝖊, 𝖒𝖆𝖘 𝖕𝖔𝖗 𝖋𝖆𝖛𝖔𝖗, 𝖘𝖊 𝖔𝖑𝖍𝖊 𝖓𝖔 𝖊𝖘𝖕𝖊𝖑𝖍𝖔 𝖆𝖓𝖙𝖊𝖘 𝖉𝖊 𝖆𝖈𝖊𝖎𝖙𝖆𝖗 𝖖𝖚𝖆𝖑𝖖𝖚𝖊𝖗 𝖚𝖒 𝖉𝖔𝖘 𝖒𝖊𝖚𝖘 𝖕𝖊𝖉𝖎𝖉𝖔𝖘. //

VOCÊ ESTÁ LENDO
UNDER THE DEVILISH SKIN
Fanfiction[우주소녀 + 세븐틴] beleza arquitetada pelos olhos do diabo. para @wjsnchateau: talvez eu demore muitos séculos até que descubra quantos dos espelhos sagrados eu já quebrei só para que pudesse olhar para o demônio dentro da alma maligna só para dizer que...