Somos instantes. Li esta frase nas redes sociais e fiquei intrigada. Duas palavras que, juntas, causam tanto impacto. Nos fazem pensar sobre o propósito da existência, se estamos sabendo viver bem e aproveitando direito esse instante que é a nossa vida.
Esse mês fiz uma viagem maravilhosa à Israel. Sonhava em conhecer a Terra Santa e os lugares por onde Jesus passou. De quebra fui à Jordânia e visitei Petra, que é uma das sete maravilhas do mundo. Fomos a muitos lugares antigos, que hoje só possuem ruínas, mas que ainda assim são sagrados para inúmeras pessoas, nos quais foram erguidas igrejas e monumentos para manter vivas as tradições e crenças.
Vi ruínas romanas e bizantinas em Jerusalém, em Gerasa, em Petra. A própria Petra, construída pelo povo nabateu, é uma relíquia. É uma cidade toda esculpida em rochas datada do século III a. C., conquistada pelos romanos no século I a. C., por fim abandonada e esquecida até 1812.Quando visito lugares assim, fico imaginando como era a vida daquele povo, o que comiam, o que faziam no dia a dia, como se apaixonavam, viviam aventuras, sofriam as dores da alma, se alegravam em festas e celebrações religiosas. Como deveria ser o acesso à água, à energia, à comida? O que pensavam? Como enxergavam a vida e a morte? É instigante. Volto para casa sempre cheia de vontade de ler e pesquisar mais sobre a história dos lugares.
Ao ver os monumentos de Petra, o porto de Cezaréia, os teatros romanos, o cardo de Jerusalém, a cidade antiga de Gerasa, fico impressionada com a grandiosidade das construções num tempo bem anterior à era industrial. Como será que conseguiam transportar as rochas e trabalhar os materiais usando apenas a força animal e humana? É muito grandioso. E muito louco também. Pensar que um templo como o Tesouro de Petra está firme por tantos séculos enquanto obras recentes de viadutos e ciclovias brasileiras caem na cabeça das pessoas. Eu sei, esse assunto não tem a ver somente com engenharia. Enquanto nossa tecnologia aumentou desde a época dos nabateus, a ética com certeza se deteriorou na mesma velocidade. Mas isso nos leva de volta ao título desse post.
Somos instantes. Davi já havia dito isso quando escreveu o salmo 144: “O homem é semelhante a um sopro; seus dias, como a sombra que passa”. Salomão em Eclesiastes também compreendeu isso: “Então entendi que nesta vida tudo o que a pessoa pode fazer é procurar ser feliz e viver o melhor que puder” (Eclesiastes 3:12).
Vendo as ruínas de uma cidade tremenda como Petra ou de um império grandioso como o romano, percebemos que nenhuma glória humana dura para sempre. O tempo de ascensão daqueles povos se foi, está reduzido à ruínas, cuja memória é preservada em sítios arqueológicos e livros de história. Foram instantes.
E nossa vida? Também será assim? Tentamos construir um império com o nosso trabalho, preocupamos com a beleza do templo que é o nosso corpo e a nossa aparência, oprimimos as pessoas a nossa volta para conseguirmos realizar nossos desejos e alcançar nossos objetivos, acreditamos que teremos uma vida longa e próspera. Mas a verdade é que não sabemos o número dos nosso dias. O salmo 90 fala sobre isso quando pede a Deus que nos ensine a “contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Salmo 90:12).
Mas ainda que vivêssemos muito, o que são 100 anos diante da história da humanidade? E diante da história do mundo? E diante da eternidade de Deus?
Nossa vida é como um virar de página. A pergunta é, o que escreveremos nessa página? Eu sei que nem tudo está sob o nosso controle. Nossa saúde, condição financeira, os talentos que temos, nossa personalidade, se por um lado temos como desenvolver alguns desses aspectos, outros fatores nos são impostos e não temos como mudá-los. Talvez o papel e a caneta não seja a gente que escolha, eles nos são fornecidos pelo cosmo. Mas isso não é desculpa. Discursos de ódio de pessoas como Hitler foram escritos com canetas de ouro, enquanto lindos poemas de amor foram escritos em guardanapos e papeis de pão.
Essa foi uma das questões que a viagem para a Terra Santa me fez refletir. Assim como a história de Petra durou apenas um instante (ainda que longo), a nossa vida também será assim. Como devo aproveitar essa curta vida que Deus me deu?
Salomão diz assim: “Então cheguei a esta conclusão: a melhor coisa que uma pessoa pode fazer durante a curta vida que Deus lhe deu é comer e beber, e aproveitar bem o que ganhou com o seu trabalho. Essa é a parte que cabe a cada um.” (Eclesiastes 5:18). E mais: “Quem só pensa em se divertir é tolo; quem é sábio pensa também na morte.” (Eclesiastes 7:4).
“Quem fica esperando que o tempo mude e que o tempo fique bom, nunca plantará, nem colherá nada”. (Eclesiastes 11:4).
“É maravilhoso viver! Ver a luz, o sol! Se uma pessoa chegar à velhice, deve se alegrar em todos os dias de sua vida. Mas deve lembrar também que a eternidade é muito mais comprida; quando se compara a vida com a eternidade, o que fazemos aqui não vale nada!” (Eclesiastes, 11:7-8)
Assim como Petra, tudo passará. Exceto a Palavra de Deus. Se somos instantes, é preciso aprender a viver esse instante da maneira mais sublime possível. Só Cristo pode nos ensinar isso.
Grande beijo!