É meu primeiro dia aqui no L’Abri. Cheguei ontem (06/03/2018) à noite, jantei, ouvi uma palestra, fui a um pub com algumas meninas, toquei bateria… Smells Like Teen Spirit do Nirvana. Dormi. Nesta manhã eu tomei café da manhã, trabalhei no jardim, almocei. Uma refeição bem diferente. Salada e um tipo de folhado com carne de carneiro. Estava uma delícia. Estou conversando em inglês o tempo todo. É difícil se expressar em outro idioma. Mas é legal. Ler e ouvir palestras é o mais difícil. Meu vocabulário é restrito. Tenho que praticar muito. Aqui há pessoas de vários lugares: Budapeste, Suiça, Holanda, Brasil, EUA, Moçambique… É muito legal conhecer e conversar com essas pessoas. Nos damos conta do quanto o planeta é grande.
Nesse pouco tempo que estou aqui, entendi algumas coisas. “Não é sobre mim”. Nada é sobre mim. No meu mundo, que existe só na minha mente, quando eu chegasse em algum lugar, alguém viria me receber com um sorriso e me mostraria tudo na casa, me explicaria como tudo funciona, perguntaria sobre mim, se interessaria pela minha vida. Sim, alguém me recebeu e me mostrou a casa, me explicou a rotina e fez algumas perguntas sobre mim. Mas nada especial. Eu sempre espero fogos de artifício. Mas na verdade sou apenas mais uma pessoa dentre tantas. Não é sobre mim. É sobre Cristo. É sobre a natureza. É sobre a comunidade. O mundo não gira ao meu redor. Eu não sou o centro do universo. Agora mesmo estou na biblioteca, outras pessoas também estão aqui. Estamos lendo e estudando. Não juntos. Cada um no seu canto. Se eu voltar para o meu quarto ou para o Brasil, ninguém vai ficar triste. Eles não estão aqui para fazer amizade. Eu não estou aqui para fazer amizade. Eu estou aqui para aprender.
Estou infeliz e não sei o que fazer sobre isso. Meu desejo é pegar a mochila e rodar o mundo. Mas não posso. Meu esposo está me esperando em casa. Tenho três cachorros para cuidar. Tenho um jardim, tenho amigos e família. E não tenho grana o suficiente para fazer uma viagem tão longa assim.
Mas… Por quê eu quero viajar?
Para aprender. Para saber. Para ver. Para testar. Para ter novas experiências.
Ainda assim, preciso amar estar em casa mais do que eu amo viajar. Preciso amar a Ti, oh Deus, preciso Te amar primeiro. Como posso te amar mais?
Esses dias no L’Abri percebi o quanto é bom uma casa quentinha, o cheiro de comida no ar, trabalhar no jardim e colher algumas flores. Andar pela manhã e sentir o sol no rosto. Conversar sobre Cristo na mesa de jantar, passar algumas horas estudando sobre Ele. Gastar tempo com coisas simples. Ter uma rotina. Quero também fazer estas coisas na minha vida, no meu lar. Quero ser grata.
Obrigada, Senhor, pelo ar que eu respiro. Obrigada pela comida e bebida de cada dia. Obrigada pelos meus amigos, pela minha família, pela minha saúde, pelo meu lar. Obrigada pela cama confortável e quentinha. Obrigada pela vida do meu esposo e pelo amor que ele tem por mim. Obrigada por permitir que eu conheça a Ti, Senhor. Obrigada por esta viagem. Obrigada por este tempo aqui no L’Abri. Muito obrigada.
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