[05] Baby, belong to me

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🌈

Quando entro para dentro do salão onde dou aulas de dança, sinto o cheiro especial; não é nada específico, mas esse é um tipo de ambiente que possui uma essência única que faz a gente se sentir extremamente confortável.

Eu rodo meus olhos por todas as crianças já bem dispostas que se alongam na barra de alongamento, algumas frente ao espelho, outras no chão usando cintas elásticas, e... Yuri num cantinho?

ㅡ Bom dia, anjinhos! ㅡ Eu cumprimento todos com um sorriso, mesmo que meus olhos que agora captam crianças correndo em minha direção alternem entre elas e Yuri encolhida naquele cantinho do salão.

ㅡ Bom dia, processor Chimmi! ㅡ As crianças chegam, e eu me abaixo, deixando minha bolsa no chão para abraçar cada uma delas.

Eu faço isso todo dia, e eu nunca me canso, porque a gratidão pela renovação que elas trazem ao meu estado de espírito é imensa.

Depois de tantos abraços quentinhos e fofos, eu digo: ㅡ Continuem o alongamento, anjinhos. Professor Chimmi já volta, tá bom? ㅡ Eu pego minha bolsa do chão, enquanto todos voltam sorridentes para seus postos e começam a se preparar.

Caminho com calma em direção a Yuri, e quando chego perto, ela apoia as pequenas mãos no banquinho que está sentada e se arrasta até a beira dele para que eu me sente.

Quando me sento, eu sorrio para ela e digo: ㅡ Não precisa de tanto espaço, Yuri, pode sentar mais para perto senão você vai cair.

Ela me olha por um instante, o rosto inocente se torna mais doce ainda pelo seu novo corte de cabelo. Pensar no motivo pela qual ela cortou o cabelo há uma semana trás me faz sentir uma raiva súbita.

ㅡ É que o seu bumbum é muito grande, professor Chimmi. Achei que o espaço não dava. ㅡ Ela conta.

Eu sinto minhas bochechas esquentarem idiotamente e sorrio mais aberto ainda, achando sua inocência muito engraçada.

ㅡ Por que você não está se alongando, anjinho? ㅡ Pergunto, atento às suas reações.

Ela encolhe os ombros, e isso quer dizer que é um assunto delicado para ela colocar em voz alta.

ㅡ É que eu estou preocupada com algo, professor Chimmi. ㅡ Yuri responde, uma bochecha cheia de ar indicando seu fluxo de pensamentos alterado.

ㅡ Com o que está preocupada, Yuri?

Ela encolhe os ombros mais uma vez, e então suspira.

ㅡ É que aquela menina que grudou chiclete no meu cabelo disse que vai me bater hoje. ㅡ Conta, então, e eu tomo como um absurdo a maneira como ela diz como se isso fosse o fato de menos importante, porque a conheço o suficiente para saber exatamente o que a preocupa mais: Yuri está pensando em como será vergonhoso quando ela apanhar da colega de classe.

ㅡ Mas por que ela disse isso, Yuri? ㅡ Há surpresa e um certo receio em minha voz.

ㅡ Não sei, ela me diz muitas coisas ruins. O que ela mais fala é que me odeia, professor Chimmi. Minha vózinha disse que existem pessoas infelizes e desocupadas que tem como passatempo semear o ódio. ㅡ Seus olhos doces e inocentes se voltam para mim. ㅡ Professor Chimmi, será que a Hyunja é infeliz e desocupada?

Mais uma vez, me soa um absurdo uma criança de sete anos saiba pelo menos um pouco do que se trata o ódio.

ㅡ Com certeza, Yuri. ㅡ Suspiro, triste por isso.

ㅡ Mas por que eu, professor Chimmi? ㅡ Ela volta a questionar. ㅡ Por que Hyunja escolheu eu para odiar? ㅡ Há uma dúvida profunda em sua voz, e eu sei que a resposta é bem simples, mas opto por colocá-la em palavras mais leves.

BABY • jjk&pjm [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora