Ligação

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O estacionamento estava estranhamente quieto, Jonathan estava em pé ao lado do carro, em sua cintura a mesma adaga que ele usara para matar o demônio em Bayou Bend, e estava com flechas na mão, como aquelas que se utilizam em arcos, mas essas eram menores, do tamanho de um lápis, tinham a cor prateada a não ser pelas pontas agudas que eram pretas.
-Tomem. - Disse Jonathan entregando a cada um uma das flechas. Havia saido várias figuras de trás de alguns carros, pareciam um grupo de jovens góticos, todos de preto, alguns com a aparência de meninas outros de meninos. - Entrem no carro.
-Você não pode lutar com todos eles sozinhos.
Disse Lucas.
-Não só posso como vou.
Jonathan riu.
Os demônios continuavam a se aproximar, eles andavam na direção deles formando um semi círculo, estavam a uns trinta metros de distância, mas se moviam rápido.
-Não vamos entrar no carro e...
-Fui treinado para isso, vou ficar bem. Agora entrem na droga do carro.
Jonathan disse com calma mais havia urgência em sua voz. Ele tinha assumido novamente aquele tom autoritário.
Com certa relutância eles entraram, Bia no banco de trás e Lucas e Chrys na frente.
Jonathan começara a lançar as flechas nos demônios, primeiro atingiu um com a aparência de uma garota loira, ela parecia excepcionalmente normal a não ser pelos olhos brancos, como se fosse cega, a flecha a atingiu bem na testa e ela assim como a flecha viraram um punhado de sal. A próxima flecha atingiu o braço de um deles, estavam em um grupo de um pouco mais que vinte, Jonathan era habilidoso com as flechas ele atirava uma após outra, quando um deles de aproximou da sua lateral e sem que Jonathan percebesse já estava rolando no chão, o garoto demônio tinha fincado os dentes no ombro dele, e sangue jorrava pela sua roupa. Jonathan conseguira puxar sua adaga da cintura e o acertou ele virou sal.
Bia gritou de dor, um dos demônios havia chegado ao carro e depois de arrancar a porta arremessado ela para longe, ainda caída podia ver Jonathan, ele estava lutando contra três, suas setas haviam acabado e ele manuseava bem a adaga, mas os demônios foram rápidos um tinha pulado no pescoço dele, e o enforcada por trás com o braço, de repente ele virou um punhado se sal, Lucas tinha saído do carro e enfiado sua flecha nele. O demônio chegou nela com uma rapidez inumana, ele a levantou do chão, tinha a aparência de um jovem da idade dela, estava de jeans e uma capa de chuva amarela, ele a tinha colocado de frente para ele, inspirou fundo, Bia achou que ele fosse atacá-la, mais ao invés disse ele sorriu, um sorriso amarelado e sinistro.
-Hora de irmos.
Irmos? Para onde? Bia quis perguntar, mas o demônio já havia virado sal junto com a flecha que Jonathan dera a Chrys.
-Você está bem?
Os olhos castanhos de Chrys a examinavam, quase como um impulso ela se jogou nos seus braços, os braços fortes de Chrys a envolveram em um abraço caloroso, por um instante tudo sumiu, os demônios, Jonathan e Lucas, o estacionamento, e eram só eles dois naquele singelo abraço, Bia sentia-se segura.
-Obrigada.
Sussurrou antes de se afastar.
Lucas e Jonathan haviam lidado com os outros, e Lucas veio até ela, uma expressão preocupada no rosto.
-Está ferida?
Perguntou ele a encarando, depois virou-se dela para Chrys, uma expressão estranha se formou no seu rosto, mais sumiu tão rápido quanto surgiu.
-Não, o Chrys...
-Belo golpe com a flecha.
Disse Jonathan a Chrys, seu ombro tinha parado de sangrar, mas suas roupas ainda estavam cobertas pelo seu sangue.
-Você está bem, cara?
Perguntou Chrys enquando encara o sangue na roupa de Jonathan.
-Não é nada.
Respondeu Jonathan, ele estava estranhamente bem pra alguém que perdera tanto sangue, não estava sentindo dor, ou se estava, não deixava transparecer.
-Melhor irmos.
Anunciou Lucas.
Assim entramos no carro e demos partida.
O recinto estava calmo quando chegaram, Israfel ainda estava nas suas pesquisas, Merlinda veio os recepcionar quando chegaram.
-O que aconteceu?
Perguntou espantada quando viu o sangue na roupa de Jonathan.
-Fomos atacados. Vou deixar vocês agora, preciso de um banho.
Assim Jonathan seguiu pelo corredor. Lucas e Chrys também seguiram cada um para um quarto, eles pareciam exaustos a própria Bia estava.
Ela seguiu para seu quarto, tinha acabado com o vestido da Jasmine, ela se desculpou com Merlinda que dispensou o pedido com gentileza.
Depois de se trocar Bia decidiu andar pelo recinto, embora cansada estava sem sono, ela foi até o fim do corredor, lá encontrou uma escada que levava a um terraço, o lugar era uma estufa, as flores coloridas pareciam entrar em contraste com a imensidão do céu negro. Em um dos cantos havia um banco, como aqueles que ficam nas praças, mas era bem mais detalhado, os retalhos pareciam ser esculpidos a mão, o banco tinha cor prata, e lembrava Bia das poesias que lera, onde o garoto se declara para a mocinha em um banco de praça, a lembrança a fez sorrir.
Ela sentou-se, a madeira fria em contato com sua pele, o vento estava gelado, mais suave, como carícias no rosto.
-Também sem sono?
A voz de Lucas a assustou, ele estava de calça moletom cinza, e uma camiseta branca, seus cabelos estavam ainda meio molhados, e um arranhão marcava seu pescoço, vestígios da luta de hoje, pensou Bia.
-Como me achou aqui?
Perguntou. Ele sentou ao lado dela e ela aconchegou a cabeça em seu ombro.
-A Merlinda me disse que você talvez pudesse estar aqui.
-Ah sim, e o Chrys?
-Está no quarto.
Respondeu Lucas, ele parecia triste ao falar do amigo.
-O que ele disse para o pai dele hoje? Antes de vir?
-Eles brigaram, é só o que sei.
-É culpa minha ele está no meio disso...
-Não é culpa sua Beatriz. - Lucas disse com suavidade, o modo que ele pronunciava seu nome, a fazia se sentir segura, e forte. - Não é de ninguém. - Ele pareceu resignado de repente. - Me desculpe..
-Desculpe?
Perguntou Bia.
-É, por não ter te ouvido antes. Você tinha razão, eu não devia ter saído com a Callie...
Eles haviam passado por tanta coisa depois disso, que parecia que acontecera a mais tempo do que realmente acontecera.
-Eu é que não devia ter falado aquilo,
Disse Bia corando.
-Tudo bem, Você estava certa.
Disse Lucas suavemente e as palavras pareciam pairar sobre ela. Lucas não amava Callie, Bia se sentiu aliviada, não sabia se era por Lucas não amar Callie, ou pelo simples fato de estar de bem com ele de novo.
-O que aconteceu no encontro?
-Eu disse a ela a verdade. - Ele riu levemente. - Minha vida virou de ponta a cabeça em tão pouco tempo...
-Nem me fala. Descobrir que é uma... Latente.
-Pelo menos você não está sozinha.
Lucas entrelaçou a mão na dela, Bia sentiu um formigamento percorrer o seu corpo.
Eles ficaram conversando durante quase toda a noite, antes de vencidos pelo cansaço, irem cada um para seu quarto dormir.

As latentesOnde histórias criam vida. Descubra agora