sonhei com você

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-O Chrys como está?
Perguntou Jonathan a Tamires sentando-se a mesa, ele e Wendel não trocaram uma palavra desde da briga no dia anterior. Lucas estava a frente de Bia na mesa, aparentemente estava bem, mas ela sabia que continuava preocupado com Chrys.
-Consegui que ele comesse um pouco de sopa mais cedo, mas continua com febre.
Respondeu Tamires.
O resto do jantar foi tranquilo, Lucas conversou trivialidades com Wendel e até Bia entrou um pouco na conversa, Wendel estava contando uma história divertida de quando ele morava na Bulgária, Jonathan comia em silêncio, mas Bia não pode deixar de notar os olhares que ele e Dani trocavam a cada vez que ela aparecia na sala.
Depois do jantar Bia foi se deitar tinha sido um longo dia, o treinamento com o Lucas a tinha esgotado, e ela ainda não tinha ido até o quarto do Chrys desde que ele ficara doente, pensou nisso durante quase todo o dia, mas lembrava deles na biblioteca, era como se ele a quisesse longe, ela respeitaria isso.
Bia acordou no meio da noite assustada, seus batimentos estavam acelerados, mas ela não se lembrava o que estivera sonhando, ela olhou no celular, eram pouco mais das duas da manhã, o recinto estava em silêncio, deviam estar todos dormindo. Devagar foi até a cozinha beber algo.
A casa estava escura e silenciosa, ela andou devagar até a cozinha, abriu a geladeira e estava decidindo entre beber um copo de suco de laranja ou um pouco de leite quente.
-Também sem sono? - Bia estremeceu com o susto. Virando -se para encarar quem a assustou, era Lucas. -Desculpa, não quis assustar.
-Não.. Tudo bem.
Lucas sorriu de leve, deixando covinhas rasas á mostra, Bia não havia reparado isso nele antes.
-Então... Por que não está dormindo? Devia descansar para o treino de amanhã.
-Sonhos ruins..
Ela deu de ombros, tinha decidido esquentar um pouco de leite e estava enchendo o seu copo, Lucas estava do outro lado da bancada a observando.
-O que sonhou?
Perguntou ele.
-Ah... Eu não lembro... - Disse Bia embora a afirmação parecesse estranha, ela sentou-se no balcão e soprou o leite quente na sua xícara. - E você? Por que esta acordado?
-Só insônia mesmo.
Bia o fitou nos olhos, seus olhos eram verdes claros, algo no jeito que ele há olhava fez um calor percorrer seu corpo.
-Acho que vou me deitar.
Anunciou Lucas se levantando.
-Lucas!
Ele virou-se para ela lentamente.
-Oi?
-Desculpe por como eu reagi na biblioteca eu não quis-
-Tudo bem Beatriz, vamos só... Esquecer isso, OK?
-Eu só quero que saiba que não odeio estar ligada a você, só que... É tudo muito estranho para mim... Eu...
-Você gostaria que fosse o Chrys?
Bia arregalou os olhos em surpresa e sentiu uma fisgada nas costas.
-Eu não disse isso.
-E não precisa, eu entendo. Vocês começaram algo, e agora que descobriu que está ligada a mim está vendo as coisas desandarem...
Ele inspirou fundo.
-Lucas ser ligada a você não vai mudar o que sentimos, podemos lidar com isso.
Lucas riu, uma risada seca desprovida de humor.
-Boa noite Beatriz.
Disse ele seguindo para seu quarto, Bia estava começando a se irritar com o hábito das pessoas simplesmente a deixarem só no meio de uma discussão, Por que ele tinha sorrido? Ela tinha a estranha sensação de que ele sabia algo que ela não sabia.
Depois de terminar seu leite Bia decidiu voltar para seu quarto, tentaria dormir.
Enquanto caminhava pelo corredor a luz do quarto do Chrys alcançou seus olhos, a porta estava entreaberta, Bia sabia que devia ir para o seu quarto, mas suas pernas pareciam ter vontade própria.
Chrys estava sentado na cama folheando um livro, parecia um lunático, passando os olhos pelas palavras enquando sussurrava palavras que para Bia não tinham sentido algum.
-Chrys? - Perguntou com receio ela, mas ele a ignorou totalmente. - Chrys?
Chamou de novo mais alto dessa vez como não houve resposta foi até ele e sacudiu seu ombro de leve, Dessa vez ele olhou pra ela com surpresa ela notou que ele estava em lágrimas.
-Ela nunca... Como eu...
Ele parecia engasgado nas próprias palavras. De repente um soluço atravessou o corpo dele e Bia sentou-se a beira da cama para abraça-lo.
-Chrys.. Tá tudo bem, estou aqui.
Sussurrava Bia para ele, não sabia se ele estava ouvindo, mas não fazia diferença.
Bia sentiu o corpo dele enrijecer sobre seu abraço antes dele se afastar.
-Bia?
Ele disse enquanto se levantava da cama, e a conexão que os unia a instantes atrás parecia se romper.
-Você está bem?
Ele olhou para ela e então levou as mãos ao rosto enxugando suas lágrimas, ele olhou para as próprias mãos e parecia confuso, como se não soubesse de onde vinham as lágrimas. Ele pode ter alucinações, lembrou ela.
-O que aconteceu?
Perguntou ele, parecia levemente mais sã.
-Só vi a porta aberta e entrei...
-Bia...
Ele andou até ela e tocou de leve sua bochecha, Bia se assustou um pouco com as mãos quentes dele, estava fervendo de febre, ela colocou a mão sobre a dele.
-Você está fervendo, Chrys. Devia descansar.
-Devia.
Disse se aproximando.
-O que está fazendo?
-Vou beijar a garota pela qual estou apaixonado.
Disse e com isso correu uma das mãos quentes pela cintura dela enquando a puxava para sí seus lábios se tocaram como nunca tinha acontecido antes, a cada movimento, ela estava mais entre seus braços, seus lábios se tocavam com aquele mesmo toque firme e suave de antes, Bia se envolveu totalmente naquele beijo e antes que notasse estava deitada na cama com ele, seus corpos entrelaçados, Chrys passava a mão pelo corpo dela por cima da sua camisola fina de seda, enquanto ela adentrava os dedos em seus cabelos sedosos e corria a mão sobre seus braços fortes, Chrys desgrudou os lábios do dela e então foi descendo em uma linha de beijos que seguia por sua clavícula, agora Bia estava tão quente quando ele, ele deslizou a alça da camisola dela, antes do som de um grito de dor percorrer a casa. Chrys encarou Bia, ambos estavam ofegantes.
-O que foi isso?
Perguntou Bia.
-Não faço ideia.
Respondeu Chrys levantando-se abruptamente e sentou-se na cama sentindo-se envergonhada abruptamente, ela levantou-se.
-Chrys, você est-
Sua fala foi interrompida pelo som de Chrys caindo sobre os colchões inconsciente.
-Chrys!
Chamou Bia sacudindo-o. Nada. Bia saiu do quarto estava fechando a porta quando esbarrou com Dani no corredor quase a fazendo derrubar uma bandeja de chá, o mesmo chá que Tamires a fazia beber antes dos treinamentos.
-Beatriz?
Beatriz olhou para Dani e sentiu seu rosto corar, Dani fingiu não perceber.
-O que houve?
Perguntou Bia.
-Lucas gritou, acho que foi um pesadelo...
-Mas ele tá bem?
-Está sim, estou levando isso para ele agora.
-Ah sim. - Disse Bia abrindo espaço para ela passar pelo corredor. -Desculpe.
-Tudo bem.
Respondeu Dani seguindo pelo corredor.
Bia entrou no seu quarto e colocou um sobretudo sobre sua camisola antes de se dirigir ao quarto de Lucas, precisava achar Wendel.
-Pela milésima vez, estou bem.
Ouviu a voz de Lucas ao se aproximar do quarto.
Lucas estava sentado na cama, de costas para ele e Wendel estava a sua frente, segurando seu rosto com as pontas dos dedos enquando olhava para ele como se fosse um médico avaliando um paciente.
-O que aconteceu Lucas?
Perguntou Jonathan que estava em um canto da sala, parecia irritado e com sono.
-Nada, só tive um sonho ruim...
Ao dizer isso Bia viu as costas dele se retrair como se a lembrança do sonho causasse algum tipo de dor.
-Lucas, o que você sonhou?
Perguntou Bia, Lucas se assustou um pouco com a voz de Bia, não tinha consciência da presença dela ali até aquele momento.
Lucas virou-se para ela na cama, o olhar dele era frio, não parecia irritado com ela, o olhar dele não continha nada além de um desprezo oculto.
-Não importa. - disse ficando de pé. -Quero que saiam do quarto, me deixem só.
Wendel olhou surpreso para ele antes de se virar para Jonathan, Dani e Tamires.
-Melhor irmos, ele vai ficar bem, mas precisa descansar.
Bia continuou no quarto enquanto os outros passavam por ela e saiam, deixando-a sozinha com Lucas.
-Ouviu o que eu disse? Ou tenho que repetir? Quero ficar sozinho.
Disse Lucas, e suas palavras estavam ásperas. Bia sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, mas não sabia exatamente por que a vontade de chorar, tinha algo de errado com Lucas.
Queria ficar, perguntar a ele o que tinha de errado, mas precisava procurar Wendel, e Lucas parecia mais distante do que nunca, em silêncio virou as costas e saiu, ouviu ele fechar a porta atrás dela.
Ela seguiu o corredor para a biblioteca, tinha a impressão que encontraria Wendel lá, e estava certa, ele estava sentado em uma das poltronas com um livro de capa azul escura na mão, uma expressão seria.
-Fala Beatriz.
Disse ele sem olhar para ela.
-É o Chrys...
Wendel fechou o livro e a encarou com as sobrancelhas erguidas.
-O que houve?
Bia se lembrou dos momentos com ele e corou.
-Estávamos conversando e ele desmaiou...
-Conversando? Do que falavam?
Bia arregalou os olhos, por um momento achou que o Wendel estivesse brincando com ela, mas ele estava sério.
Ela abriu a boca para falar, mas então a fechou de novo, não fazia ideia do que dizer.
-Ele estava alucinando Beatriz, as alucinações tende a aparecer de formas estranhas... As pessoas falam e fazem coisas que jamais fariam sã, por mais conscientes que pareçam.
-Ele vai se lembrar do que conversamos quando melhorar?
-Acho que não.
Respondeu e a conversa pareceu ser encerrada. Ele não lembraria, pensou Bia. Ela não sabia ao certo se achava isso uma coisa boa ou ruim.
Sem se despedir de Wendel Bia foi para a cama, aquele noite dormiu um sono pesado, sem sonhos.

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