Enquanto ia pra escola Bia pensava que esse novo ano seria diferente, ela não seria mais a garota estranha e assustada de antes, era uma nova escola e a chance de ser uma pessoa diferente, ela enfrentaria seus próprios monstros.
A escola era a algumas quadras da sua casa, caminho que ela fazia a pé, pois gostava de caminhar.
-Beatriz!
Gritou seu amigo Lucas que acabara de virar a esquina. Beatriz esperou Lucas, e eles se cumprimentaram com um abraço caloroso.
-Você por aqui? Não devia está no trabalho?
-Minha folga, estou indo até a capela, é dia de confissão.
-Ah sim.
-Sobre sábado, ainda está de pé? O Chrys tá ansioso pra te conhecer.
-Você não tem jeito né?
Bia deu uma cotovelada de leve no Lucas e ambos sorriram.
-Claro que não! Você precisa conhecer pessoas novas!
-Tá, estarei lá! Espero que ele seja bonito!
-Você verá! Vou curvar aqui, até mais Beatriz.
-Até sábado!
Era o primeiro dia nessa escola. Bia foi transferida no meio do trimestre, seria estranho não conhecer ninguém, mas ela estava decidida a fazer novos amigos.
Bia atravessou um grande corredor de paredes vermelhas e armários azuis para chegar a sua sala.
Assim que chegou a sua sala sentou na última cadeira, e pegou um livro pra ler.
-Ei!
ergueu a cabeça olhos simpáticos e castanhos olhavam pra ela.
-Oie?? É..?
-Esse é meu lugar..
Disse o garoto meio constrangido..
-Ah.. Desculpa, eu não..
-Tudo bem. A cadeira do lado está vazia.
-Ah, obrigada...?
-Héd.
-Obrigada, Héd.
Bia sorriu.
O restante da aula foi tranquilo, ela e Héd conversaram muito, ele contou para ela dos seus irmãos e que era um cético, pois não acreditava em espiritualidade ou qualquer outra crença, e ele até chamou ela pra ficar com ele e os amigos no intervalo, todos foram bem legais com ela, e no final da aula ela já se sentia parte da turminha deles.
O sábado chegou rapidamente e Bia até começou gostar da ideia de conhecer alguém novo. Eles todos iam pra pizzaria, Lucas sua namorada Callie, Bia e o Chrys.
Bia começou a se arrumar, na troca de roupa notou algo estranho, uma marca que não estava ali antes, ou se estava não notou, no ombro esquerdo, um pouco abaixo da clavícula, o número onze, como uma cicatriz.
Ela ficou em estado de pavor, sua mente estava levemente turva, uma marca não surge assim do nada, talvez fosse a falta de medicação. A voz do seu médico Dr.Connard entoava em seus pensamentos "sintomas positivos", ela desceu as escadas correndo e tomou um calmante na cozinha, decidiu não contar pra ninguém, eles achariam que ela estava louca, e ela não queria estragar sua noite, subiu novamente para seu quarto e se arrumou, e como estava adiantada decidiu esperar um pouco. Enquanto esperava, olhava a estranha marca, de pé em frente ao espelho.
-Gostou?
Perguntou uma voz suave e rouca atrás dela.
Bia virou assustada para se deparar com um homem alto, de corpo esbelto e uma beleza extraordinária, de terno branco de linho nobre, aparentemente muito elegante.
-Você não é real.. -sussurrou ela -Você não é real..
-É claro que sou.
-E Quem é Você?
Bia tentava agir o mais calma possível, aquilo era só fruto da sua imaginação.
-Eu sou um anjo.
Disse o belo rapaz e sorriu, com seus dentes perfeitos e incrivelmente brancos.
-O-que? Anjo?
-Um anjo caído. O primeiro, pra ser mais claro.
-Você é Lúcifer??
Perguntou Bia sentindo que a qualquer momento teria um surto.
-Você é lenta.. -disse ele revirando os olhos - Gostou da minha obra de arte?
Perguntou ele gesticulando com a mão em direção a marca no ombro de Beatriz.
-Essa marca? Você fez isso? Porque? O que você quer?
- O que eu quero? -repetiu a pergunta de forma maliciosa -A resposta é meio ampla..
Ele sorriu.
-O que quer de mim?
-Ah.. Essa era a pegunta certa. -ele ajeitou a postura e continuou -Bom, no começo tudo era paz, até o meu pai criar os seres humanos, o que me causou certo... Desconforto, então eu...
- Você foi expulso do céu, conheço a historia da sua queda, todos conhecem.
-É.. Mas o que vocês não sabem é que milhares de anos depois disso, quando meus filhos tinham total influência sobre vocês, brinquedinhos do pai, ele resolveu criar latentes, dez pra ser exato..
-O que são.. Latentes?
-São humanos. -ele deu de ombros - Idiotas que herdaram poderes, dons especias diferentes de todas as outras capacidades. Dons que podem se expandir, dons que tais humanos foram designados a usar contra meus filhos! - Ele pôs a mão no peito de forma teatral- que inconveniente!
-Seus filhos? Os...Demônios?
-Meus maiores orgulhos!
Respondeu ele sorrindo de forma sínica.
-O que isso tem haver comigo?
-Tudo queridinha, você é a décima primeira latente!
-Décima primeira?? Mas... Deus não criou dez?
A cada informação que recebia Bia ficava com mais medo da sua estranha alucinação.
-Nunca disse que a ultima havia sido criada por Deus.
Responde ele sorrindo diabolicamente
-Como assim?
-Eu criei a décima primeira latente, parte dela na verdade.
-Então.. Você me criou??
-Não exatamente. O que eu fiz foi criar o poder que coloquei em você, assim que nasceu.
-Você disse que só criou parte da latente.. Como assim?
-A última latente é uma conjunção de poderes de origem... Distintas. Existe outra parte, a parte boa, com poderes de origem mais... Celestial.
Ironizou Lúcifer.
-Então.. Eu sou mal?
Ele gargalhou, um som que arrepiou toda a pele de Bia.
-É claro que é, você foi criada com o único proposito de me servir. Considere isso um trabalho. -ele deu de ombros -Você é a empregada, e eu o seu chefe.
-Não! Eu não sou sua... Empregada -Bia cuspiu as palavras -Me deixe em paz!
De repente ele apareceu a pouco centímetros dela, tão perto que seu odor fedido era perceptível, apesar da boa aparência.
-Você é minha minha! - Sussurou ele, e Bia viu seus olhos azuis se acenderem em um vermelho, era como se eles estivessem em chamas - O mal já está em você.
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As latentes
FantasyO que faria se descobrisse que é destinada por forças maiores a ficar com alguém, mas está apaixonada pelo melhor amigo desta mesma pessoa?? Beatriz tem sua vida virada ao avesso quando descobre que é uma de dez latentes, pessoas com dons únicos...